segunda-feira, 30 de abril de 2012

2012: o Ano da Energia Sustentável

As Nações Unidas elegeu 2012 o Ano da Energia Sustentável Para Todos. No Brasil, a bola da vez é a energia eólica, que desde 2010 vem ampliando seu peso na matriz energética graças em boa parte ao investimento de grupos estrangeiros que aportaram no país após a crise na Europa e nos EUA. A meta do Governo Federal é mais do que duplicar a participação desse tipo de fonte dos atuais 1,1% para 2,3% até o fim do ano. Parece pouco, mas é um grande avanço pela rapidez da evolução. A energia eólica começou a ser utilizada no país em 2004, e a perspectiva do Ministério de Minas e Energia é que até 2020 ela responda por 6,7% do total produzido.

Para o engenheiro mecânico Everaldo Feitosa, vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica e presidente da Eólica Tecnologia, a perspectiva do governo ainda é tímida. Ele acredita que até 2020, a energia eólica possa representar 10% da matriz: “A energia eólica é hoje a fonte mais barata no Brasil. Não tem sentido a contratação de outra mais cara, o que geraria ônus para a população, por isso a tendência é a contratação desse tipo de fonte limpa”.

Feitosa ressalta que uma conjunção de fatores naturais e econômicos tem estimulado o crescimento da participação da energia eólica no Brasil. O país, lembra ele, tem excelentes jazidas de vento e complementaridade entre o regime de vento e de água: os meses de secas nos rios são os que têm os melhores ventos. “Esses dois fatores são presentes divinos que nós tivemos”, ressalta.

As jazidas de vento, de acordo com Feitosa, estão concentradas basicamente em cerca de 70% nos estados do Nordeste e 30% no Sul. Mas, como o sistema brasileiro é integrado, uma central eólica contribui para a geração de energia para todo o país. A chefe do Laboratório de Energia Eólica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Mila Avelino, explica que a implantação dos parques eólicos apresenta vantagens com relação à distribuição de energia: “A região costeira, além da vantagem de estar mais próxima dos centros de consumo e dos fornecedores de equipamentos, é favorecida, em termos de logística de distribuição de energia, pela infraestrutura disponível”.

Além da contribuição da natureza, a economia também deu uma força para que o Brasil passasse a investir mais na energia eólica: câmbio favorável, incentivos fiscais e a crise internacional foram fatores que ajudaram a estimular o mercado de energias renováveis, que há dez anos buscava decolar no país.

“Todo mundo falava que energia eólica era cara. Com a crise financeira no exterior, os custos de equipamentos diminuíram muito, principalmente o de turbinas eólicas. Assim, foi possível fazer com que a energia eólica competisse com todas as outras matrizes em termos de custo de geração de energia. E sem qualquer subsídio. Até mesmo em nível mundial, o preço da energia eólica no Brasil é o menor do planeta: cerca de R$ 100 por megawatts/hora (MWh)”, ressalta Feitosa.

Atualmente, existem cerca de 5.300 MW (megawatts) em projetos eólicos autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mila acredita que a instalação, nos próximos anos, de cerca de 7 GW (gigawatts) de potência nova já contratada, aumente ainda mais o interesse de fabricantes e representantes de empresas estrangeiras especializadas em energia eólica em investir no Brasil: “Em uma década, temos potencial para virmos a ser o principal mercado de energia eólica da América Latina, com cerca de 30 GW de capacidade instalada”.

No início do mês, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 389 milhões para a construção de cinco parques eólicos na região Nordeste: quatro no Rio Grande do Norte e um na Bahia. Os projetos foram vencedores do Leilão de Fontes Alternativas de 2010 e integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo o BNDES, os investimentos do país em energia eólica atingiram, no ano passado, R$ 5,1 bilhões, sendo R$ 3,4 bilhões de financiamentos do banco.

A exigência do BNDES, para aprovar um financiamento, de que 60% dos materiais sejam fabricados no Brasil forçou empresas estrangeiras fabricantes de turbinas eólicas a instalarem indústrias no país, o que têm promovido também um desenvolvimento industrial e tecnológico.

“Os países que mais fazem promoção de energia limpa são os mais poluentes. Na Alemanha, por exemplo, 60% da matriz é carvão, já na Espanha 65% são combustíveis fosseis. Existiu na ultima década muita propaganda, mas todos têm uma matriz muito suja. O único país altamente limpo era, foi e será o Brasil”, aposta Feitosa.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.

Do esgoto, fez-se a luz

Pesquisadores norte-americanos apresentam equipamento capaz de tratar o resíduo e, ao mesmo tempo, gerar energia elétrica. Miniestação desenvolvida pela Unesp trata o esgoto e o aproveita para fazer biogás.

No Brasil, cerca de metade dos municípios possui coleta de esgoto, embora apenas 30% tenham estações que tratem esses dejetos antes de despejá-los na natureza. Tratar esse material orgânico é necessário para não poluir rios e mares, bem como evitar a proliferação de doenças infecciosas e transmitidas por parasitas. Agora, imagine o benefício que traria um equipamento que, além de tratar esse resíduo, ainda o utilizasse como fonte de produção energética. Pois essa máquina já existe.

Pesquisadores do Instituto J. Craig Venter, nos Estados Unidos, passaram 10 anos trabalhando no projeto que levou à criação desse dispositivo, apresentado no congresso da American Chemical Society (ACS). Com o tamanho de uma máquina doméstica de lavar roupas, o aparelho usa as bactérias que se desenvolvem em meio à matéria orgânica dos dejetos para fazer biomassa, combustível utilizado para gerar energia elétrica. "Nosso protótipo consegue processar cinco vezes mais resíduos urbanos do que os que tínhamos feito antes. Podemos trabalhar com 380l de dejetos por semana", anunciou, em videoconferência, a professora assistente de eletromicrobiologia do instituto e líder da pesquisa, Orianna Bretschger.

No total, 13% desse combustível feito a partir dos resíduos que passam pelos encanamentos das cidades se tornam energia. Pode não parecer muita coisa, mas Bretschger citou exemplos de como isso já traz, sim, impactos positivos para a sociedade. "Nossos testes foram feitos na estação de tratamento de esgoto de San Diego [na Califórnia]. Se implantássemos o dispositivo definitivamente no local, conseguiríamos ter eletricidade para abastecer 125 mil moradias a cada ano", calculou. A equipe da especialista, no entanto, quer ainda mais: pretende construir um aparelho maior, com eficiência de converter 25% do material em energia elétrica, o que tornaria a usina de tratamento autossuficiente em termos energéticos e ainda beneficiaria a comunidade local.

Outro ponto positivo está na questão do esgoto em si, já que, ao ser tratado simultaneamente à produção de combustível, 97% da matéria orgânica é removida. Não chega a fazer com que a água se torne potável, mas permite que o líquido seja utilizado em descargas de banheiro e o torna menos danoso ao meio ambiente.

Ideias como essa seriam muito bem-vindas no Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Tanto que a Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da companhia vai publicar, até o fim deste mês, uma chamada de projetos sobre o tema. "Isso criará incentivos para os agentes do setor elétrico investirem no aproveitamento de resíduos sólidos e líquidos para geração de eletricidade, que pode ser injetada na rede de distribuição para compensar a energia consumida em prédios e serviços públicos e, caso sobre energia, comercializada por agentes do setor", explicou, por nota, a superintendência do órgão, destacando que a iniciativa do Instituto J. Craig Venter poderia ser aplicada nas redes de coleta de esgoto nacionais. "Desse modo, o tratamento e a destinação de resíduos deixam de ser uma despesa e passam a gerar receitas. Isso é um excelente sinal econômico para as prefeituras construírem estações de tratamento pelo País."

Clima favorável
De acordo com Fabio Stacke, especialista em regulação da Aneel, as condições climáticas interferem muito quando se faz tratamento de resíduos. "O Brasil tem excelente potencial com essas medidas porque faz calor, tendo a temperatura ideal para a proliferação de bactérias que vão decompor o material orgânico", afirmou. Essa é a razão pela qual projetos nesse sentido podem ser ainda mais bem-sucedidos no País do que em nações como os Estados Unidos e a Alemanha, que já têm grandes trabalhos no setor, mas sofrem com o frio no inverno.

Inicialmente, os cientistas que trabalham com Orianna Bretschger pretendem apenas tornar seu dispositivo mais viável comercialmente, para ser usado em comunidades pequenas e com poucos recursos financeiros. "Acredito que ele estará no mercado nos próximos 15 ou 20 anos. Conseguimos retirar nossa experiência do laboratório e transpô-la para a vida real há pouco tempo. Então, só agora nosso foco é melhorar a tecnologia para que o aparelho seja competitivo em termos de venda", explicou a cientista.

Invenção nacional
Embora não seja tão pequena quanto a norte-americana, há uma máquina que trata o esgoto e o aproveita para fazer biogás desenvolvida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). A miniestação de tratamento de esgoto (mini-ETE), implantada no campus de Guaratinguetá da universidade, foi desenvolvida por professores do Laboratório de Otimização de Sistemas Energéticos, coordenados pelo professor e engenheiro mecânico José Luz Silveira. "Nossa miniestação funciona há cerca de cinco anos. Tem capacidade de coletar até 70m³ de esgoto diariamente, produzindo 24m³ de biogás. Com essa energia, é possível manter funcionando um motor de 3,3kW de potência [como os existentes em motosserras]", descreveu Silveira. O processo de produção de energia e de eliminação dos resíduos orgânicos é parecido com os do dispositivo feito no Instituto J. Craig Venter.

"Ter uma máquina dessas agrega valor ao tratamento de esgoto, que por si só proporciona, a baixo custo, o saneamento básico para comunidades isoladas. Esse valor agregado é obtido pela redução de metano na atmosfera, feita quando se usa o biogás para gerar energia elétrica", descreveu o professor. Essa eletricidade produzida, de acordo com Silveira, garante a autossuficiência da própria mini-ETE e pode ser utilizada na iluminação pública.

Outro aspecto positivo de sua criação é que o biofertilizante - desenvolvido a partir da matéria orgânica parcialmente consumida pelas bactérias - pode ser aproveitado como adubo tanto em hortas familiares quanto em pequenas áreas agrícolas. Além disso, essas mesmas regiões de agricultura podem ser irrigadas com o líquido purificado.

Notícia retirada do Jornal da Ciência.

Economia verde, sem pobreza, artigo de Antonio de Aguiar Patriota

Em junho, o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20.

O momento é oportuno: são claros os sinais de que os modelos de desenvolvimento vigentes devem ser reformulados. Países, sem distinção de grau de riqueza, enfrentam graves crises econômico-financeiras, a desigualdade social, a fome, o desemprego, a perda da biodiversidade e a mudança do clima. Essas múltiplas crises apontam a atualidade e urgência da implementação de modelos de desenvolvimento sustentável, ou seja, de projetos nacionais que contemplem, de forma equilibrada e integrada, o crescimento econômico, a inclusão social e a proteção ambiental.

A Rio+20 é a oportunidade para que esse debate ocorra no mais alto nível. A Conferência será fundamentalmente diferente de sua antecessora, a Rio-92. A Cúpula realizada há 20 anos representou a finalização de longos processos de negociação, culminando na assinatura de importantes documentos e convenções. A Rio+20, por sua vez, olha para o futuro, construindo uma nova agenda para o desenvolvimento sustentável. Se a Rio-92 representou um ponto de chegada, a Rio+20 pode ser vista como um ponto de partida.

Uma das prioridades do Brasil na Rio+20 é a discussão da erradicação da pobreza e do fortalecimento de fluxos financeiros e tecnológicos para a implementação dos compromissos de desenvolvimento sustentável, que exigem significativos recursos públicos, privados e políticos.

A agenda da Rio+20 se organiza em torno de dois grandes temas. O primeiro é a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza. Sobre esse tema, vem-se observando acordo geral entre os países sobre alguns aspectos: não existe um modelo único de economia verde; e não se pode considerar a economia verde sem relacioná-la à erradicação da pobreza - ou seja, a objetivos de inclusão social.

Cada país formulará sua própria concepção de economia verde, de acordo com sua realidade nacional, os recursos de que dispõe e seus desafios de desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, estará baseada no amplo uso de energias renováveis, no efetivo combate ao desmatamento, na elevação dos níveis de renda de milhões de brasileiros. A adoção de padrões únicos de economia verde a todos os países poderia gerar distorções, tais como a criação de barreiras comerciais, o que aprofundaria disparidades entre os países, agravando problemas sociais, sobretudo nos países em desenvolvimento.

O segundo tema é a governança para o desenvolvimento sustentável. Em outras palavras, trata-se de adequar as estruturas do sistema ONU de forma a fortalecer o multilateralismo, reduzir o déficit democrático e proporcionar maior integração entre as dimensões social, econômica e ambiental do desenvolvimento sustentável.

A Rio+20 poderá prestar contribuição decisiva ao enfrentamento do aquecimento global, pois o desenvolvimento sustentável é a melhor resposta aos desafios associados à mudança do clima. O Brasil teve papel-chave na recente Conferência de Durban, contribuindo, por meio de sua liderança e propostas, para resultados positivos. Graças a Durban, estão dadas as condições para um intercâmbio construtivo sobre aquecimento global na Rio+20, com impacto potencialmente relevante em favor do fortalecimento do regime internacional. Isso, claro, sem pretender duplicar as negociações intergovernamentais, cujo espaço legítimo é a Convenção Quadro de Mudança do Clima das Nações Unidas.

O mundo olha para o Brasil, anfitrião da Rio+20, com expectativa de liderança. Dispomos de credenciais sólidas para isso, como nação que se encontra na vanguarda das energias limpas e renováveis e também das políticas de crescimento econômico inclusivo. O Brasil demonstra que é possível crescer e incluir, proteger e conservar.

Como disse em janeiro a presidente Dilma Rousseff, no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, queremos que, a partir da Rio+20, a palavra "desenvolvimento" apareça sempre associada ao adjetivo "sustentável".

Antonio de Aguiar Patriota é ministro das Relações Exteriores. Artigo publicado no jornal O Globo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Energia solar ajuda a manter cultivo de uvas no deserto do Atacama

Imagem: BBC
Uma parceria entre uma das maiores produtoras de frutas frescas do Chile e uma companhia de energia renovável alemã resultou no uso de energia solar para irrigar parreiras no deserto do Atacama, um das regiões mais secas do planeta.

Instalados no Vale de Copiapó, painéis capturam energia solar e ajudam no cultivo das uvas

"Queríamos aproveitar a oportunidade que o deserto de Atacama oferece", afirmou José Miguel Fernandez, da companhia produtora de frutas Subsole, enquanto caminhava entre os painéis solares.

"Este projeto está de acordo com nosso compromisso com o ambiente para as gerações futuras e é uma forma de fazer com que outros produtores de frutas nos sigam", disse.

Os painéis para capturar a energia solar estão instalados no Vale de Copiapó, em uma área pequena que parece perdida em meio às colinas e montanhas do Atacama.

A região é um oásis verde no deserto e as parreiras da Subsole são cultivadas graças às reservas subterrâneas de água.

As bombas de água do sistema de irrigação dessas plantações é movida por eletricidade gerada pelos painéis solares, que se aproveitam da fartura de luz existente na região norte do Chile.

O Atacama é considerado o deserto mais seco da Terra, com os mais altos níveis de luz solar do mundo. As nuvens aparecem apenas cerca de 30 dias por ano e área para instalação dos painéis não falta.

No entanto, painéis para captação de energia solar não são comuns na região.

Capacidade
A capacidade de geração de energia é de apenas 300 kWp (kilowatt-pico) - o bastante para gerar energia para um prédio de 20 andares. Mas, Roberto Jordan, da subsidiária chilena da companhia de energia renovável alemã Kraftwerk, afirma que eles são os primeiros a trabalhar com uma instalação de tamanho industrial em todo o deserto do Atacama.

Para Jordan, o deserto é capaz de produzir muito mais energia.

"Há sol o bastante, há terra o bastante, então devemos mesmo explorar mais", disse.

Protestos
Apesar de todo o potencial do Atacama, apenas 4% da energia elétrica consumida pelo Chile vem de fontes renováveis, tais como a energia solar, geotermal, eólica e das ondas do mar.

Combustíveis fósseis importados, por sua vez, são usados em 60% da produção de energia elétrica do país. O restante é suprido por usinas hidrelétricas.

O anúncio feito pelo governo no ano passado de que cinco novas usinas hidrelétricas seriam construídas na região da Patagônia deflagrou uma onda de protestos.

Projetos como esse, segundo o governo, são cruciais para suprir a crescente necessidade de energia do Chile. A demanda no país deve dobrar nos próximos anos devido ao boom da mineração chilena.

Contudo, aos poucos o governo tem prestado mais atenção em energias renováveis.

"Nós precisamos dobrar nossa capacidade de suprimento de energia elétrica nos próximos 10 anos", afirmou Gabriel Rodriguez, da chancelaria chilena.

"Nós dependemos muito da energia hidrelétrica, que é problemática por causa do impacto ambiental. Carvão, gás e petróleo nós temos que importar. Por isso é essencial investir na energia renovável", disse.

Após tomar posse em 2010, o presidente Sebastian Piñera delineou um plano para que até 2020 ao menos 20% da energia usada no país venha de fontes renováveis.

A opção mais atrativa no campo da energia renovável, tanto para o Estado quanto para a iniciativa privada, é a energia solar - principalmente devido à queda nos custos da tecnologia usada pelo setor.

Segundo a Kraftwerk, o preço dos painéis solares caíram cerca de 30% em 2011 e devem sofrer redução ainda maior neste ano.

Mas, a migração dos combustíveis fósseis para a energia limpa pode ser complicada: a Subsole, por exemplo, teve que conseguir financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)

"Emprestamos US$ 32 milhões (R$ 58 milhões) porque o projeto é muito importante. O governo está querendo mudar a matriz energética criando fontes alternativas de energia. Queremos participar disso", disse Maria Urriba, representante do BID no país.

Mineradoras
Segundo Urriba, o governo chileno deve investir no setor da energia renovável principalmente para suprir a necessidade das empresas mineradoras instaladas no Atacama.

A extração de cobre na região é responsável por 70% das exportações do Chile e as mineradoras consomem aproximadamente metade da energia produzida no país.

"O deserto do Atacama tem condições perfeitas para aproveitar a energia solar", disse Urriba.

A mineradora estatal Codelco está construindo em parceria com a empresa espanhola Solapark uma planta de energia solar próxima à cidade de Calama.

Uma vez em funcionamento, a usina fornecerá 1 megawatt de energia para a maior mina de cobre do mundo, a Chuquicamata.

Ainda não é possível saber se o Chile alcançará sua ambiciosa meta de que a energia renovável represente 20% do consumo do país em 2020, mas certamente o país começa a perceber o potencial do Atacama.

Notícia retirada do Estadão.

Cientista brasileiro precisa de ajuda para gerar patente

O Brasil precisa aprender a fazer patentes. Esse foi o recado de Benoît Battistelli, presidente do EPO (Escritório Europeu de Patentes), na sua passagem pelo País durante o mês de abril.

O EPO, que reúne 38 países europeus e analisa patentes três vezes mais rápido que o Brasil, firmou uma parceria com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), para treinar brasileiros a escreverem os pedidos.

Hoje, só 20% das requisições que chegam ao INPI são concedidas. Isso acontece em parte por causa de textos com problemas ou de inovações não tão novas assim - como as já publicadas em artigos.

Confira a entrevista.

O EPO está firmando uma parceria com o Brasil para promover um "road-show" que ajudará os inventores brasileiros a escreverem patentes. Como surgiu essa ideia?
Benoît Battistelli - O número de pedidos de patentes de brasileiros no EPO dobrou nos últimos cinco anos. Na Europa, temos programas para orientar a patentear e estamos contentes em dividir isso com o Brasil.

Como está o cenário europeu em relação a pedidos de patentes?
Tivemos um crescimento de 4% dos pedidos de patentes no EPO no ano passado. As empresas europeias decidiram manter suas atividades em pesquisa e desenvolvimento e continuar fazendo requisições de patentes apesar da crise. Isso mostra um uso econômico importante para as patentes.

Mas depois da crise houve uma queda dos pedidos.
Tivemos uma queda em 2009 como um efeito direto da crise econômica. Mas em 2010 nós atingimos o nível de 2008 e agora temos 4% a mais. Isso é um bom sinal de que estamos aproveitando a crise para gerar inovação.

No Brasil, três das cinco instituições que mais têm pedidos de patentes são universidades: USP, Unicamp e UFMG. Fazer patentes é uma missão das universidades?
É uma missão das universidades e das empresas - e não só das grandes empresas ou altamente tecnológicas, mas também das pequenas. Em universidades americanas, as patentes são muito importantes e ajudam o desenvolvimento dos próprios laboratórios. Trata-se de uma ferramenta importante para instituições públicas ou privadas, grandes ou pequenas.

Mas patentes são importantes para as universidades a ponto de serem tidas como um indicador de qualidade? Rankings universitários dão pontos para as patentes.
Na maioria das metodologias de avaliação de ensino superior, a produção científica [artigos publicados pelos pesquisadores] vale muito mais do que a quantidade de patentes. Mas penso que isso deveria ser melhor balanceado. Hoje, os cientistas priorizam a publicação de artigos. Mas, se você publica uma descoberta, você perde o direito de pedir uma patente.

Europeus têm dificuldades para escrever patentes?
Há pessoas especializadas para ajudar os inventores a escrever suas patentes. No EPO, fazemos uma qualificação anual para essas pessoas, que são normalmente engenheiros altamente qualificados. Meu conselho é que as universidades tenham pessoas capacitadas a ajudar tanto na elaboração dos textos dos pedidos de patentes quanto na introdução da inovação no mercado.

Qual a visão do EPO em relação às empresas que tentam prolongar a duração de suas patentes?
O interesse de quem patenteia é ter uma patente pelo maior tempo possível. Mas nós, nos escritórios de patentes, representamos o interesse da sociedade. Nosso objetivo é limitar a patente para que ela represente um progresso técnico. Nós somos muito rigorosos no EPO: apenas 40% dos pedidos de patentes são concedidos. Quando concedemos a patente a uma pessoa ou companhia, damos um direito ao monopólio por um período, que é de até 20 anos, em um país ou região. Muitas empresas americanas preferem fazer o pedido no EPO do que no EUA [no chamado USPTO] porque sabem que a patente europeia será mais sólida.

Notícia retirada do Jornal da Ciência.

“Falta reconhecer que estamos numa crise de civilização”

A conferência internacional Rio+20, promovida pela ONU no Rio de Janeiro, vai reunir em junho chefes de estado, ativistas sociais e ambientais, pesquisadores e empresários para discutir como promover um desenvolvimento mais sustentável. É uma grande oportunidade. Mas que pode terminar diluída em documentos vagos. “Estamos diante de posições tímidas dos governos com relação à sociedade e ao ambiente natural, impondo questões temáticas que impedem de ver o todo”, afirma Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental e integrante Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Ele é um dos organizadores do seminário “Desconstruindo a crise civilizacional – um olhar sobre a Rio +20”, em São Paulo. Em entrevista, Bocuhy diz o que espera da Rio+20.
O que podemos esperar de concreto da Rio+20? Dela vai sair algum acordo ou tratado internacional ou está mais para documentos de intenções?
Carlos Bocuhy: O que se sinaliza é o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com a perspectiva de criação de uma agência global para o meio ambiente. Mas não há muitas expectativas com relação a isso. A crise econômica está lançando a área ambiental para uma grande maquiagem verde. Ninguém abre mão de favorecer a manutenção da frágil estabilidade econômica atual, não importa o desastre que isso represente no futuro. Vejamos a altíssima conta futura das consequências do aquecimento global. A perspectiva é que os Estados Unidos continuem a empurrar com a barriga este processo, como fizeram com o Protocolo de Kyoto. O respeito à soberania é a tonica das Nações Unidas, portanto temos sempre cartas de intenções. Veja o que o Brasil fez quando a Comissão de Direitos Humanos da OEA, por conta de Belo Monte, puxou sua orelha: ameaçou de deixar a OEA. Fazer o que? Quando não há ética, não há transformação possível, apenas um jogo de conveniências e aparências. Mudança de comportamento exige compromisso verdadeiro com postura e atitude, não apenas palavras.

Um dos principais objetivos da Rio+20 é debater os caminhos para uma economia verde. O que é essa economia verde? Ela é viável?
Bohuny: O que é a economia verde? Ela vai trabalhar escala de consumo? Não, propõe manter desenvolvimento com aspectos de inovação tecnológica e discurso de inclusão social. Como no Titanic estamos todos juntos, passageiros de primeira, segunda e terceira classe rumo ao iceberg. Há uma forte tendência inercial nos rumos atuais da economia e uma qualidade estática e dura revelada pelos limites do planeta. Reverter motores e girar o leme será o mínimo que a economia deveria fazer – e já é tarde: vamos todos entrar numa fria. Há fé na tecnologia, sem respeito aos limites do planeta, sem análise de riscos. A esperança no inafundável gerou falta de prevenção e atitudes corretivas que poderiam ter mudado os rumos daquele naufrágio.

O Brasil, como país anfitrião, oferece bons exemplos para discutir a economia verde?
Não. Só tem capital natural, mas não tem uma política para a sustentabilidade. A entrada tardia no processo de crescimento, de ocupação do espaço territorial, ainda permite manter uma razoável capacidade de suporte em regiões mais afastadas dos centros que detém forte ritmo econômico. São Paulo já rompeu há muito sua capacidade de suporte ambiental, seja para ecossistemas marinhos, manguesais e pela ocupação da orla, que lançará populações, aos milhares, como refugiados para áreas de proteção ambiental em função do aumento das marés pelo aquecimento global. A mancha urbana de São Paulo está se conurbando com as regiões metropolitanas do Vale do Paraíba e de Campinas. Prefeitos fecham os olhos para essa realidade e continuam a administrar dentro das surreais linhas administrativas, ilusórias, enquanto os ecossistemas naturais são drasticamente alterados de forma suicida. O interior transformou-se em mar de cana, como se a humanidade fosse alimentar-se de combustível. Criamos uma sociedade insensível para a ecologia e os ecossistemas e vivemos uma sociedade-ficção, com fixação em bens de consumo, uso abusivo do solo e de bens materiais. Discute-se agora a apropriação do território marinho, também sem estudos sobre capacidade de suporte dos ecossistemas. A humanidade fuma, bebe e come desenfreadamente, esquecendo-se dos limites naturais que permitem uma condição saudável de existência, ao longo do tempo. Não chegará aos 60.

E o Rio de Janeiro, a cidade sede, é um bom local para discutir economia sustentável?
O Rio é belíssimo por sua condição natural, geomorfológica, mas transformou-se em desastre urbano por falta de gestão territorial com inclusão social. Há também necessidade de uma cultura de paz para o Rio de Janeiro – e talvez a Rio + 20 possa trazer um pouco dessa perspectiva, que tem permeado os movimentos sociais de todo o planeta.

Onde você estava em 1992, durante a Rio 92?
Em 1992 eu estava profundamente envolvido com a perspectiva de processos de educação ambiental, formal e informal, que pudessem transformar os caminhos da sociedade. Na época, eu e minha mulher escrevíamos um programa de educação ambiental abrangente que visava mudança de comportamento. Idealizávamos uma verdadeira revisão antropológica do conhecimento humano com inserção de conteúdo ambiental nas diferentes disciplinas para formação de jovens. Tivemos forte reconhecimento público, das áreas técnicas e de profissionais de educação. Mas os programas de educação ambiental nas escolas passaram mais e mais a servir de apoio político a programas pontuais de governo. Se aquela geração tivesse sido criada para a consciência crítica, hoje teríamos um outro quadro de exigência social frente à administração pública e ao mercado.

Como você compara as duas conferências: a de 1992 e a de 2012?
Vamos falar das três? Estocolmo foi infância, Rio+0 foi adolescência e agora estamos na fase adulta. Porisso mesmo a enorme responsabilidade das tomadas de decisão, mas os governos estão vindo á conferencia com quimeras, sem perspectivas ou coragem para propor mudanças mais estruturais. Estamos entrando reconhecidamente no Antropoceno (nova era na idade da Terra que, segundo alguns cientistas, é dominada pelos efeitos da espécie humana) . A conjuntura é outra, completamente diversa do ponto de vista de reconhecimento do potencial de intervenção negativa do homem sobre o planeta. Assim, não podemos pensar em meias-medidas, mas sim em verdadeira generosidade, para o planeta e para a humanidade. É preciso esquecer esse uso nocivo da palavra sustentabilidade, que virou escova de dentes – cada um tem a sua. É preciso falar em sobrevivência da vida pela manutenção das condições naturais. Então, a primeira foi a conferencia do desenvolvimento, a segunda do desenvolvimento sustentável e esta, a terceira, deve ser a da sobrevivência.

O que falta à Rio+20?
O básico, o frugal. O conceito de sobrevivência, o reconhecimento do limite das alterações aceitáveis para manter a vida. Falta a mudança pela essência, não o recorte sobre o que já não funciona. Falta o reconhecimento de que estamos numa crise civilizacional.

Há risco de decepção com os resultados da Rio+20?
Os governos e a sociedade estão prestes a se acomodar nos botes salva-vidas. Estamos trabalhando com a perspectiva de pautar o pós-Rio+20 e para isso estamos provocando uma reflexão crítica com o seminário “Desconstruindo a Crise Civilizacional: um olhar sobre a Rio+20”. Estamos diante de posições tímidas dos governos com relação à sociedade e ao ambiente natural, impondo questões temáticas que impedem de ver o todo. Há retrocessos inimagináveis em curso, diante dos efeitos climáticos, que afetarão duramente as áreas de saúde e bem-estar social. Lá fora o devastador potencial da cadeia do petróleo e o acirramento de emissões para o aquecimento global – no Brasil, isso se consubstancia também nos retrocessos sociais e em perdas como a do Código Florestal. A sociedade ficará de fora na Rio +20, como Portinari ficou fora das Nações Unidas e não pode admirar no saguão da ONU seus painéis de Guerra e Paz. O Jet set internacional governamental e corporativo irá, de forma glamorosa e fotogênica, defender posições tímidas, de mais-do-mesmo. Neste palco da tragédia anunciada segmentos mais lúcidos ficarão no convés – e como a orquestra do Titanic, irão tocar até a última nota.

Notícia retirada da Revista Época.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ministra brasileira reage a críticas feitas à Rio+20

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, rebateu na última quinta-feira críticas feitas recentemente à conferência Rio+20. A reação da ministra ocorreu durante solenidade de abertura do evento "I Diálogo Federativo Rumo à Rio+20", no Palácio do Planalto. "Falar que não tem tema ambiental na conferência talvez sejam (críticas de) pessoas que não estão tão bem informadas sobre os assuntos", disparou Izabella Teixeira no discurso. Ela se recusou a falar com jornalistas após o evento.

Segundo Izabella, haverá debate sobre desenvolvimento sustentável nos dez temas do I Diálogo Federativo Rumo à Rio+20, incluindo pobreza, florestas, cidades sustentáveis, energia, fronteiras energéticas e água. "Tem a água, florestas, padrão de consumo sustentável, energia renovável, produção de alimentos, erradicação da pobreza. Meu Deus, isso não é meio ambiente? Então vocês me digam o que é meio ambiente. É impossível debater qualquer desses temas sem que a questão climática esteja passando por eles", disse a ministra.

Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, um grupo de ex-ministros do Meio Ambiente e especialistas na área apresentou quarta-feira, em São Paulo, o documento "Rio Mais ou Menos 20". Para ambientalistas e representantes da sociedade civil, a agenda da conferência está diluída, fraca e sem foco. Izabella argumentou que a Eco-92 foi uma "conferência de chegada". "Não podemos ficar numa pauta de 92, queremos olhar daqui para frente, acho que o Brasil tem de continuar esse caminho sobre a governança ambiental", defendeu a ministra.

Notícia retirada do Estadão.

Indústrias dos EUA mais intensivas em patentes contribuem com 5% do PIB

Um estudo divulgado neste mês pelo governo norte-americano mostra o impacto na economia dos Estados Unidos dos setores que mais produzem e se utilizam da propriedade intelectual (PI) — marcas, patentes e direitos autorais. O documento preparado pelo Departamento de Comércio dos EUA distingue 26 indústrias como as mais intensivas na produção e uso de patentes no período compreendido pelos anos fiscais de 2004 a 2008. No topo da lista estão: computadores e equipamentos periféricos; equipamentos de comunicação; semicondutores e outros componentes eletrônicos; outros produtos de computação e eletrônicos; e instrumentos de controle, navegação, medição e eletromédicos. 

Apesar de praticamente todas as indústrias do país trabalharem de alguma maneira com PI, o estudo identifica aquelas que mais dependem desse tipo de proteção em suas atividades em relação ao número de funcionários que atuam na indústria. Essa metodologia permitiu ponderar o peso da tecnologia considerando o tamanho da indústria, ou seja, as indústrias mais intensivas em patentes não são necessariamente aquelas com o maior número de patentes, mas aquelas com o maior volume de patentes por emprego.

Peso econômico
Essas indústrias relacionadas à produção e uso intensivos de patentes contribuíram com 5,3% do Produto Interno Bruto dos EUA em 2010, adicionando US$ 763 bilhões à economia naquele ano. Além disso, o setor foi responsável por 2,7% dos empregos diretos existentes no país. Em 2010, essas indústrias intensivas em patentes empregaram 3,891 milhões de pessoas; além dos empregos diretos, esse grupo gerou mais 3,252 milhões de empregos indiretos na sua cadeia, de acordo com o estudo.
O relatório mostra também que o salário médio dos profissionais envolvidos com as indústrias mais intensivas em patentes é 73% superior ao daqueles que trabalham em setores não intensivos em PI. Enquanto os trabalhadores da indústria intensiva em patentes ganham por semana US$ 1.407, os de setores não intensivos em PI ganham US$ 815. O relatório destaca que, em 1990, o adicional salarial dos profissionais que atuavam em indústrias intensivas em patentes era apenas 46% superior ao salário daqueles de indústrias não intensivas. Em 2000, esse prêmio subiu para 69%, crescendo em menor ritmo ao longo da década.

O estudo "Intellectual Property and the U.S. Economy: Industries in Focus" (Propriedade intelectual e a economia do EUA: indústrias em foco, em tradução livre) revela ainda que as indústrias intensivas em PI — marcas, patentes e direitos autorais — foram responsáveis por ao menos 40 milhões de empregos (18,8% de todos os postos de trabalho) e contribuíram com mais de US$ 5 trilhões para a economia dos EUA em 2010, o que representa 34,8% do PIB norte-americano. Ao todo, 75 indústrias foram consideradas intensivas em PI pelo Departamento de Comércio.

Notícia retirada do Inovação UNICAMP.

EUA enfrentam risco de "estouro de bolha" da energia renovável

Depois de retornar, em 2011, ao topo do ranking dos países que mais investem em energias renováveis, os Estados Unidos agora correm o risco de ver estourar a bolha do setor, com o fim dos subsídios oferecidos pelo governo federal.

Nota publicada pela revista Nature chama atenção para o fato de que o fim, já esperado, do período de estímulo estatal coincide com “uma brutal ressaca fiscal e um ano de amarga divisão eleitoral” no país.

“O resultado é um colapso no apoio federal às tecnologias de energia limpa no momento em que a indústria luta para enfrentar a queda de preço do gás natural e a dura competição chinesa”, diz a análise publicada no NewsBlog da revista. 

A maior parte do gasto federal em estímulo ao setor expira agora em 2012. De acordo com o relatório Who Is Winning the Clean Energy Race, dos Pew Charitable Trusts, em 2012 expiram as dotações do Tesouro para a energia limpa, bem como as garantias de empréstimos concedidas pelo Departamento de Energia. “Uma incerteza política significativa reduz a confiança do investidor em 2012”, acrescenta o levantamento.

Complementando a constatação do relatório Pew, a análise citada pela Nature, chamadaBeyond Boom and Bust ("Além da Bolha e do Estouro") acrescenta que “o declínio em apoio federal será muito mais amplo e continuará pelos próximos anos, a menos que o Congresso dividido se una para criar um novo caminho”.

Segundo Beyond Boom and Bust, o gasto federal total em energia limpa, no ano passado, foi de pouco mais de US$ 30 bilhões (R$ 55 bilhões) e deve cair quase 50%, a US$ 16 bilhões (R$ 29,5 bilhões), em 2012, caso o Congresso não interfira. A tendência é de reduções seguidas pelos próximos anos.

Elaborada por um consórcio de três instituições – Brookings Institution, Breakthrough Institute e World Resources Institute – a análise oferece uma série de sugestões para que o investimento em geração de energia sustentável supere as dificuldades que surgem neste ano.

Ao mesmo tempo em que reconhece que as políticas em vias de extinção “apagarão a maior parte do regime atual de instalação de energia limpa”, o texto recomenda que uma reforma do sistema de subsídios passe a premiar avanços tecnológicos e reduções de custo, incluindo a adoção de subsídios móveis que poderiam ser reduzidos em resposta a mudanças no preço das tecnologias. A análise diz que é preciso harmonizar o caráter temporário das políticas de incentivo à necessidade de segurança e continuidade das empresas.

“Nossa ideia é consertar os programas (de incentivo) em vez de acabar com eles”, disse à Nature Mark Muro, membro da Brookings Institution.

“A morte do sistema de subsídio atual para tecnologia limpa não precisa ser desastrosa”, afirma a análise. “Muitos dos subsídios existentes hoje são pouco otimizados, caracterizados por um ciclo de bolha e estouro de ajuda e abstinência”, diz, mais adiante.

Em termos de inovação, a análise pede que sejam criados mecanismos para acelerar a chegada de novas tecnologias ao mercado. Isso ecoa uma constatação do relatório Pew, que acusou a dificuldade dos Estados Unidos em converter seus grandes investimentos em pesquisa em capacidade efetivamente instalada. Boom and Bust pede atenção a inicaitivas regionais que surgem “de baixo para cima”.

“Por fim, a liderança americana em energia limpa exigirá uma mão-de-obra altamente educada, e capaz de competir globalmente”, afirma a análise. “A nação precisa investir em educação de ciência, matemática, engenharia e tecnologia, e reformar as leis de imigração para garantir que os EUA continuem a ser o destino favorito dos melhores inovadores e empresários do mundo”.

Notícia retirada do Inovação UNICAMP.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Para ex-ministros do meio ambiente, Rio+20 corre o risco de ser irrelevante

A Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, corre o risco de ser irrelevante ou até configurar um retrocesso, na opinião de ex-ministros do meio ambiente que se reuniram na quarta-feira passada (18), em São Paulo, para lançar um documento pedindo ações mais ousadas.

O documento, chamado de “Rio mais ou menos 20″, contou com a assinatura dos ex-ministros Rubens Ricupero, Marina Silva, José Goldemberg e José Carlos de Carvalho, além de outros especialistas na área. “Frente aos desafios e urgência da agenda ambiental, há um elevado risco de que a Rio+20 seja não apenas irrelevante, mas configure um retrocesso”, diz o texto.

A iniciativa de divulgar o texto começou com o embaixador e ex-ministro do Meio Ambiente Rubens Ricupero. Ele conta que o texto não é partidário e está aberto a adesões. Segundo Ricupero, a ideia surgiu após ver que o rascunho inicial das propostas da Rio+20, chamado “draft zero“, era decepcionante pela falta de ambição.

Uma das principais queixas dos participantes da mesa é que, segundo eles, o tema ambiental está sendo deixado de lado nas negociações. O próprio governo brasileiro estaria procurando tirar o peso das questões ambientais da conferência, ressaltado no lugar a questão social. “Nós não avançamos vinte anos para ver o Brasil voltar e querer discutir desenvolvimento sem meio ambiente”, disse Marina Silva.

Outro ponto questionado é a percepção de que o Brasil, como anfitrião, não está fazendo tudo o que poderia para tornar a Rio+20 um sucesso. “O Brasil deve atuar nas negociações internacionais como protagonista, defendendo seus interesses específicos, mas também constituindo uma força de moderação e equilíbrio”, diz o texto. A boa notícia é que os ex-ministros ainda têm esperanças de que a Rio+20 possa ser um sucesso. O caminho seria exatamente mudar a posição brasileira, fazendo o país apoiar, nas negociações internacionais, políticas e mecanismos para a economia verde.

Notícia retirada da Revista Época.

Solar passa a dominar investimentos do G20 em energia limpa

Os investimentos dos países do G20 em energia renovável continuaram a subir em 2011, e pela primeira vez o carro-chefe da expansão é a energia solar, com um aumento de 44% em relação a 2010, chegando a US$ 128 bilhões (R$ 235 bilhões), ou mais da metade do total aplicado em tecnologias limpas. Já os investimentos em energia eólica caíram 15%.

Os dados constam da mais recente edição do relatório Who Is Winning the Clean Energy Race (“Quem Está Ganhando a Corrida da Energia Limpa?”), elaborado pelos Pew Charitable Trusts.

A expansão dos investimentos globais do G20 em energia limpa, em 2011, foi de 6,5%, para um total recorde de US$ 263 bilhões (R$ 483 bilhões). Esse crescimento ficou abaixo da expansão de 30% registrada em 2010, mas o relatório chama atenção para o fato de que, mesmo modesto, o crescimento do setor superou o da economia mundial, que cresceu apenas 4,3% no ano passado.

O G20 – grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia – continua a dominar o setor, com 95% dos investimentos globais em energia limpa, mas outros mercados apresentam avanço, com taxas de crescimento projetadas de até 18% nos investimentos de partes da Ásia, África e Oriente Médio ao longo da próxima década.

O texto diz ainda que o crescimento pequeno do investimento no Grupo dos 20 “mascara uma expansão dramática” do uso das fontes limpas. “O custo da capacidade geradora solar e eólica vem decrescendo rapidamente, com o preço dos módulos fotovoltaicos caindo 50% em 2011”, aponta o relatório.

No ano passado, o mundo ganhou mais 83,5 GW de capacidade instalada de geração de energia limpa, incluindo 43 GW de energia eólica e – num número recorde – 29,7 GW de solar. Até 2009, havia menos de 30 GW de capacidade solar instalada. Dos novos 83,5 GW instalados no ano passado, 78 GW, ou 93%, estão nos países do G20. No fim de 2011, havia mais de 565 GW de energia limpa instalados no mundo, ou 50% mais que toda a capacidade de geração nuclear.

Embora o resultado geral do G20 na área tenha se mantido positivo, o relatório faz a ressalva de que, país por país, a situação é mais desigual. “O número de nações que sofreu perdas de investimento é quase igual ao das que tiveram ganhos”, afirma o relatório, atribuindo a situação a “incertezas políticas nas principais economias do mundo”.

EUA voltam ao topo
Entre os países, o principal destaque é o retorno dos Estados Unidos ao topo do ranking de investimentos em energia limpa do relatório Pew. Há dois anos que o país vinha perdendo posições, caindo ao terceiro lugar em 2010. Em 2011, no entanto, os EUA aplicaram 42% a mais no setor, ou US$ 48,1 bilhões (R$ 88,3 bilhões). Os EUA lideraram os investimentos em energia solar, eficiência energética e biocombustíveis.

No entanto, a Pew chama atenção para o fato de que os EUA não estão sequer entre os dez países que mais viram crescer o investimento no setor nos últimos cinco anos, e também fica para trás em termos de capacidade instalada. “O contraste entre os investimentos de capital de risco e a capacidade adicionada destaca um fenômeno persistente, no qual o país falha em levar ao mercado as inovações de energia limpa nascidas no laboratório”, analisa o relatório.

Juntamente com a China,os EUA foram responsáveis por mais da metade do investimento em estímulo à energia limpa, que totalizou US$ 46 bilhões (R$ 84,5 bilhões).

China e Alemanha
A política chinesa vem sendo de estimular a fabricação e a instalação de equipamentos de energia limpa, diz o relatório Pew. Os investimentos do país na área, no entanto, aumentaram apenas 1% em relação a 2010, chegando a US$ 45,5 bilhões (R$ 82,6 bilhões). “A despeito disso, a China segue sendo um núcleo dinâmico de atividades de energia limpa, liderando o mundo em investimentos e instalações de energia eólica, e na fabricação de equipamentos de energia eólica e solar”, diz o texto.

O crescimento do investimento chinês em energia limpa foi o menor dos últimos cinco anos. A maior parte do dinheiro aplicado foi voltada à instalação de capacidade eólica: a China investiu três vezes mais, nessa modalidade, do que o segundo colocado do G20 no quesito. Com isso, os chineses igualaram o recorde de instalação de capacidade eólica de 2010, com novos 20 GW. Agora, o país asiático conta com mais de 64 GW de capacidade instalada para aproveitar a energia dos ventos na geração de eletricidade.

O relatório Pew informa ainda que a China tem, como meta, instalar 50 GW de geração solar até 2020. 

Já a Alemanha, terceiro país em investimento em energia limpa, assistiu a uma queda de 5% no total aplicado em 2011. A despeito disso, no entanto, o país teve um avanço recorde na instalação de capacidade solar e, atualmente, obtém mais energia de fontes renováveis do que de usinas nucleares, carvão e gás natural.

Brasil cai para décimo
O investimento em energia limpa no Brasil ficou em US$ 8 bilhões (R$ 14,7 bilhões), um crescimento de 15% em relação ao ano passado. O avanço brasileiro, somado ao dos EUA, fez das Américas a região líder em investimentos em renováveis. Mesmo assim, o País perdeu posições no ranking de investimentos do G20, caindo da sexta colocação, em 2010, para a décima.

Além de EUA e China, os integrantes do G20 que investiram mais que o Brasil foram Alemanha, Itália, demais países da UE combinados, Índia, Reino Unido, Japão e Espanha.

De acordo com o relatório Pew, o País passou, no ano passado, a ser o líder mundial em capacidade instalada de geração a partir de biomassa, e manteve a liderança em capacidade de produção de biodiesel.

O relatório também destaca que o preço atingido em um leilão pela energia eólica no Brasil – US$ 62 (R$ 114) por MW.h – focou abaixo do de alternativas convencionais, e é o menor preço de energia eólica do mundo.

Em termos de crescimento capacidade instalada de energia renovável nos últimos 5 anos, o Brasil é o terceiro do ranking, com variação de 49% desde 2006. A lista é dominada por China (92%) e Turquia (85%).


Notícia retirada do Inovação UNICAMP

terça-feira, 24 de abril de 2012

Rússia cria projeto de casa híbrida sustentável


Não é sempre que um projeto de casa moderna incorpora uma infinidade de recursos verdes para criar um lar sustentável. Mas o projeto arquitetônico “Casa Híbrida”, criado pela empresa russa de arquitetura RangEmotions, conseguiu essa façanha.

A vantagem principal do edifício está no isolamento das áreas internas obtido a partir da utilização de vidros, o que tornou os arredores da casa uma extensão do interior, dando uma sensação de liberdade. Os vidros também permitem uma maior luminosidade no interior do ambiente, o que possibilita uma redução no gasto de energia.

Além do uso extensivo do vidro em sua concepção, a casa também surpreende por ser rodeada por água, o que proporciona um grande deleite visual, e mais do que isso, o corpo de água ajuda a regular a temperatura da casa, mantendo-a estável.

O destaque da “Casa Híbrida” está nas turbinas eólicas que integram sua forma. Ao contrário de outros projetos no qual as turbinas ficam afastadas, esta nova casa tornou elas parte natural de sua extensão. Sua presença tornou a casa 100% auto-eficiente.

Todos os cômodos, com exceção da adega, são alimentados com energias renováveis, solar e eólica.

O projeto participou de concursos de arquitetura e esteve presente no TOP 10 de projetos.





Notícia retirada do Portal Eco D.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Berlim constrói primeira casa sustentável


O design moderno e os amplos espaços da casa situada no número 87 da Fasanenstrasse, em Berlim, destoam das construções históricas do tradicional bairro de Charlottenburg, na capital alemã. Semelhante a um bloco de vidro, a residência, que abriga desde o começo do mês uma família de quatro pessoas, é o mais novo projeto do governo alemão para tentar aliar construção civil e mobilidade a um estilo de vida mais sustentável.

A Casa Eficiente Plus com Eletromobilidade - como foi batizada - foi concebida para produzir toda a energia que consome e ainda gerar um excedente que pode ser usado para abastecer carros elétricos ou ser devolvido à rede energética da cidade. A casa também foi construída apenas com materiais que podem ser reciclados, caso sua estrutura precise ser modificada.

"A gestão responsável dos recursos e a proteção do meio ambiente estão, sem dúvida, entre as missões mais importantes da política e da sociedade, sendo a questão da eficiência energética um ponto determinante", afirmou o ministro Peter Ramsauer, do Ministério dos Transportes, Obras e Planejamento Urbano da Alemanha, órgão responsável pelo projeto.

De acordo com o governo alemão, a construção e o transporte desempenham um papel fundamental neste cenário, na medida em que estes dois setores são, conjuntamente, responsáveis por cerca de 70% do consumo final de energia e por aproximadamente 40% da totalidade das emissões de CO2.

"No setor da construção, a manutenção de edifícios novos de impacto neutro no ambiente já deverá ser possível a partir de 2019", explicou Ramsauer. "Queremos criar possibilidades de combinação de edifícios eficientes com a eletromobilidade. A Casa Eficiente consegue tornar essa determinação em realidade de uma forma exemplar."

Diretriz. O projeto do governo alemão atende a uma reformulação da diretiva comunitária para o desempenho energético dos edifícios da União Europeia que exige que, a partir de 2021, as casas só consumam energias que possam ser produzidas com base em materiais energéticos renováveis.

"Os padrões para consumo energético na Alemanha são renovados a cada três anos, sempre exigindo um consumo menor de energia por parte dos cidadãos", explicou ao Estado o arquiteto Dieter Blome, do Centro para Energia, Construção, Arquitetura e Meio-Ambiente (Zebau, na sigla em alemão), em Hamburgo. "Acredito que daqui dez anos teremos a Casa Eficiente Plus como padrão para as construções residenciais na Alemanha."

Segundo ele, o projeto da casa também faz parte da estratégia do governo alemão de desligar todas as suas usinas nucleares até 2022. Em maio do ano passado, a chanceler Angela Merkel disse que esperava que a Alemanha se tornasse um "exemplo internacional", sendo possivelmente a primeira nação industrial a passar da era nuclear à era das energias renováveis. "É uma maneira de pensarmos na produção de energia fora do âmbito nuclear", afirmou Blome.

Futuro. Mais de 130 famílias alemãs se inscreveram para morar durante 15 meses na casa sustentável de Berlim. A família vencedora foi escolhida no fim de dezembro por meio de sorteio feito pelo governo. "Os valores e o comportamento da sociedade alemã estão mudando", disse Blome. "Hoje as pessoas ficam com peso na consciência se estão escovando os dentes e esqueceram a torneira ligada. Estamos vivenciando uma mudança no estilo de vida alemão."

A casa ficou aberta para visitação do público de 8 de dezembro a 29 de fevereiro para ver como a população interagiria com esse novo tipo de tecnologia. "É uma oportunidade para vermos se conseguimos nos adaptar a esse estilo de vida", disse a estudante de Planejamento Urbano, Malin Praktiknjo, de 23 anos, que conduzia visitas guiadas pelo projeto. "Temos o dever de reduzir nossa necessidade de consumo energético e, se as legislações necessárias forem aprovadas, o universo apresentado nesta casa pode ser o nosso futuro."

Notícia retirada do Estadão.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Rio+20: Sebrae lança vídeo-manifesto sobre sustentabilidade nos negócios


Mostrar o papel da sustentabilidade na alavancagem dos negócios é o principal objetivo do vídeo-manifesto intitulado Desenvolvimento sustentável: um planeta de oportunidades, lançado recentemente pelo Sebrae, instituição parceira da ONU na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

“Os pequenos negócios representam 99,1% dos empreendimentos no país, 53% dos empregos, 40% da massa salarial e cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Por isso, a discussão sobre sustentabilidade não pode ficar restrita às grandes empresas”, ressaltou à Agência Sebrae de Notícias o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto.

O conceito de desenvolvimento sustentável nasceu na Assembleia das Nações Unidas, no fim dos anos 1970. Em 1992, o Brasil foi palco da Rio-92 (também conhecida como ECO-92 e Cúpula da Terra). Na época, os debates buscavam consenso sobre como produzir de maneira sustentável. É desse período o conceito de pensar globalmente e agir localmente. A Rio+20, agendada para os dias 13 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro, marca uma revisão da ECO-92. A pauta agora é discutir a relação entre desenvolvimento e sustentabilidade.

“O que você faz no seu país, na sua empresa e na sua casa, conta para a humanidade, para o planeta”, prega o vídeo. A proposta é mostrar aos empreendedores brasileiros que preservar o meio ambiente é desenvolver sem esgotar as fontes, que empreender é sinônimo de eficácia, de novidade, de administração, de mais lucros e de maior responsabilidade com as futuras gerações.

Veja abaixo o vídeo-manifesto do Sebrae:

Notícia retirada do Portal EcoD.

O uróboro e a sustentabilidade

A serpente é um animal cheio de simbolismos. Aparece em Gênesis armando confusão entre Adão e Eva; representa a fertilidade em Canaã; a força política no Egito; e a renovação da vida no Caduceu de Mercúrio - o estandarte símbolo da medicina. 

A serpente é ambígua, pois representa, simultaneamente, o medo e a admiração, o respeito e a inveja, o belo e o horrível. Ao mesmo tempo que a detestamos pelo perigo de seu veneno e por sua capacidade de aparecer e desaparecer de repente, admiramos a elegância de seus movimentos e sua liberdade - mesmo presa em um aquário, parece livre. 

Foi no Egito que surgiu uma versão única da serpente: aquela em que aparece comendo sua própria cauda - o uróboro. Essa serpente que se engole representa o eterno recomeço da vida, mas permite outras interpretações. 

Usemos a imaginação: ao formar um círculo, o uróboro cria um espaço interno e outro externo. O lado de dentro simboliza o mundo percebido, a vida como a conhecemos, o concreto, a natureza, a ciência. E no lado de fora, de dimensão desconhecida, provavelmente infinita, caberiam todos os mistérios da vida, de sua origem e de seu fim - os grandes dilemas humanos. Fora do uróboro está Deus, e nele estamos contidos, pois o círculo delimita um espaço do todo e fragmenta o infragmentável criando um fractal do infinito. 

Nossa esperança infantil e nossa arrogância ingênua desejam que o uróboro abra a boca e nos coloque em contato com o todo, com o divino, para então dominá-lo, sem percebermos que seríamos absorvidos pelo infinito e pelo eterno, tornando-nos nada. É confuso? Pode ser, mas é também fantástico. É só prestar atenção para descobrir que se o uróboro continuar a se comer terminará por consumir- se e desaparecerá, deixando-nos ao mesmo tempo sem o interno e sem o externo. 

Por outro lado, se parar de se alimentar, desaparecerá por inanição, e a humanidade morrerá com ele. Parece que não temos saída. Mas, diz a lenda, o uróboro não teme por sua sorte, pois descobriu o segredo da vida eterna. Ao alimentar-se de si mesmo, mantém-se vivo, cresce e providencia a substância que irá alimentá-lo novamente. E, nesse moto- perpétuo, absorve energia do externo e mantém o interno vivo. A sabedoria do uróboro reside em não parar de alimentar-se, porém, sem extrair, de si mesmo, mais do que necessita. Uau! 

A CONSCIÊNCIA 
Pode parecer exagero, mas o uróboro nos ensina o segredo da sustentabilidade: não consuma mais do que você precisa para se manter vivo, e use o resultado de sua produção para recompor o substrato que lhe permita produzir. Simples, mas não fácil. 

Em 1987, a norueguesa Gro Harlem Brundtland subiu com passos decididos na tribuna da ONU e explicou: "Sustentabilidade é satisfazer as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades". Essa definição fazia parte da Declaração Universal sobre a Proteção Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável, que passou a ser conhecido por "Relatório Brundtland". Nessa declaração encontramos propostas para novas formas de providenciar o progresso humano, sem comprometer a fonte da riqueza. O mundo se desenvolve, a população se multiplica, a economia se expande. Mas cuidado, pois nos dias em que vivemos não podemos abordar temas clássicos como a geração de riqueza, a política internacional, a educação de jovens, a administração de empresas, sem colocar na pauta o crescimento sustentável. 

A ideia é transformar a inteligência humana em aliada do planeta, levando o homem a maneirar com seu instinto predador. Sustentabilidade tem a ver com a prática de consumir sem esgotar, de viver sem comprometer a vida, de ter responsabilidade com o futuro. E isso tem a ver com o que cada um de nós faz em seu dia a dia, não apenas com os pensadores e os políticos.

Pensar no futuro deveria estar na ordem do dia de cada um. Para isso seria necessária a criação de uma nova consciência humana, a de que, cuidando, não vai faltar. 

A REALIDADE 
Mas o que acontece é que a competitividade global está dificultando a sobrevivência das empresas e das pessoas, e é difícil, vamos ser honestos, alguém pensar no futuro se está com dificuldades para garantir o presente. Todos nós temos necessidades imediatas e procuramos atendê-las rapidamente, pois elas nos provocam desconforto ou sofrimento. Só que a modernidade acrescentou novas necessidades a nossa sobrevivência. O homem de antigamente precisava de comida, roupas, abrigo. 

Hoje também, mas agora temos mais prioridades, como educação, lazer, tecnologia, comunicação, transporte de massa. Além disso, mudou a frequência das necessidades. Assim como a comida, hoje consumimos outras coisas que precisaremos consumir de novo amanhã, e depois de amanhã. A lógica da sustentabilidade nos obriga a pensar sobre a linha do tempo, pois precisamos atender às necessidades pessoais de hoje lembrando que teremos outras amanhã. Vem daí a ideia da sustentabilidade pessoal. Usando o exemplo do consumo, apenas medir se uma prestação cabe no orçamento e enfiar- se numa dívida para comprar algo de que precisamos no momento pode prejudicar o orçamento por um bom tempo. Conselho: você até pode gastar hoje o que vai ganhar amanhã, desde que não perca de vista que amanhã você vai ter outras coisas com que gastar. 

É famosa a história daquele playboy que herdou uma grande fortuna e resolveu dedicar a vida apenas a gastá-la. Ele reservou uma parte do dinheiro para cada ano que imaginou que iria viver. Só que ele viveu muito mais do que imaginava. A consequência foi que passou bons anos dependendo da ajuda de parentes e amigos. Foi uma vida não autossustentável. Guardadas as proporções, isso acontece com muita gente que não previne o próprio futuro. E é também o que está acontecendo com o planeta, pois estamos gastando demais seus recursos sem preocupação com o seu esgotamento. 

O LEGADO 
Com frequência nos perguntamos que planeta queremos deixar para nossos filhos, mas deveríamos mesmo é nos perguntar que filhos queremos deixar para o planeta. A ideia da sustentabilidade passa, necessariamente, pela educação, pela criação de uma "mentalidade sustentável". Há comunidades em que a ideia da sustentabilidade faz parte do cotidiano. Mas, nesses casos, houve investimentos em educação e não apenas na criação de leis, normas e punições. Em Curitiba, a separação doméstica de lixo é uma das maiores do mundo. Todo o material de plástico, vidro, papel ou tecido é armazenado em algum lugar e entregue a um caminhão especial, que passa duas vezes por semana, em todos os bairros da cidade. Nesse caso, três fatores contribuíram: a educação das crianças nas escolas, a competência da prefeitura, que manteve a coleta seletiva, e a ação do tempo. Esse programa levou 30 anos para se consolidar. As novas gerações educaram as mais velhas, numa maravilhosa inversão dos fatos históricos. 

Os filhos ensinaram aos pais o que haviam aprendido na escola. Educação, conscientização, estratégias, recursos. Talvez pudéssemos chamar tudo isso de vontade política, o que não tem a ver apenas com os políticos e sim com cada pessoa. Eu, pessoalmente, durmo melhor quando sinto que, naquele dia, pratiquei algo que, de alguma forma colaborou com o meio ambiente. Isso é o que o físico Fritjof Capra chama de "ecoliteracy" - alfabetização para a ecologia. É urgente que caminhemos em direção a essa alfabetização. E é bom que tenhamos pressa, porque o uróboro está quase abrindo a boca...

Notícia retirada do Planeta Sustentável.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Rio+20: Brasil retrocedeu 20 anos com Dilma, diz Marina Silva


Marina Silva diz que o Brasil amargou importantes
retrocessos na área ambiental no último ano
 Foto: Renato Araújo/Agência Brasil
Enquanto o governo brasileiro demonstra otimismo em sediar o maior evento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre sustentabilidade, a Rio+20, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva denuncia a pauta “esvaziada” de temas ambientais da conferência que vai ocorrer entre 20 e 22 de junho. Em entrevista exclusiva ao Terra, a ex-senadora e líder socioambiental não poupou críticas ao governo Dilma Rousseff, que classificou como o pior dos últimos 20 anos em relação ao meio ambiente.

Segundo Marina, que disputou as eleições presidenciais em 2010, em apenas um ano de gestão da petista o Brasil amargou importantes retrocessos na política ambiental. “Estamos vivendo hoje, em um ano do governo Dilma, uma situação de claro retrocesso em relação a tudo que foi feito ao longo dos últimos 20 anos”, afirmou. Ela citou como exemplos a votação do Código Florestal, que “diminui a proteção integral, amplia o desmatamento sobre áreas preservadas e beneficia o desmatador” e as restrições à atuação do Ibama. Marina ainda lamentou a “fraca” atuação do Ministério do Meio Ambiente que, segundo ela, “trabalha para fortalecer a agenda dos que lhe são contrários”. Confira.

Vinte anos após a realização da Eco-92 no Rio de Janeiro, a senhora considera que houve avanço concreto em relação à preservação do ambiente?

Marina Silva – O maior avanço foi o aumento da consciência das pessoas. Vinte anos atrás, o nível de consciência que as pessoas tinham sobre reciclagem, proteção das florestas, mudanças climáticas e uma série de outros temas era muito menor. Isso possibilitou que fosse criada uma base de sustentação política para a formatação de várias leis importantes no Brasil que não teriam se sustentado ao longo desses 20 anos se não fosse a ampliação da consciência e do senso de responsabilidade que as pessoas passaram a ter em relação aos recursos naturais. Graças a isso, temos um dos melhores arcabouços legais sobre o meio ambiente e o País é signatário de todas as convenções importantes, como a Convenção do Clima e da Biodiversidade. Agora, precisamos estar atentos que estamos vivendo hoje, em um ano do governo Dilma, uma situação de claro retrocesso em relação a tudo que foi feito ao longo desses 20 anos.

A senhora considera o Código Florestal um retrocesso?

Marina – O Código Florestal é o maior de todos os retrocessos, mas o retrocesso está em toda parte. Está na flexibilização da legislação em vários aspectos, como, por exemplo, na remoção de uma série de cuidados legais em relação à proteção das cavernas. Assim que nós saímos do governo foi feito um decreto que mudou a forma de proteção das cavernas para facilitar a mineração. Já o Código Florestal é um verdadeiro show de retrocessos porque diminui a proteção integral, amplia o desmatamento sobre áreas preservadas e beneficia o desmatador.

Esse retrocesso se refere às políticas adotadas por Dilma em comparação com outros presidentes?

Marina – Sim, do primeiro ano de Dilma no poder em relação aos últimos governos, desde a Constituição de 1988. Nesse período, os governos, com mais ou menos dificuldade, fizeram avanços. Esse é o primeiro governo que só se tem retrocessos. É o Código Florestal que foi transformado em um código agrário, é a redução das competências do Ibama para fiscalizar o desmatamento, a flexibilização do processo de licenciamento ambiental, que passa a ser muito mais um processo político do que técnico para dizer se os projetos de infraestrutura são viáveis ou não. Além disso, temos uma ação do Congresso sem nenhuma articulação do governo como era feito em gestões anteriores. Antes a sociedade pressionava e, de certa forma, ajudava os governos no sentido de dar respaldo para não deixar os retrocessos acontecerem no Congresso. Dessa vez, a própria base do governo opera para viabilizar o retrocesso. (…) Obviamente que é o primeiro ano do governo e os erros ainda podem ser corrigidos.

O governo já demonstrou interesse em adiar a votação do Código Florestal para depois da Rio+20. O que a senhora acha disso?

Marina – Isso já foi dito para o governo: nós vamos chegar na Rio+20 como se fosse Rio-20. No lugar de estarmos avançando na agenda ambiental, estaremos retrocedendo. Por isso que o mais sensato é deixar essa discussão para depois, para que possamos dialogar, pensar, e não permitir que todo o esforço conquistado ao longo dos últimos anos venha a ser removido como está sendo feito. O pior é que essa desconstrução é feita em cima dos ganhos, porque o Brasil passou a ter uma imagem boa lá fora. Ao mesmo tempo em que fala dessa imagem boa, o governo mina as bases que deram sustentação a tudo isso.

Atrasar a votação para depois da Rio+20 para evitar constrangimentos não seria pior?

Marina - Depende, se o governo quiser chegar com uma agenda campeã de retrocessos, se for esse o objetivo do governo, não entendo por que seria constrangedor. Para mim, constrangedor ao Brasil, que tem liderado uma agenda de redução das emissões de gás carbônico e de desmatamento, que assumiu metas na Convenção das Mudanças Climáticas, que conseguiu dar uma contribuição importante na redução da perda da biodiversidade, principalmente durante o governo do presidente Lula, que criou mais de 24 milhões de hectares de conservação, é chegar lá tendo minado as bases legais que poderiam levar o País a outro modelo de desenvolvimento. Constrangimento é mudar o teste ao invés de se propor a passar no teste.

A senhora acredita que a presidente possa vetar o Código Florestal, caso ele seja aprovado pelos parlamentares da forma como está proposto?

Marina – Pelo menos 80% da sociedade, segundo pesquisas, não quer esse código. Na campanha ela assumiu o compromisso de vetar qualquer projeto que significasse aumento no desmatamento e anistia a desmatadores. A mobilização da sociedade ajuda a dar mais respaldo político para esse veto, mas é claro que seria melhor que todos os problemas fossem corrigidos no Congresso, para que a presidente não precisasse criar uma situação incômoda com os parlamentares. Qualquer governo precisa ter uma postura de alinhamento com sua base de sustentação, mas até esse momento se apostou no “quanto pior, melhor”. O que prevalece até agora é que o compromisso da presidente não foi respeitado na tramitação do projeto no Congresso. Espero que a sociedade de respaldo político para que ela vete esse código.

Como a senhora classifica a atuação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, frente às discussões para a Rio+20 e o debate do Código Florestal?

Marina – É a primeira vez que vejo um Ministério do Meio Ambiente sem operar na direção de fortalecer sua agenda, atuando muito mais no sentido de fortalecer a agenda daqueles que lhe são contrários. A sociedade busca uma interlocução direta, com o ministro Pallocci, na época dele, e agora com o secretário Gilberto Carvalho, porque não encontra mais no Ministério do Meio Ambiente um espaço de interação que promova a agenda ambiental.

O governo Dilma teria influência no que os cientistas classificam como uma pauta esvaziada de temas ambientais para a Rio+20?

Marina – O país que sedia tem uma influência em qualquer conferência. Por incrível que pareça, em 1992 tinha-se uma agenda de incentivo a agenda socioambiental. Em 2012 houve um tencionamento para exilar os temas ambientais e transformar a conferência que nasce sobre a égide de uma crise global sem precedentes no clima, na biodiversidade, na desertificação, em uma agenda puramente econômica e social. Como se tratar os problemas econômicos e sociais fosse incompatível com tratar os problemas ambientais. Só haverá uma solução sustentável para os problemas econômicos e sociais quando os danos ambientais forem resolvidos, porque o planeta já está colapsando. Os cientistas estão muito certos em afirmar que houve um esvaziamento proposital da conferência e isso é muito coerente com o retrocesso que está acontecendo aqui. Juntando isso com a crise econômica, os demais países e a Organização das Nações Unidas acabaram entrando nessa proposta esvaziada.

Notícia retirada do Mundo Sustentável.

Uma nova Copenhague?


É difícil imaginar que uma conferência de três dias possa avançar muito além das protocolares declarações políticas assinadas por chefes de Estado e de governo. Para evitar o fracasso diante das fortes expectativas criadas em torno da Rio+20 — a conferência que a ONU realizará de 4 a 6 de junho de 2012 no Rio de Janeiro —, organizações da sociedade civil e entidades ligadas às empresas correm para formular uma agenda pragmática para o evento. 

A perspectiva sombria para a economia global nos próximos meses — a exemplo do que ocorreu na conferência do clima de Copenhague, em dezembro de 2009 — poderá, contudo, virar um balde de água fria no evento das Nações Unidas caso a Europa e os Estados Unidos não consigam debelar a crise. A seguir, veja como a Rio+20 poderá influenciar o mundo dos negócios nos próximos anos. 

O que será discutido na Rio+20? 
A conferência tem o objetivo de avaliar o progresso dos compromissos aprovados durante a Rio 92, encontro promovido pela ONU duas décadas atrás, impulsionar a transição para a economia verde e discutir propostas para colocar o tema do desenvolvimento sustentável no centro de todas as ações das agências internacionais multilaterais. Para as empresas, mesmo que não seja aprovado nada efetivo e mandatório, o encontro será fundamental para avaliar se os acordos sobre o meio ambiente nos próximos dez anos serão costurados por meio de instrumentos regulatórios globais ou por meio de acordos regionais, setoriais e no âmbito de blocos econômicos, tais como o G20. 

O que será aprovado na Rio+20? 
Até o momento, a única decisão prevista para o encontro é uma declaração política, com efeito mais simbólico do que prático, que será assinada pelos chefes de Estado e de governo ao final da conferência. Existe a expectativa também de que a declaração mencione a necessidade de uma organização mundial do meio ambiente, com peso político similar ao da Organização Mundial do Comércio. 

Em que medida a declaração política da conferência influenciará os negócios? 
Para o segmento empresarial mais engajado com a sustentabilidade, uma declaração política genérica frustraria a forte expectativa depositada na conferência. "Não consigo ver um documento final sem metas e indicadores para avaliar seu cumprimento", diz Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável. A entidade que representará a comunidade de negócios na Rio+20 — a Business Action for Sustainable Development 2012 — divulgou um documento em que recomenda a aprovação na conferência de um Mapa do Caminho da Economia Verde, com metas mensuráveis e prazos para acelerar a transição para uma economia mais sustentável e pouco intensiva em carbono. 

Uma "OMC do meio ambiente" teria peso político e regulatório similar ao do órgão que resolve diferenças comerciais? 
Existem hoje mais de 500 acordos ambientais multilaterais (MEAs, na sigla em inglês). Diferentemente do que ocorre na Organização Mundial do Comércio ou na Organização Mundial da Saúde, eles estão espalhados em inúmeros secretariados e agências da ONU. À parte sua dispersão e frágil implementação, os MEAs pecam pela falta de mecanismos para resolver controvérsias e penalizar quem não os respeita. Uma exceção é o bem-sucedido Protocolo de Montreal, de setembro de 1987, que conseguiu cumprir suas metas de eliminar a produção e o comércio de CFCs, gases refrigerantes responsáveis pela destruição da camada de ozônio. 

O que a conferência entende por crescimento econômico? 
Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) sobre economia verde, publicado em fevereiro, estima em 1,3 trilhão de dólares — menos de 2% do PIB global — o investimento anual necessário para transformar a economia marrom em verde entre 2011 e 2050. Esse valor inclui o desenvolvimento de tecnologias e processos de produção e consumo mais limpos. De acordo com o Pnuma, já em 2017 o crescimento do PIB global será mais elevado no cenário dos investimentos verdes do que no do "business as usual" (cenário dos negócios como de costume). Mais da metade dos investimentos verdes até 2050 deverá ser destinada à geração de energias renováveis e à eficiência energética. 

Como os subsídios aos combustíveis fósseis serão tratados na conferência? 
Se vingar a proposta do Mapa do Caminho da Economia Verde, o documento poderá incluir metas para a redução progressiva de subsídios aos combustíveis fósseis. Atualmente, segundo a Agência Internacional de Energia, cerca de 650 bilhões de dólares são injetados no mundo a cada ano para reduzir os preços da gasolina e do diesel e fomentar a produção de petróleo e carvão mineral. Em razão de preços artificialmente rebaixados por meio de subsídios, os combustíveis fósseis competem no mercado em condição mais favorável do que as tecnologias limpas, que demandam pesados investimentos em sua fase de maturação. Por isso, alguns especialistas defendem o uso de subsídios também para diminuir a desvantagem de custo das tecnologias verdes, sobretudo no estágio inicial de desenvolvimento. Mas, para não estimular a ineficiência, esses subsídios precisariam ter prazo determinado.

Notícia retirada do Planeta Sustentável.