quarta-feira, 31 de agosto de 2011

'Mais pobres podem ter acesso a tecnologias verdes', diz especialista

Richard Fedrizzi, um dos responsáveis pela
difusão das construções sustentáveis  
As construções sustentáveis são certificadas pelos padrões do Green Building Council e seguem exigências como o uso de materiais e recursos não tóxicos, de madeira certificada, eficiência energética, o uso racional da água e a qualidade do ambiente interno.

Em entrevista ao G1, o presidente do Green Building Council, Richard Fedrizzi, fala sobre o crescimento do número de construções que buscam essa certificação no Brasil. Ele comentou que a cidade de São Paulo tem grande potencial para construções sustentáveis, de forma que integrem a comunidade e faça com que muitos "repensem os problemas de urbanização".

Temas como a eficiência energética e o uso racional da água também estarão em debate na segunda edição do Fórum de Sustentabilidade SWU, que acontece em novembro, em Paulínia (SP). O evento envolve música e discussões ambientais e terá a participação de personalidades como o músico Neil Young, padrinho do fórum. 

Confira a seguir a entrevista completa:

G1 - O Brasil está em quinto lugar no ranking do GreenBuilding Council, mas isso significa apenas 33 empreendimentos certificados. Não é um caminho muito lento para resolver problemas tão urgentes quanto às mudanças climáticas?

Richard Fedrizzi - O resultado nos outros países já vem de doze anos de trabalho, e todos também tiveram um começo muito lento. Apesar de no Brasil serem apenas 33 empreendimentos, o número de construções sustentáveis cresceu muito rapidamente nos últimos três anos, o que demonstra a quantidade de prédios com conceitos de sustentabilidade no Brasil pode superar outros países rapidamente.

G1 - O senhor afirma que São Paulo tem um grande potencial para as construções sustentáveis. Como São Paulo pode ser um modelo com problemas urbanos tão graves? Basta construírmos prédios verdes?

Fedrizzi - Eu não acredito que podemos separar as duas coisas, ou seja, os prédios da cidade. Passamos 90% do nosso tempo nos prédios e eles precisam nos propiciar uma condição de saúde e produtividade, da mesma forma que a cidade tem que estar estruturada para isso. Eu hoje demorei uma hora para vir do hotel onde estou hospedado para cá, e foi muito tolo, pois poderíamos ter vindo a pé. A ideia é justamente isso: fazer prédios que acabem integrando toda a comunidade e que façam as comunidades repensarem os problemas de urbanização.

G1 - Não há um risco de que esse tipo de construção sustentável e seus benefícios sejam acessíveis apenas aos ricos?

Fedrizzi - Não, o conceito de viver uma vida saudável dentro de um prédio tem que ser levado para todos. Inclusive no Brasil, no programa de casas populares “Minha Casa Minha Vida” (do Governo Federal) há elementos de construções sustentáveis incorporados, como a eficiência energética pelo uso de placas solares. Eu acredito que um dia até nas favelas vamos conseguir fazer mudanças com as tecnologias verdes, com aproveitamento de água e até aquecimento solar, e trazer mais qualidade de vida para essas pessoas.

G1 - Há programas de construções sustentáveis voltados para casas populares no mundo?

Fedrizzi - Muitos. Nos EUA, 40% dos programas de certificação de construção sustentável são para casas de classe média. A ideia é levar esse conceito para todos os países, indo além da certificação apenas para os grandes prédios comerciais.

G1 - Como fazer isso?

Fedrizzi - Existe a Universidade Carrier que é responsável pelo ensino dos conceitos do GreenBuilding, em Nova York, nos EUA. É o primeiro instituto voltado para a aplicação da sustentabilidade em construções. Seus cursos são itinerantes e fazem o treinamento sobre como aplicar as exigências de sustentabilidade nas construções em todo mundo. O próximo treinamento da Carrier será em setembro, no Rio de Janeiro, no Brasil.

G1 - Existe uma grande dúvida no Brasil se os estádios vão ficar prontos para a Copa do Mundo. Como podemos afirmar que vai ser possível aplicar um conceito de certificação de sustentabilidade neles?

Fedrizzi - Nós apenas indicamos os caminhos, mas não podemos fazer o trabalho das pessoas. Estamos aplicando os treinamentos e ensinando os conceitos e exigências do GreenBuilding Council, mas a aplicação depende muito dos envolvidos nas obras. Já vimos isso acontecer em cidades que fizeram a certificação e construíram belos prédios durante os jogos olímpicos, como Vancouver, no Canadá, Sydney, na Austrália e Pequim, na China. Porém houve um lugar onde tudo foi muito lento, e não ocorreu a certificação, que foi Atenas, na Grécia. Foi um exemplo de que a sustentabilidade depende da vontade das pessoas envolvidas nos projetos.

Notícia retirada do G1

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Engenheiro inventa fogão que cozinha e gera energia

 Fogão que produz energia
a partir do calor  
A indústria brasileira desenvolveu um equipamento capaz de cozinhar e, com o calor produzido, gerar energia para casas sem luz elétrica. É um fogão a lenha e ao mesmo tempo uma miniusina de geração de energia.

Cerca de 300 famílias que vivem em comunidades distantes em Xapuri, no Acre, são os pioneiros na utilização desse equipamento. Com o fogão, elas têm luz, alimento refrigerado e podem ver TV. Quatro horas de preparo diário de alimentos geram energia para manter acesas três lâmpadas de led por seis horas, um rádio por quatro horas, uma TV de 14 polegadas e um receptor de parabólica por três horas e ainda um pequeno refrigerador de corrente contínua por 24 horas.

A ideia do engenheiro-mecânico Ronaldo Sato, 58, encantou o empresário Flávio Pentagna Guimarães, 83, que decidiu desenvolvê-la na Energer, empresa de energia renovável do Grupo BMG. O projeto foi testado e aprovado pelo Cepel, o laboratório de pesquisas e desenvolvimento da Eletrobras, e também pelo INT (Instituto Nacional de Tecnologia).

O Cepel considerou que o "fogão gerador tem viabilidade técnica para o suprimento de energia elétrica a pequenos consumidores" e que o equipamento pode ser importante para o país em áreas rurais distantes da rede elétrica convencional.

Quatro horas de cozimento nesse fogão consomem até 16 kg de lenha ou gravetos. Sato disse que há estudos que mostram que os fogões a lenha tradicionais consomem 18 kg de lenha por dia.

O preço de fabricação está hoje em cerca de R$ 4.900 (sem a geladeira e a TV), mas Sato acredita que, com produção em escala, esse valor possa cair até 40%.

Notícia retirada da Folha de São Paulo

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Energia solar passa a ter incentivo e deve seguir o rastro da eólica

Com o objetivo de baixar o custo, governo do Ceará vai garantir a compra e criar demanda.

A ideia é que o custo de geração a partir da luz do Sol siga o mesmo caminho da energia eólica. A geração com a força dos ventos parecia, a exemplo da energia solar, a velha promessa que nunca vingava. O governo passou, então, a fazer leilões, criando demanda e baixando o custo.

O primeiro movimento para tentar baixar o custo da energia solar vem do Ceará, que detém o maior parque de geração eólica do País. O governo local criou um fundo de incentivo à energia solar. Ele consiste em garantir a compra da energia e criar demanda para que produtores de equipamentos se instalem na região.

O governo garantirá, por meio do mercado livre, a compra da energia solar pelo período de um a dois anos. A energia comprada será direcionada para prédios públicos. As indústrias serão incentivadas, com entrega de selos de sustentabilidade a quem adquirir energia gerada a partir da luz do Sol. O governo cearense estuda ainda conceder incentivos fiscais a quem adquirir essa energia alternativa. Atualmente, o custo de 1 MWh (megawatt-hora) de energia solar é estimado entre R$ 400 e R$ 600.

Gerar a partir dos ventos tinha custo parecido, mas, atualmente, só perde para as usinas hidrelétricas. O custo médio do MWh no leilão realizado na semana passada ficou em torno dos R$ 99. "A energia eólica parecia inconcebível. Hoje é realidade", diz Zuza de Oliveira, diretor da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece).

Apenas neste mês, o Brasil passou a ter sua primeira usina a produzir em escala comercial. Com 1 MW de capacidade instalada, a usina solar de Tauá, instalada na cidade cearense homônima, foi construída pela MPX, do grupo EBX, de Eike Batista.

A companhia já tem autorização para quintuplicar a produção da usina. "Acreditamos no potencial da energia solar e achamos que ela pode ter grande aproveitamento, à medida que os custos caírem", diz Eduardo Karrer, presidente da MPX.

Notícia retirada da Folha de São Paulo

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Marco civil da internet será enviado à aprovação do Congresso na próxima semana

O Brasil está próximo de ter um marco civil da internet – com direitos e deveres dos usuários e empresas que navegam na web. Pelo menos, de acordo com informações divulgadas pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Durante audiência na Câmara dos Deputados, ele disse que o documento está pronto para ser encaminhado à apreciação do Congresso Nacional, provavelmente na próxima semana.

Bernardo detalhou que o texto final do marco civil foi fechado na última segunda-feira (22/8), em conjunto com a presidente da República, Dilma Rousseff. “Nós tínhamos esse projeto, que já vinha sendo discutido há bastante tempo. Fizemos a revisão, ela olhou cada ponto e percebemos que havia a necessidade de fazer pequenas mudanças de texto”, disse o ministro, segundo notícia veiculada pela Agência Brasil.

A aprovação do marco regulatório da internet vai servir de base para a nova lei voltada a punir crimes digitais, ao estabelecer direitos e deveres dos internautas. Hoje, por exemplo, não existe uma regulamentação que defina por quanto tempo os provedores devem guardar dados e em que condições podem ser compartilhados, o que dificulta a investigação de atividades criminosas.

Entre os pontos que serão tratados no marco civil estão a responsabilidade dos provedores, o direito de acesso a informações por parte dos usuários, as formas de registro e os requisitos que precisam ser cumpridos pelos fornecedores de serviços de internet.

Notícia retirada do Olhar Digital.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Grupo espanhol anuncia a instalação de parques eólicos no Brasil

A companhia espanhola Elecnor, através de sua filial Enerfin, instalará 28 megawatts eólicos no Brasil por um valor de R$ 104 milhões, informou nesta segunda-feira a empresa à Comissão Nacional da Bolsa de Valores (CNMV) da Espanha.

O projeto vencido pela Elecnor, que está previsto que se conecte à rede em 2014, compreende a construção e exploração de um novo parque, no Estado do Rio Grande do Sul. Este novo parque, chamado Dois Índios 2, no qual serão instalados 14 aerogeradores, será integrado no complexo eólico que a firma possui em Osório e que é considerado o maior de região ibero-americana, segundo Elecnor, que já tem em construção e exploração no Brasil 300 MW.

O desenvolvimento do parque Dois Índios 2 implica o aproveitamento das infraestruturas de transformação e conexão à rede com os quais conta o complexo de Osório, o que permitiu a Elecnor oferecer preços muito competitivos, fator determinante nas atuais circunstâncias do mercado eólico brasileiro.

Governo do Paraná coloca em consulta pública o anteprojeto da Lei da Inovação

O Paraná deu na semana passada um importante passo para a criação de uma legislação estadual de inovação que regulamente a cooperação entre setor público, setor privado e academia no incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico. O governo estadual elaborou um novo anteprojeto sobre o assunto e abriu o texto para consulta pública, de forma que a população possa comentar e sugerir mudanças para a versão final. Os interessados em opinar podem acessar o texto no endereço eletrônico da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, até o dia 31 de agosto.

O novo texto contém avanços significativos em relação ao enviado no ano passado para votação na Assembleia Legislativa. É uma proposta moderna, que prevê segurança jurídica para os participantes e define a política de propriedade intelectual. O Paraná é o único estado das regiões Sul e Sudeste que ainda não aprovou uma lei de inovação – aguardada pela comunidade empresarial e científica porque oferece incentivos para a produção e aplicação de conhecimentos científicos. 

De acordo com o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alípio Leal, o anteprojeto aproveita o que existe de melhor nas leis federais, estaduais e municipais de incentivo à inovação. Ele explica que um grupo formado por representantes do governo e da iniciativa privada foi instituído para estudar e melhorar o projeto. Para ele, a iniciativa demonstra o esforço de aproximar academia e setor produtivo para que as pesquisas realizadas no Estado resultem em benefícios para a sociedade. 

“Seguindo uma determinação do governador Beto Richa, retiramos o projeto do legislativo para aprimorar a redação e escutar a opinião dos maiores interessados no assunto. Finalizamos o documento com avanços significativos”, destacou Leal. Segundo ele, após o encerramento da consulta pública as sugestões serão analisadas. As que forem consideradas pertinentes serão incorporadas ao texto, que em seguida será enviado para votação pela Assembleia Legislativa.

A Proposta
O anteprojeto de lei institui o Sistema Paranaense de Inovação, integrado por empresas e instituições com atuação na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação – entre as quais o Tecpar, o Iapar, a Fundação Araucária e as incubadoras tecnológicas existentes no Estado. 

Um dos capítulos do texto trata da construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação, aproximando as empresas privadas das Instituições Científicas e Tecnológicas do Paraná (ICTPR), órgãos da administração pública que têm por missão institucional executar, dentre outras, atividades de pesquisa básica ou aplicada. Essas instituições poderão, mediante remuneração, compartilhar laboratórios, equipamentos e materiais com empresas e outras organizações. Entre as instituições paranaenses classificadas como ICTPR estão o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). 

Júlio Félix, diretor-presidente do Tecpar e responsável pela elaboração do novo texto, explica que não há uma legislação estadual que permite esse intercâmbio de recursos públicos e que as ICTPR trabalham na informalidade. “Isso mostra a importância da aprovação dessa lei. Ela vai preencher um vácuo na área científica e criar um dispositivo legal eficiente que contribuirá para a inovação no Paraná”, disse Félix. 

A nova legislação prevê ainda a participação do Estado em fundos de investimentos de empresas paranaenses cuja atividade principal seja a inovação tecnológica. 

Empresas
A proposta também estabelece mecanismos de incentivo à inovação nas empresas, mediante o compartilhamento de recursos humanos, materiais e de infraestrutura e a concessão de apoio financeiro e de benefícios fiscais. Projetos aprovados pelo órgão concedente poderão ser beneficiados com subvenção econômica, financiamento ou participação societária do Estado. O governo também poderá conceder incentivos fiscais às empresas como forma de promover a inovação – aspecto que, depois da aprovação, ainda terá que ser regulamentado pelo Executivo. 

“Inovação demanda investimentos e riscos, mas não garante lucros. É necessário que o governo apóie a inovação para que o Paraná cresça e desenvolva sua área cientifica. O incentivo estadual é inteligente, pois gera empregos, competitividade e fortalece a parceria público-privada”, destaca o secretário Alípio Leal.

De acordo com o anteprojeto, ao aplicar as medidas de incentivo o governo deverá dar prioridade a arranjos produtivos locais e a micro, pequenas e médias empresas de regiões menos desenvolvidas, que não possuem capacidade científica adequada. 

Propriedade Intelctual
A propriedade intelectual dos novos processos, produtos, serviços e modelos criados através das parcerias público-privada deverá ser regulamentada por um convênio assinado pelos envolvidos em seu desenvolvimento. Os mecanismos de proteção e segurança jurídica da lei garantem que os interessados definam em contrato a titularidade do produto e a participação nos resultados da exploração das criações resultantes de parceria. 

A lei também trata do resguardo das informações, estabelecendo que não é permitida a divulgação e publicação de qualquer aspecto das criações, resultados de trabalho coletivo, sem antes expressa autorização das ICTPR. A nova legislação também assegura ao pesquisador público que atua na pesquisa público-privada, participação que varia de 5% a 33% nos ganhos econômicos das criações resultantes de contratos de transferência de tecnologia. 

Aos alunos matriculados em programas de graduação e pós-graduação que tenham participado do processo de criação também é assegurada participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da criação. 

Academia e Setor Privado

A Lei de Inovação articula e regulamenta a atuação dos três vértices do processo de pesquisa e desenvolvimento: o setor privado, o setor público e a academia. Para o diretor do Centro Internacional de Inovação da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Filipe Miguel Cassapo, a proposta de Lei de Inovação oferece diversos mecanismos econômicos e sociais para fomentar o trabalho conjunto entre as indústrias, universidades e outras instituições de pesquisa. Ele destaca que os incentivos retornam para a sociedade por meio de empregos e desenvolvimento econômico. 

“As indústrias estão voltada para uma nova tendência, chamada de economia do conhecimento, que exige a busca pela competitividade, sustentabilidade e produtividade. Nesse aspecto, é primordial que as corporações dialoguem e tenham acesso ao conhecimento criado na academia” disse Filipe Cassapo. Ele diz que no Paraná existem diversas indústrias inovadoras, mas a falta uma política pública de qualidade, que aproxime o setor da academia, impede o desenvolvimento de pesquisas e conhecimento. 

O professor Décio Sperandio, da assessoria de planejamento do Ensino Superior da Seti e ex-reitor da Universidade Estadual de Maringá, afirma que a lei será primordial para promover a cooperação da academia com a iniciativa privada, que atualmente encontra um empecilho na falta de regulamentação para a propriedade intelectual das criações. Ele representou as universidades estaduais na discussão para aprimorar o anteprojeto. 

“Trabalhamos na informalidade. O projeto é um incentivo para que os professores e alunos atuem em projetos de pesquisa e tecnologia. Nossas universidades têm um grande potencial que precisa ser utilizado”, disse Sperandio. Ele afirma que a Lei de Inovação do Paraná será uma das mais modernas do Brasil e que irá melhorar a qualidade do ensino superior do Estado.

Notícia retirada da Agência de Notícias do Paraná

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Dica de Leitura

Nesta terça-feira o GEDIPI traz mais uma dica de leitura, Biocombustíveis – A Energia da Controvérsia, uma publicação baseada em quatro artigos com visões bastante diferentes e por vezes opostas sobre o alcance e os limites dos biocombustíveis, suas vantagens e os riscos socioambientais que oferecem. A obra foi organizada pelo economista Ricardo Abramovay, coordenador do Núcleo de Economia Socioambiental da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e reúne textos de Ignacy Sachs, Marcos Jank, Jean Marc, Von der Weide e Arnoldo de Campos.

Trazendo um panorama amplo e heterogêneo, e por isso se tornando uma obra indispensável ao debate sobre o tema dos biocombustíveis. A leitura de traz além do entendimento do tema diversos posicionamentos, o leitor então recebe toda a base teórica mas passa também a vislumbrar através dos autores desde o desejo do sucesso dos biocombustíveis e sua efetividade até o pavor de sua implantação e por fim, tem a oportunidade de chegar a uma posição intermediária, mas ainda cheia de condicionantes.

O texto de apresentação do livro afirma que "os estoques mundiais de petróleo, teoricamente, estão condenados a se esgotar em breve. Mais importante, os danos causados pelo combustível fóssil ao meio ambiente se tornaram intoleráveis. Uma nova forma de energia se faz, portanto, necessária".

Nesse contexto, porém, o problema ambiental não é o único a ser debatido, diz Abramovay, que questiona: "afinal, os biocombustíveis são mesmo uma forma de energia ?limpa?? Contribuem verdadeiramente para a redução do efeito estufa? Seu emprego no mercado causará mudanças catastróficas, solucionando um problema e acarretando outros? Quais as conseqüências políticas, econômicas e sociais que sua adoção implica?"

Ainda no início do livro o organizador traz os pontos principais da questão,"os biocombustíveis se tornaram alvo de questionamentos quanto a sua sustentabilidade. A imprensa internacional afirma que sua expansão ameaça florestas tropicais - em especial a Amazônia - e, além disso, afetaria a produção de alimentos em escala mundial,acarretando inflação e fome. Críticas locais ao programa brasileiro de biodiesel inflamam o debate. Sua produção desvia o óleo alimentar para a obtenção de combustível e incentiva a substituição de culturas alimentares por energéticas. Ademais, o biodiesel seria economicamente inviável em comparação ao diesel, e a escolha de suas matérias- primas é equivocada, visto a soja - seu principal fornecedor - ter baixa produtividade em óleo por hectare." De maneira envolvente os autores expõem e analisam todos esses argumentos, os confrontam nos pontos em que acreditam ser necessários, tratam do assunto com sólidos argumentos construídos a partir pesquisas e estudos detalhados.

O que é de fato relevante, acima das diferenças de opinião, diz Abramovay, é que "a energia da controvérsia enriquece não apenas o debate intelectual, mas coloca os movimentos sociais, as organizações não-governamentais, o governo - em suma, a sociedade - no interior mesmo da organização dos mercados". O que para nós soa como um bom modo de fazer escolhas e buscar consensos.


A discussão

O artigo escrito por Ignacy Sachs que esta no livro, Bioenergias: uma janela de oportunidades, será discutido em nosso encontro na próxima semana. Na quinta-feira (25) as 16:00 horas no bloco 53 da UNISC discutiremos a leitura e analisaremos as questões trazidas no livro. Estão todos convidados.

Boa Leitura!

O dia em que o Google engoliu a Motorola

Nesta segunda-feira o Google anunciou em seu blog corporativo que está comprando a fabricante de aparelhos telefônicos móveis Motorola Mobility, segmento de smartphones, tablets e acessórios da empresa, pelo preço de US$ 12,5 bilhões em dinheiro. O valor é o equivalente a US$ 40 por ação, um ágio de 63% sobre o preço de fechamento dos papéis da companhia na última sexta-feira, 12 de agosto. Segundo a Motorola, a transação foi aprovada por unanimidade pelos conselhos de administração das duas empresas e deve ampliar a concorrência no setor. Larry Page, CEO do Google, afirmou que há um "compromisso total da Motorola com o Android, uma das muitas razões pela qual se deu um ajuste natural entre as duas empresas". O diretor-executivos da gigante de internet afirmou ainda que o trabalho em conjunto das duas companhias só irá beneficiar consumidores, parceiros e desenvolvedores: “Estou ansioso para receber os funcionários da Motorola em nossa família de Googlers” disse. 

A Motorola tem em sua história mais de 80 anos no setor de tecnologia e seus marcos da indústria de telefones incluem o lançamento de o primeiro telefone portátil do mundo há quase 30 anos e hit o StarTAC. Em 2008, a companhia adotou o Android como sistema operacional único em todos os seus dispositivos o que contribuiu para aproximação com a Google. A aquisição é mais uma iniciativa da companhia americana de internet para competir com a Apple, fabricante do iPhone e desenvolvedora do seu próprio sistema operacional móvel iOS. Os aparelhos 'Motorola + Google' seriam os únicos com capacidade de competir em configuração com uma integração total de software (Android) e hardware (Motorola) em uma plataforma própria. 

Tudo pelas patentes?

Sim. Foi essa a resposta quase unânime à aquisição da Motorola Mobility pelo Google. As patentes da Motorola permitirão que o gigante das buscas construa uma fortaleza de propriedade intelectual em torno de seu sistema operacional, o Android. Com a compra da fabricante de smartphones, a empresa de buscas levou como bônus as 17 mil patentes em posse da empresa adquirida. Mas o Google está comprando algo mais: uma opção barata quanto ao futuro da computação móvel. 

O grupo está disposto a pagar pela propriedade intelectual da Motorola para proteger a lucratividade dos fabricantes de celulares com Android. No trimestre passado, 47 milhões de celulares equipados com o sistema foram vendidos, segundo o Gartner. Caso os fabricantes tivessem de pagar royalties --mesmo de apenas US$ 5 por aparelho, o que a HTC já paga à Microsoft-- aos diversos detentores de patentes, isso equivaleria a menos US$ 1 bilhão no lucro anual do mercado de aparelhos Android.

Se estimarmos um múltiplo de companhia em crescimento sobre esse lucros (digamos, 25), os montantes que estão em jogo ficam claros. Uma carteira mais forte de patentes permitiria que o Google reduzisse o ônus desses royalties por meio de acordos de licenciamento cruzado. Isso protegeria o lucro da empresa no mercado móvel, realizado por meio de sua divisão de publicidade para celulares, que, segundo a companhia, tem receita superior a US$ 1 bilhão.

É importante lembrar que a proteção dos direitos diminui a exposição para disputas judiciais pela autoria de tecnologias em smartphones. Em uma batalha de patentes com a Nokia, por exemplo, a Apple teve de pagar US$ 600 milhões à companhia finlandesa, além de oferecer royalties sobre a venda de iPhones.

E mais, lembram-se do que falamos aqui, o Google saiu enfraquecido na disputa por proteção intelectual depois de perder a oferta de um pacote de 6.000 patentes da Nortel Networks, de US$ 4,5 bilhões, para as concorrentes Apple e Microsoft. O presidente do Google, Larry Page, afirmou nesta segunda-feira que o fortalecimento do portfólio de patentes ajudará proteger melhor o Android de "práticas anticompetitivas da Apple, Microsoft e outras empresas".

Quem mais pode ganhar com esse negócio?

Microsoft, Nokia, Research in Motion --fabricante do BlackBerry-- e o setor de TV a cabo estão emergindo como possíveis ganhadores depois que o Google anunciou, nesta segunda-feira, a aquisição da Motorola Mobility por US$ 12,5 bilhões de dólares. Se outros fabricantes de celulares decidirem abandonar o sistema operacional Google Android, Nokia e RIM se beneficiariam.

A Microsoft pode se beneficiar se os fabricantes começarem a procurar por alternativas de software ao Android, disse Shaun Collins, analista da CCS Insight, apesar de clientes mostrarem poucos sinais de interesse nas tentativas da gigante de softwares de entrar no mercado de telefonia móvel.

Já as companhias de TV paga poderiam ter muito a ganhar caso o Google, que controlará a fabricação de decodificadores Motorola, modere suas iniciativas que perturbam o setor --como o YouTube. O Google há muito é visto como fonte de possível perturbação para a TV paga, primeiro com o YouTube e depois com o Google TV, ainda que nenhum dos dois tenha exercido o impacto negativo previsto sobre o setor.Com a aquisição, o Google vai se tornar um dos maiores fornecedores do setor de TV a cabo. Mesmo que os decodificadores físicos desapareçam, o software de cifragem e acesso condicional da Motorola continuará importante para o setor.

Enquanto isso, é improvável que a transação tenha impacto sobre os esforços da Apple para conquistar corações e mentes entre os usuários de celulares inteligentes, disseram analistas. Agora que o Google se tornará seu concorrente direto, a empresa poderá abandonar certos produtos do Google que utiliza em seus aparelhos.

Notícia retirada da Folha de São Paulo

domingo, 14 de agosto de 2011

Reino Unido lança manual sobre gestão da Propriedade Intelectual nas universidades

Oito anos após a publicação da primeira versão do manual de propriedade intelectual (PI) das universidades britânicas, o Escritório de Propriedade Intelectual do Reino Unido (IPO, na sigla em inglês) lança uma nova edição do guia "Intellectual Asset Management for Universities". O documento busca ajudar os gestores a aperfeiçoar a exploração dos benefícios oriundos da PI criada no ambiente acadêmico por docentes, pesquisadores e alunos. Essas estratégias, que devem variar de caso para caso, precisam levar em conta a necessidade de equilibrar o interesse público e o retorno comercial.

O IPO justificou a importância de atualização do manual devido às mudanças ocorridas no ambiente de inovação desde 2003, como a disseminação da modalidade de inovação aberta, associada ao desenvolvimento de novas teorias sobre inovação no período. As universidades devem considerar em suas políticas três papéis principais da PI, sendo que elas terão pesos distintos dependendo do perfil da instituição, destaca o documento.

O primeiro refere-se ao fato de que grande parte do resultado proporcionado pela PI — no sentido mais amplo, não apenas financeiro — serve de apoio para as atividades de pesquisa e ensino das próprias instituições de ensino superior (IES). Dessa maneira, é necessário garantir a liberdade de operação da instituição na gestão da PI em questões que possam gerar divergências com terceiros, em ensino, pesquisa, consultorias ou prestação de serviços. "Políticas de PI que abrangem negociação de contratos devem tratar não apenas de direitos para obtenção de benefícios comerciais, mas também proteger, na medida do possível, os futuros planos de publicação e de pesquisa acadêmica ", aponta o IPO.

Em segundo lugar, a universidade deve assegurar a efetividade do processo de transmissão do conhecimento que tenha aplicação imediata na sociedade e na economia. Segundo o manual, isso inclui estratégias de PI para a solução de problemas específicos de empresas e organizações — de maneira a evitar conflitos de interesse por consultorias privadas prestadas por professores, por exemplo —, e até mesmo para a garantia da PI de inovadores modelos e ferramentas de ensino que sejam empregados em cursos de Desenvolvimento Profissional Continuado (CPD, na sigla em inglês). "É claro que não são apenas os estudantes que buscam uma titulação acadêmica que se beneficiam do conhecimento da universidade. O CPD gerou uma receita de £ 500 milhões [R$ 1,3 bilhão] no ano fiscal 2008-2009 para as universidades e significa uma renovação e atualização contínuas na base de conhecimento do Reino Unido."

Por último, o IPO destaca a importância de se criar e administrar o resultado da produção acadêmica — concretizada principalmente na publicação em periódicos científicos e também por outras formas de disseminação pública —, mas que deve ser valorizada também por meio de patentes e contratos com empresas privadas para o desenvolvimento de novas tecnologias. O manual indica a necessidade de que as políticas de PI atentem para a livre disseminação do conhecimento — sem deixar de considerar os possíveis reflexos da pesquisa no sistema de inovação —, para o surgimento de possíveis conflitos nos casos de pesquisa patrocinada — por empresas ou governo —, para estimular o empreendedorismo nos estudantes e para a transferência de tecnologia.

No ano fiscal 2009-2010, as atividades relacionadas à PI geraram uma receita de £ 84 milhões [R$ 217 milhões] para as universidades britânicas, a maior parte proveniente de royalties. Segundo o Escritório de Propriedade Intelectual do Reino Unido, no entanto, essa é apenas "uma pequena parte do impacto econômico" do novo conhecimento produzido nas universidades para a criação de empregos e para a inovação. "As universidades devem tomar cuidado ao estipular previsões não realísticas sobre o lucro dos direitos de PI", diz o documento, destacando que a aplicação prática do resultado da pesquisa "é mais importante do que a simples mensuração da receita gerada". O manual ressalta ainda que "estratégias de proteção dos direitos de PI podem ser importantes mesmo nos casos em que os retornos financeiros são pequenos para a instituição".

Os resultados da exploração dos direitos de PI podem ser importantes para as instituições, apesar de representarem uma pequena parcela da receita até mesmo das mais bem sucedidas universidades, informa o relatório. A interação das universidades britânicas com empresas e outras instituições mais do que dobrou desde 2001, informa o documento; no ano fiscal 2009-2010, ela gerou mais de £ 3 bilhões [R$ 7,8 bilhões]. Muitas dessas interações envolvem PI de maneira indireta, sendo que as transações diretas representam menos de 3% desse total, segundo dados da Higher Education Business and Community Interaction Survey (pesquisa anual feita pelo Higher Education Funding Council for England, ou HEFCE), apesar de ser um dos indicadores mais valorizados e visíveis dentro do processo de aplicação comercial das pesquisas.

O IPO defende que cada instituição faça sua própria combinação de estratégias de PI para criar uma política própria que seja condizente com a sua missão, valorizando vocações e diferentes modelos de negócios. "O desafio consiste em reconhecer de que maneira a PI pode ser usada estrategicamente em uma instituição individual", aponta o documento. Independentemente do clima econômico, as universidades que elegem a transferência de conhecimento como prioridade — e que invistam nisso — necessitarão de um retorno apropriado, conclui. "Esse retorno necessariamente incluirá elementos de recompensa monetária, tanto para os inventores quanto para a instituição, direta e indiretamente, benefícios sociais apropriados para o status beneficente da instituição, e impacto econômico na forma de lucros para as empresas privadas que podem ser medidos e mostrados para seus financiadores públicos."

Notícia Retirada do Portal Inovação da UNICAMP.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

MIT cria células solares que podem ser impressas em papel

Você já pensou em usar papel para ajudar a produzir energia? Essa situação pode parecer inverossímil, mas cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) provaram que isso é possível, desenvolvendo uma espécie de célula solar que pode ser impressa em diversos tipos de material flexível, como papel, tecido ou plástico PET.

Paineis fotovoltaicos imprimíveis já vinham sendo desenvolvidos há alguns anos, mas o estudo do MIT, liderado pelos professores de engenharia Vladimir Bulović e Karen Gleason, é o primeiro no qual pesquisadores conseguem criar um tipo de célula que pode ser fixado em um meio maleável.

Uma das diferenças em relação aos paineis comuns é que, enquanto estes são impressos através de um processo que usa líquidos e altas temperaturas, as novas células são fixadas através de um sistema a vácuo que utiliza vapores e temperaturas menores do que 120 graus Celsius, o que permite que os dispositivo seja impresso em substratos flexíveis.

Outra particularidade dessas células é que, mesmo se elas forem fixadas em um material que seja posteriormente dobrado ou amassado, o painel continua funcionando. Para testar essa característica, os estudiosos do MIT imprimiram o dispositivo em uma lâmina de plástico PET, dobrando e desdobrando-a mais de mil vezes, e ao final o painel não teve perda significativa no seu desempenho.

“Freqüentemente as pessoas falam sobre deposição em um dispositivo flexível – mas então elas não o dobram, para demonstrar efetivamente”, declarou Gleason. Além da flexibilidade, os cientistas perceberam que as células produzidas para o estudo no último ano ainda funcionavam, demonstrando que esse painel tem também uma grande vida útil.

Os pesquisadores acreditam que essa descoberta poderá ajudar a desenvolver formas de reduzir os custos de produção das células solares tradicionais, já que os substratos usados para fixar o dispositivo – geralmente o vidro – costumam ser mais caros do que os filmes fotovoltaicos em si.

Para se ter uma ideia, o metro quadrado de papel custa o equivalente a um milésimo da mesma metragem de vidro. Assim, utilizando materiais mais abundantes e baratos para imprimir as células fotovoltaicas, o preço das instalações solares poderia diminuir drasticamente, e, além disso, os paineis poderiam se tornar mais versáteis, uma vez que seria possível fixá-los também, por exemplo, em papeis de parede ou persianas.

Por enquanto, as células flexíveis têm uma eficiência energética de cerca de 1%, contra os 16% a 28% de eficiência dos painéis tradicionais. “É bom o suficiente para abastecer um aparelho elétrico pequeno”, afirmou Bulović. Porém, o professor de engenharia garante que os pesquisadores continuarão trabalhando para aperfeiçoar o dispositivo. “Demonstramos muito bem a robustez dessa tecnologia. Achamos que podemos fabricar células solares que podem alcançar um desempenho recorde de watts por quilo. Para células solares com tais propriedades, uma série de aplicações tecnológicas se torna acessível”, concluiu.
Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Governo cria 'Embrapa' da inovação

O governo federal anunciou a intenção de criar a "Embrapa da Inovação", uma empresa com gestão privada nos moldes da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O objetivo da instituição seria impulsionar a inovação no país, que ainda patina por dificuldades no desenvolvimento de pesquisa no setor produtivo.

A proposta da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) foi formalizada com a assinatura de um memorando de intenções na abertura da quarta edição do Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, em São Paulo, no último dia 3. Durante os seis meses iniciais, a Embrapii vai funcionar como piloto com uma injeção de R$ 30 milhões do governo, quantidade de recursos que a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e três institutos de pesquisa participantes colocarão no projeto.

Berço: 
A ideia, de acordo com o ministro Aloizio Mercadante (Ciência, Tecnologia e Inovação), é que esse dinheiro sirva para atrair novos projetos de inovação e para alavancar parcerias dos institutos de pesquisa com o setor produtivo. Depois disso, o dinheiro que movimentaria a Embrapii viria das próprias empresas que estão desenvolvendo os projetos de inovação.

A princípio, a nova empresa firmará parceria com o Senai-Climatec (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial da Bahia), o IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológica) e o INT (Instituto Nacional de Tecnologia). A proposta é ampliar essa rede para 30 instituições. "Daqui seis meses faremos uma avaliação da Embrapii e vamos ver como seguirão as atividades", disse Mercadante à Folha. "É um projeto pé no chão, estamos partindo do que já temos."

Gestão Privada:
A novidade é que a Embrapii terá administração privada. A gestão será conduzida por empresas de um conselho administrativo, que ainda serão escolhidas pelo governo e pela CNI. A intenção é que essas companhias sejam algumas das que já participam dos projetos com três institutos de pesquisa, como a Petrobras e a Vale."A gestão ser privada é um grande privilégio", analisou Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. "As empresas têm muita dificuldade para inovar e ganhar competitividade. Há burocracia, juros altos e, agora, o câmbio muito valorizado." 

Mercadante também anunciou que o nome da pasta que ele comanda passa a ser Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo o ministro, essa decisão foi tomada pela presidente Dilma Rousseff.

Notícia retirada da Folha.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Quem são os maiores inventores do Brasil

Conseguir uma patente é garantir a propriedade intelectual de uma inovação. Não precisa ser um novo produto: contam também as melhorias e as formas inéditas de usar o que já existe. Por isso, o número de patentes deveria ser um bom indicador de quanto cria uma sociedade ou organização. Mas, no Brasil, as companhias de todos os tamanhos ainda usam pouco a proteção legal da patente. Essa é uma das conclusões do mais recente levantamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) com as 50 instituições que mais fizeram pedidos de patente no Brasil entre 2004 e 2008. “Basta olhar para o que as empresas vêm fazendo e o número de patentes. Existem um descompasso muito grande”, afirma Jorge Ávila, presidente do INPI. Foram registradas no Brasil 27.050 patentes em 2008, o que representa crescimento de 18% na comparação com 2004. No primeiro semestre de 2011, uma contagem parcial indica 15.192 registros.

É a segunda edição da lista, publicada pela primeira vez em 2006, com dados do período de 1999 a 2003 (o atraso acontece porque os pedidos demoram ao menos 18 meses em análise). O ranking lista as instituições campeãs, todas com sede no Brasil, e o número de patentes que elas depositaram durante os quatro anos. Na interpretação do presidente do INPI, as empresas estão inovando mais do que patenteando.

Há várias explicações para isso. Entre as empresas menores pesa a falta de conhecimento de como e o que patentear. Entre os que têm conhecimento, as justificativas são outras. “Os empresários reclamam da lentidão, do custo do processo, do trabalho que dá que especificar a patente. Também reclamam que os concorrentes podem ver e copiar”, diz Alfonso Abrami, especialista em inovação na consultoria Pieracciani. O trabalho de Abrami é ajudar as empresas a inovar e a proteger suas criações. A falta de incentivo também está entre as reclamações. “Não existe a cultura de patentear no Brasil. Nós recebemos 15 prêmios de inovação no exterior. Ganhamos outros aqui, mas nenhum com a mesma importância, o mesmo reconhecimento”, afirma Régis Sá, gerente de novos negócios da Novelprint. O dono da empresa, o italiano Giuseppe Arippol, é a pessoa física que aparece em melhor colocação no ranking 2004 a 2008, na 16ª posição, com 51 patentes. Matheus Rodrigues, fundador da Máquinas Man, aparece na 37ª posição no período 2004 a 2008, com 30 patentes, mas é a pessoa física mais bem colocada num levantamento mais amplo, de 2000 a 2008 -- seu número de patentes sobe para 74.

O topo da lista é dividido entre grandes companhias e universidades. Petrobras e Whirlpool ficaram com a 1ª e a 4ª colocações, respectivamente. São empresas já com tradição de inovar – a Whirlpool em eletrodomésticos, a Petrobras na busca de petróleo abaixo do leito oceânico. Entre as criações da Whirlpool que renderam patentes está um forno que libera vapor d'água, para deixar o assado úmido. Na Petrobras, uma das invenções mais celebradas é uma ferramenta que permite expandir, no subsolo oceânico, a área de extração de petróleo ao redor de um poço já perfurado, sem aumentar o risco de vazamento. Antes, a empresa precisava usar os serviços de empresas que têm ferramentas equivalentes.

Unicamp, USP e UFMG completam o grupo de elite. Para as universidades, contou muito o incentivo dado pela Lei de Inovação, de 2004. Ela obrigou as instituições a criar uma agência de inovação para incentivar os professores a fazer parcerias com empresas e a proteger as invenções.

O cenário em que empresas e universidades avançam afastadas umas das outras não é o ideal. A agência Inova, da Unicamp, vem aproximando os dois lados. Ela consegue por ano, em média, cinco contratos de licenciamento de patentes para empresas. É apenas 10% do número de patentes que a universidade costuma pedir, um pequeno avanço diante dos resultados pífios dos anos anteriores a 2004. O pesquisador Nélson Durán, do Instituto de Química da Unicamp, diz que as companhias brasileiras ainda têm medo de procurar as universidades. “Falta para a indústria entender que os pesquisadores podem criar coisas boas para o mercado”, afirma. Um terço das patentes da Unicamp vem do departamento de química, que fez 217 pedidos até 2010. “Com as patentes, as universidads ganham poder de barganha para negociar com as empresas. Mas o ideal é que a parceria aconteça desde a concepção da ideia”, afirma o economista americano Walter Park, especialista em propriedade intelectual e inovação. Do lado das empresas também parece haver interesse. “É importante que as universidades façam pesquisas centradas nas necessidades contemporâneas, com resultados mais imediatos na vida das pessoas”, diz Mario Fioretti, gerente de inovação e design da Whirlpool na América Latina. Hoje as parcerias já acontecem, mas em frequência ainda muito baixa perto do potencial.

Relação dos 50 principais titulares de pedidos de patente depositados no Brasil, no período de 1999 a 2008, com prioridade brasileira.

Notícia retirada da Revista Época.

Guerra fria no Vale do Silício

No dia 1 de julho, um consórcio comprou em leilão mais de 6.000 patentes da Nortel, uma multinacional canadense de telecomunicações. Apple, Microsoft, RIM (fabricante do Blackberry), Ericsson e umas tantas outras fizeram a compra. Pagaram US$ 4,5 bilhões. O maior derrotado foi a Google, que disputava o pacote. Durante o mês, a Google foi também às compras e fez seu próprio pacote de patentes, um pouco mais de mil, trazidas da IBM, Verizon e outras tantas empresas. O Vale do Silício vive uma guerra fria na qual as armas são patentes.

Não era assim. Até meados dos anos 1990, o departamento responsável nos EUA relutava a emitir patentes de software. Após uma série de decisões da Justiça, foi obrigado a ceder. Virou uma das maiores ameaças à criatividade no Vale.

Patente é uma das três formas de estabelecer propriedade $. É diferente do copyright, que protege "obras autorais", em geral artísticas; é diferente de marcas registradas, que dão posse a símbolos, palavras que determinam a imagem de uma empresa. Patentes se referem a invenções.

Patentes de software são vagas: a descrição de uma função qualquer exercida pelo computador. E as equipes que aprovam patentes, nos EUA, não são especialistas. O resultado é que há um mundo de patentes à solta. Até coisas triviais foram patenteadas.

Existe uma patente para o ato de comprar áudio e vídeo online. Existe patente para comprar online com um só clique. (Pertence à Amazon.) Existe patente, até, para o ato de comprar online pura e simplesmente. Foram patenteadas os efeitos provocados pelo deslizar de um dedo na tela do celular ou "um sistema que grava um evento e produz cópias da gravação para distribuição após sua conclusão". Não raro, a mesma ação óbvia de um computador carrega duas ou mais patentes que garantem a posse daquela mesma ideia para indivíduos ou empresas diferentes.

Patentes existem para incentivar criadores a distribuir sua invenção. Com a garantia de que receberão um percentual da venda, soltam a ideia no mundo. Hoje, no Vale do Silício, servem para inibir inovação. É claro: a turma que largou a faculdade e foi parar numa garagem para inventar a nova revolução convive com uma foice pendendo sobre suas cabeças. É tão novo que, quando a Google nasceu, pouco antes da virada do século, o risco não existia. Hoje, algum advogado pode bater à porta e exigir um dinheiro porque, inadvertidamente, violam uma patente absurda qualquer.

Há nome para isso: são trolls de patentes. Na mitologia nórdica, trolls são gigantes meio lentos e um bocado agressivos. Em uma das lendas clássicas, um troll vive sob uma ponte e, quando alguém tenta ultrapassá-la, surge cobrando pedágio. Os trolls sob a ponte não têm posse sobre ela; cobram pedágio porque querem, porque podem. Trolls de patentes fazem o mesmo: aparecem do nada e cobram um passe para criadores de novas tecnologias. Muitas vezes, cobram se baseando em patentes genéricas de usos óbvios do computador.

Para as pequenas empresas iniciantes, muitas vezes, decide a morte. Mas mesmo as grandes estão começando a perder mais e mais tempo com o problema. Apple e Samsung estão envolvidas em uma guerra judicial de patentes. Oracle e Google estão noutra. Na briga da Apple contra a taiwanesa HTC, há 20 patentes diferentes listadas. A Microsoft já recebe uma mesada baseada em patentes dos cinco principais fabricantes de celulares Android. (A Microsoft recebe mais dinheiro de royalties da venda de celulares com Android do que todo seu lucro com Windows Phone 7.)

Neste jogo, todos violam patentes de todos. E é por isso que grandes empresas estão indo às compras. Quanto maior o número de patentes em seu arsenal, maior seu poder de fogo. Se a Google processa a Apple num canto, alguma patente a Apple terá para processar a Google no outro. This American Life, um popular programa da rádio pública americana, se refere ao jogo das patentes como um que garante a destruição mútua. Exatamente como EUA e URSS na guerra fria. Os advogados estão assumindo o controle do Vale.

Notícia retirada do jornal O Globo.

Reino Unido atualiza leis de direitos autorais

Reino Unido vai permitir gravação de mídiapara uso pessoal
A Grã-Bretanha afirmou nessa quarta-feira, 3, que irá inaugurar uma plataforma digital, onde licenças para obras protegidas por copyright poderão ser compradas e vendidas. A medida faz parte de uma modernização das leis de direitos autorais do país, que já datam de 300 anos atrás.

Ao mesmo tempo, o governo disse que descartaria propostas para bloquear sites que disponibilizam materiais que infringem copyrights após um órgão regulador descobrir que o plano era impraticável.

O secretário de Negócios, Vince Cable, disse que o governo de coalizão aceitou as “amplas descobertas” de uma análise independente que revelou que a reforma do cenário da propriedade intelectual na Grã-Bretanha poderia contribuir com até 8 bilhões de libras (US$ 13 bilhões) para a economia.“Liberando o sistema de copyrights de propriedade intelectual, ajudamos clientes, empresas e a busca pelo conhecimento. Mas, ao mesmo tempo, o fazemos de uma forma proporcional e balanceada que proteja artistas genuinamente criativos”, disse Cable em uma coletiva de imprensa.

Governos estão enfrentando o desafio de atualizar as leis para a era digital, que transformou modelos de negócio e criou oportunidades para a pirataria em massa.

A Grã-Bretanha também quer rebalancear sua economia para aumentar o crescimento além dos serviços financeiros, e vê a indústria criativa como uma potencial área de expansão. O governo apoiou uma proposta para uma “plataforma de troca digital de material com copyright”, simplificando a forma como empresas compram direitos para uso desse material.

A mudança ocorre após uma análise de Ian Hargreaves, professor universitário da Cardiff School of Journalism, afirmando que uma mudança pode contribuir com até 2,2 bilhões de libras ao ano para a economia britânica até 2020.

Cable disse ainda que o governo pretende “alinhar a lei com o senso comum” ao legalizar a cópia de CDs e DVDs para music players digitais ou computadores para uso pessoal. A mudança significa que consumidores poderão copiar um CD que compraram para outros aparelhos como iPods ou computadores domésticos. A medida não permite a difusão de conteúdo pela Internet sem a permissão do detentor dos direitos, como em sites de compartilhamento de arquivos.

O governo também acatará outra recomendação de Hargreaves de introduzir uma exceção para os copyrights de paródias, o que tornará legal que comediantes parodiem o trabalho de outra pessoa sem a permissão do detentor dos direitos.

Notícia retirada do Estadão.