Nesta terça-feira o GEDIPI traz mais uma dica de leitura, Biocombustíveis – A Energia da Controvérsia, uma publicação baseada em quatro artigos com visões bastante diferentes e por vezes opostas sobre o alcance e os limites dos biocombustíveis, suas vantagens e os riscos socioambientais que oferecem. A obra foi organizada pelo economista Ricardo Abramovay, coordenador do Núcleo de Economia Socioambiental da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e reúne textos de Ignacy Sachs, Marcos Jank, Jean Marc, Von der Weide e Arnoldo de Campos.
Trazendo um panorama amplo e heterogêneo, e por isso se tornando uma obra indispensável ao debate sobre o tema dos biocombustíveis. A leitura de traz além do entendimento do tema diversos posicionamentos, o leitor então recebe toda a base teórica mas passa também a vislumbrar através dos autores desde o desejo do sucesso dos biocombustíveis e sua efetividade até o pavor de sua implantação e por fim, tem a oportunidade de chegar a uma posição intermediária, mas ainda cheia de condicionantes.
O texto de apresentação do livro afirma que "os estoques mundiais de petróleo, teoricamente, estão condenados a se esgotar em breve. Mais importante, os danos causados pelo combustível fóssil ao meio ambiente se tornaram intoleráveis. Uma nova forma de energia se faz, portanto, necessária".
Nesse contexto, porém, o problema ambiental não é o único a ser debatido, diz Abramovay, que questiona: "afinal, os biocombustíveis são mesmo uma forma de energia ?limpa?? Contribuem verdadeiramente para a redução do efeito estufa? Seu emprego no mercado causará mudanças catastróficas, solucionando um problema e acarretando outros? Quais as conseqüências políticas, econômicas e sociais que sua adoção implica?"
Ainda no início do livro o organizador traz os pontos principais da questão,"os biocombustíveis se tornaram alvo de questionamentos quanto a sua sustentabilidade. A imprensa internacional afirma que sua expansão ameaça florestas tropicais - em especial a Amazônia - e, além disso, afetaria a produção de alimentos em escala mundial,acarretando inflação e fome. Críticas locais ao programa brasileiro de biodiesel inflamam o debate. Sua produção desvia o óleo alimentar para a obtenção de combustível e incentiva a substituição de culturas alimentares por energéticas. Ademais, o biodiesel seria economicamente inviável em comparação ao diesel, e a escolha de suas matérias- primas é equivocada, visto a soja - seu principal fornecedor - ter baixa produtividade em óleo por hectare." De maneira envolvente os autores expõem e analisam todos esses argumentos, os confrontam nos pontos em que acreditam ser necessários, tratam do assunto com sólidos argumentos construídos a partir pesquisas e estudos detalhados.
O que é de fato relevante, acima das diferenças de opinião, diz Abramovay, é que "a energia da controvérsia enriquece não apenas o debate intelectual, mas coloca os movimentos sociais, as organizações não-governamentais, o governo - em suma, a sociedade - no interior mesmo da organização dos mercados". O que para nós soa como um bom modo de fazer escolhas e buscar consensos.
A discussão
O artigo escrito por Ignacy Sachs que esta no livro, Bioenergias: uma janela de oportunidades, será discutido em nosso encontro na próxima semana. Na quinta-feira (25) as 16:00 horas no bloco 53 da UNISC discutiremos a leitura e analisaremos as questões trazidas no livro. Estão todos convidados.
Boa Leitura!

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