terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Fontes limpas de energia ainda longe de cumprir promessas

Um dos temas-chave da Rio+20, conferência global do meio ambiente que acontece este ano no Brasil, as fontes limpas e renováveis de energia enfrentam obstáculos para ganharem o espaço dos combustíveis fósseis na matriz energética mundial. Altos custos, baixa eficiência e pouca confiabilidade atravancam a expansão da geração solar e eólica, enquanto tecnologias como células de hidrogênio, etanol de celulose e biocombustíveis feitos com algas ainda não passam de promessas, demandando mais anos ou décadas de pesquisa e desenvolvimento para chegarem às ruas do planeta.

Segundo o relatório mais recente da Agência Internacional de Energia, as usinas solares, eólicas e outras do tipo responderam por apenas 0,8% de toda a energia no mundo em 2009. Enquanto isso, o último relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas sobre fontes renováveis prevê quatro cenários para o avanço no seu uso. No mais otimista, elas representariam 77% da energia do mundo em 2050, ajudando a manter a concentração de gases-estufa na atmosfera abaixo de 450 partes por milhão de dióxido de carbono, o suficiente para que a elevação da temperatura média global fique abaixo de 2 graus Celsius até o fim do século.

Já no cenário mais pessimista, a participação das fontes renováveis ficaria em apenas 15% do suprimento total de energia do planeta, com consequências desastrosas para o clima. Para evitar que isso aconteça, é necessário que sejam implantadas políticas fortes de incentivo à substituição dos combustíveis fósseis, defende Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ.

"O mercado não resolve tudo e o mundo está acordando para isso. É preciso a presença do Estado, dos órgãos reguladores, incentivos e planejamento, pois o principal empecilho para o avanço das fontes alternativas é seu alto custo comparativo. Hoje, carvão e gás natural, grandes emissores de gases-estufa, são as principais fontes de energia e vão continuar muito mais baratas do que as alternativas. Se não houver uma atitude enérgica, elas vão demorar muito para terem um peso significativo na matriz", afirma.

Discurso mais otimista que real - Nas ruas e estradas, os combustíveis fósseis deverão continuar a abastecer os tanques dos veículos ainda por muitos anos. Em todo mundo, a única iniciativa com resultados significativos ainda é o programa de etanol de cana brasileiro e, mesmo com todos incentivos e subsídios, o etanol de milho dos EUA é "sujo" e pouco eficiente, afirma Jayme Buarque de Hollanda, diretor-geral do Instituto Nacional de Eficiência Energética (Inee).

"A maior parte da energia utilizada para produzir o etanol de milho americano vem de usinas a carvão, o que faz com que ele na verdade seja de 70% a 80% combustível fóssil, e não exatamente uma fonte limpa e renovável", considera. "E mesmo o Brasil está tomando o caminho errado. Os carros flex na verdade são um crime em termos de eficiência, uma solução que não é boa tanto para o uso da gasolina quanto do álcool."

As outras opções para alimentar a frota mundial de veículos, como células de hidrogênio, etanol de celulose e biocombustíveis de algas, ainda precisam de muito tempo para que as tecnologias sejam desenvolvidas, amadureçam e se tornem comercialmente viáveis, diz Roberto Schaeffer, professor de Planejamento Energético da Coppe. "O discurso é mais otimista do que a realidade. Ninguém consegue ver nenhuma dessas tecnologias se tornando minimamente importantes antes de 2025. E os carros elétricos e híbridos, embora sejam um passo à frente, não são a solução. Não adianta o carro ser 100% elétrico se a energia que o alimenta é de uma usina a carvão. Só se estaria trocando poluição local por global", diz.

Segundo especialistas, a energia solar é e continuará muito mais cara que as fontes tradicionais nos próximos anos. Em geral, os painéis solares conseguem converter no máximo 20% da radiação recebida em eletricidade. E isso em dias claros e com iluminação direta do Sol. Além disso, uma simples poeira pode reduzir muito seu rendimento, sem contar que as usinas só geram energia durante o dia.

O panorama para a energia eólica, por sua vez, é um pouco melhor. Graças aos ganhos de escala na fabricação dos equipamentos com os fortes investimentos no setor, seus custos caíram acentuadamente nos últimos anos e sua eficiência aumentou. Mas, assim como a solar, ela também está muito sujeita às condições do clima, trazendo incertezas que farão com que sirva apenas como fonte complementar às tradicionais ainda por muitos anos.

"É preciso que tenhamos um pouco de tudo. Na hora que a China deixa de fazer uma usina a carvão para montar um parque eólico, por exemplo, a conta vai melhorando em favor do clima. Não será fácil repor o que se tem hoje só com fontes renováveis, mas vamos começar a ver uma transição nesta direção", declara Schaeffer.

Notícia retirada do Jornal da Ciência

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Casa Popular e Industria Solar

Se a presidente Dilma Rousseff desbloquear as verbas de seu principal programa habitacional, o Brasil colocará em prática o maior programa de aquecimento solar para moradias populares da América Latina. Embora ainda seja nanico no mercado mundial de energia solar para aquecimento de água, o País poderá ampliar em 240% a área instalada com painéis solares até 2014, para pouco mais de 21 milhões de metros quadrados. A liderança brasileira na América Latina seria ainda mais acentuada, deixando muito para trás o segundo país, o México, com área de 6,24 milhões de metros quadrados, um quarto de nosso parque solar, de acordo com o Departamento Nacional de Aquecimento Solar, da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Dasol/Abrava).

Dos 2 milhões de moradias a serem construídas entre 2011 e 2014, 860 mil deverão conter obrigatoriamente sistemas de aquecimento solar. No total, está prevista a instalação de 15 milhões de metros quadrados de coletores solares nos telhados das casas de famílias que ganham até três salários mínimos. O desafio é grande, tendo em vista que apenas 40 mil residências da primeira etapa do programa Minha Casa, Minha Vida foram entregues com painéis solares – o requisito não era compulsório. O principal argumento para o uso de aquecimento solar em moradias de baixa renda é o benefício econômico e ambiental de equipamentos como o chuveiro elétrico, que responde por 28% do consumo de energia.

“A perspectiva de colocar aquecedor solar em 860 mil residências permite à tecnologia que ganhe escala, além de reduzir em cerca de R$ 1,5 bilhão o montante de investimentos na expansão do parque gerador e distribuidor de energia elétrica”, calcula o urbanista Eduardo Baldacci, que faz parte do GT Solar, grupo responsável pela definição de critérios de instalação dos coletores solares nas casas do programa habitacional de Dilma. O urbanista Baldacci também destaca o componente social do programa. “A economia na conta de luz das famílias de baixa renda é palpável. Chega a 40% em alguns casos.”

A indústria de aquecedores solares reclama da morosidade do programa. “Embora expressivo, ele foi pouco operacionalizado em 2011, o que exigirá do governo esforço redobrado para compensar o tempo perdido”, preconiza Marcelo Mesquita, gestor do Dasol. Segundo ele, a demora foi causada pela transição entre Lula e Dilma. O Ministério das Cidades não esclareceu à reportagem os motivos do atraso. “Mesmo com esse atraso, acreditamos na viabilidade do programa. A indústria nacional tem capacidade para atender ao aumento substancial da demanda, uma vez que recentemente realizou investimentos”, tranquiliza Mesquita, sem fornecer detalhes sobre os aportes das empresas.

Hoje, diz ele, a indústria opera com capacidade ociosa, em apenas um turno diário, o que abre margem para adicionar mais dois turnos. O investimento total previsto na fase 2 do Minha Casa, Minha Vida é de R$ 125,7 bilhões. Dos 2 milhões de moradias que o governo pretende entregar, só 354 mil unidades foram contratadas, segundo balanço divulgado em dezembro pela presidente Dilma. Ou seja, menos de 18% do total.

Para driblar o atraso do programa, secretarias estaduais de habitação estão se aliando ao governo federal. Um exemplo disso é a agência de fomento à habitação Casa Paulista, criada em setembro de 2011 pela Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo com o objetivo de ampliar a oferta de moradias e a captação de recursos para esse fim. Um dos meios é utilizar recursos do Minha Casa, Minha Vida.

Segundo Reinaldo Iapequino, subsecretário da Casa Paulista, as 150 mil moradias a serem construídas entre 2012 e 2015 deverão incorporar sistemas de aquecimento solar e outras tecnologias verdes, a exemplo do que já vem sendo feito pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU).

Além disso, a parceria buscará compartilhar tecnologias de construção verde com os gestores do programa federal. Na avaliação de Marcos Casado, gerente-técnico do Green Building Council Brasil, o uso de tecnologias verdes ainda é tímido no programa. Isso se deve, em parte, ao mito de que adotar padrões de construção verde “custa caro”.

“Quando os primeiros empreendimentos foram inaugurados, falava-se em custo adicional de 30% em relação a um projeto sem tecnologias sustentáveis. Era o preço do aprendizado”, lembra Casado. Hoje, afirma, é possível construir adotando tais tecnologias gastando cerca de 5% a mais no projeto. “Mas o investimento também tem retorno financeiro rápido, uma vez que diminuem gastos com água, energia e manutenção.”

Notícia retirada da Revista Página22

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

7 super tendências verdes para 2012

Confira uma seleção de iniciativas sustentáveis, do setor de energia ao da construção e tecnologia, que ajudam a minimizar nosso impacto sobre o planeta e prometem ganhar força este ano.

Ecotelhados: Eles absorvem água da chuva, agem como isolantes térmicos, reduzem o consumo de energia e, de quebra, embelezam a cidade. Cada vez mais, os ecotelhados ou telhados verdes ganham adeptos pelo mundo. Mas, longe do que se imagina, eles não são frutos dos tempos atuais. O mais antigo e, talvez, famoso exemplo de cobertura ecológica são os Jardins Suspensos da Babilônia.

Agora, diante das preocupações ambientais, eles ganharam força. Hoje em dia, muitos telhados verdes são instalados para atender à legislações locais relacionadas ao gerenciamento de águas pluviais, devido à impermeabilização dos solos urbanos. Países como Alemanha e Suíça já exigem que parte dos edifícios novos tenham coberturas vegetais. Nos Estados Unidos, a prática de jardinagem dá vez ao cultivo agrícola no topo dos prédios. De Manhattan ao Brooklyn, as hortas verticais se multiplicam, produzindo vegetais, frutas e hortaliças.

A vez dos containers: A ideia de transformar um container em um espaço habitável não é nova, mas ganhou visibilidade após o terremoto, seguido de tsunami, que abalou o Japão em março de 2011. Com um país em destroço, os containers adaptados serviram como moradia temporária para milhares de desabrigados. Atualmente, eles caíram nas graças dos arquitetos e viraram moda no mundo da construção sustentável, servindo como casas de características inovadoras e até mesmo como espaços comerciais.
Ecotáxis: Os táxis desempenham um papel fundamental no transporte público das cidades. Mas como qualquer veículo comum, movido a combustível fóssil, contribui para a poluição do ar e para emissão de gases efeito estufa. Cientes deste efeito negativo, um número cada vez maior de cidades tem incluído as frotas de táxis em programas de combate ao aquecimento global.Para melhorar a qualidade de vida e reduzir emissões, São Francisco, na Califórnia lançou em 2007 um programa de incentivo para que as companhias de táxis adquirissem carros com tecnologia limpa. Atualmente, 78% da frota da cidade (de 1,5 mil carros) é composta por táxis híbridos ou movidos a células combustíveis a gás natural comprimido (GNC). Entusiasta desta tendência, Londres, que já usa veículos elétricos em táxis comuns, já começou a substituir toda a frota de seus icônicos Black cabs por modelos iguais por fora, mas movidos a células de combustível a hidrogênio.
Computação em nuvem: Tendência na área de tecnologia da informação, o cloud computing tem se revelado não só como opção econômica e segura para armazenar informações e cortar gastos operacionais, mas como uma aliada no processo de redução das emissões de carbono. Um estudo do CDP (Carbon Disclosure Project), principal plataforma de reporte de emissões adotada há mais de dez anos pelas maiores companhias do mundo, mostra que uma empresa que aposta na virtualização de servidores pode reduzir seu consumo de energia e ainda diminuir as emissões de carbono pela metade.Algumas gigantes do setor, como Google e Facebook já utilizam o serviço. Até 2020, grandes companhias britânicas que utilizam a computação em nuvem poderão economizar 1,2 bilhões de libras (3,3 bilhões de reais) em energia e evitar a emissão anual de 9,2 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o equivalente a retirar das ruas 4 milhões de carros de passeio.
Car sharing: Os serviços de aluguel de carros por períodos determinados prometem aquecer o mercado de transporte verde. Em grandes centros urbanos, esse tipo de programa vem sendo considerado um aliado para redução dos níveis de poluição. Claro que não são todos que oferecem carros elétricos, mas alguns importantes, como o Autolib, em Paris, e o City Car Share, em São Francisco, nos EUA, usam apenas modelos ecológicos. Com isso, quem nunca dirigiu um elétrico mas simpatiza com a proposta pode alugar os veículos e se divertir, e mesmo aqueles mais céticos em relação à tecnologia podem experimentar e, quem sabe, acabar gostando.
Iluminação a LED: Apesar de não ser novidade no mercado, a iluminação a LED vem ganhando atenção à medida que aumentam as preocupações com a economia de energia. Recentemente, ela pode ser encontrada dos mais variados equipamentos, de celulares à aparelhos de tv.Estima-se que a iluminação a LED represente cerca de 15% do mercado atualmente. Um estudo feito pela companhia inglesa de eletricidade Energy Saving Trust (EST) prevê que essa tecnologia domine o mercado até 2015.As vantagens são inúmeras. Na iluminação pública, o gasto com energia pode cair pela metade e em áreas residenciais e comerciais, a economia pode chegar a 90%.
Smart grid: Na transição para uma economia mais limpa e verde, as redes inteligentes de energia estão entre os setores que mais chamam a atenção de investidores. Em quatro anos os investimentos em smart grid somaram 161 bilhões de dólares. Ao contrário da medição manual de energia atualmente realizada pelas empresas do setor, o sistema inteligente evita erros de medição e permite detectar mais rapidamente eventuais pontos de interrupção no fornecimento de energia. Com o monitoramento em tempo real, as operadoras de energia podem responder mais rápido a um problema na transmissão de energia, por exemplo. Outro benefício é o controle de fraudes e redução no custo de manutenção da No Brasil, Aparecida do Norte será a primeira cidade do estado de São Paulo a receber um projeto piloto de smart grid.
Matéria retirada da Revista Exame.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Investimento de R$ 35 milhões deverá criar até 1,2 mil vagas em Pelotas

A partir de junho se tornará comum a entrada e a saída de navios pesqueiros de bandeira asiática no Canal São Gonçalo em Pelotas. A movimentação fará parte do início das operações do estaleiro Oxnaval, que está em implantação em Pelotas, no sul do Estado, e já fechou contrato para atender à demanda de 3 mil embarcações pesqueiras coreanas, japonesas, tailandesas e chinesas que atuam na região das Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul.

O investimento de R$ 35 milhões, prevê geração de até 1,2 mil empregos. O interesse da Oxcorp – grupo carioca que assina o empreendimento – é por mão de obra local.

Para que haja pessoas qualificadas para o trabalho, estão sendo desenvolvidos módulos de cursos específicos à função, principalmente de soldador e eletricista. Os cursos serão oferecidos em parceria com a Agência de Desenvolvimento da Lagoa Mirim, que realizou a viabilidade do estaleiro, e têm previsão de início para março. Ainda não foram definidas carga horária, número de vagas ou critérios de seleção.

O estaleiro está sendo construído em uma área de cinco hectares, junto ao Canal São Gonçalo, em um terreno à direita do Engenho Coronel Pedro Osório. Serão dois cais de atracação, com capacidade para receber entre 12 e 14 embarcações ao mesmo tempo – navios com até cem metros de comprimento e 3,5 mil toneladas.

De acordo com o diretor da Oxcorp, Giusepe Miraglia, o interesse das empresas internacionais se deve aos altos custos cobrados nos portos do Rio da Prata, além de Uruguai e Argentina não suportarem a demanda. O novo estaleiro foi lançado oficialmente pelo grupo Oxcorp na manhã do dia primeiro de janeiro.

Notícia retirada do Jornal Zero Hora

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

'Crise é oportunidade para propostas', diz Ignacy Sachs "Investir na economia verde significa apostar numa dimensão socioambiental do desenvolvimento"

Ignacy Sachs foi o precursor do conceito de ecodesenvolvimento - que, na década de 1970, designava um modelo mais equânime e ambientalmente correto de produção, distribuição e consumo de bens. Posteriormente, a ideia preconizada por ele ganhou outros contornos e passou a ser conhecida por desenvolvimento sustentável.

O economista e sociólogo polonês viveu no Brasil e estudou no Rio de Janeiro. Trabalhou na organização da Primeira Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, a Estocolmo-72, realizada na Suécia, e na Cúpula da Terra, mais conhecida como Rio-92.

Sachs falou ao Estado sobre a Rio+20 e o novo conceito de economia verde que a conferência irá abordar.

Economia verde remete a um conceito conciliador, apontando para as oportunidades de negócios que se abrem com as questões climáticas, em vez de pontuar as dificuldades e o custo que a transição pode (e deve) acarretar. O senhor acredita que esse conceito tem mais chances de trazer para a mesa de negociações climática os países que estão pouco interessados na chamada transição?

Para mim, o termo economia verde remete à dimensão ambiental que não pode ser dissociada da dimensão social. Devemos buscar estratégias de desenvolvimento capazes de responder simultaneamente às urgências sociais e ambientais.

Muitas nações emergentes devem estar temendo que a ideia de economia verde sirva de justificativa para o protecionismo e a imposição de barreiras comerciais e econômicas não tarifárias. O senhor crê que isso pode acontecer?

Não se pode abrir mão da dimensão ambiental (ou social) do desenvolvimento só porque poderia ser invocada para justificar o protecionismo. Por outro lado, não penso que o protecionismo seja uma palavra feia. Os países ex-coloniais e menos desenvolvidos devem, em certas circunstâncias, usar o protecionismo como um instrumento de política econômica.

Economia verde parece ser um dos muitos filhotes do seu conceito pioneiro de ecodesenvolvimento. O que separa ambos os conceitos?

O ecodesenvolvimento se refere a um desenvolvimento socialmente includente e ambientalmente sustentável. A economia verde não inclui explicitamente a dimensão social.

De acordo com o relatório A caminho da Economia Verde, lançado no ano passado pelo Pnuma, o conceito diz respeito a uma economia de baixo carbono, eficiente no uso de recursos naturais e que promova a inclusão social. Pela sua experiência, quanto tempo acha que a humanidade tem pela frente até que boa parte do mundo esteja apta a essa transição e convencida de sua necessidade?

O relatório incorpora corretamente a questão da inclusão social no conceito da economia verde. Quanto à questão se seremos capazes de efetuar a transição ainda na primeira metade do século 21, é praticamente impossível responder por antecipação. Pessoalmente, acho que o presidente Obama tem razão quando diz "yes we can". Eu apenas acrescentaria "yes, we still can". Ainda podemos, à condição de não perdermos tempo.

A transição para estratégias menos destrutivas da natureza e mais equitativas na partilha do produto não pode ser protelada indefinidamente. A Rio+20 oferecerá uma boa oportunidade para alertar a opinião pública mundial sobre a necessidade urgente de mudar rapidamente de rumo, se não queremos enfrentar mais algumas décadas crises, cuja superação vai acarretar uma altíssimo custo social.

A questão energética é especialmente delicada tanto para emergentes como o Brasil, tido como um exemplo de uso de fontes limpas e renováveis, quanto para países desenvolvidos que têm matrizes mais intensivas em emissões. Qual é sua opinião acerca da transformação da Amazônia na nova fronteira energética do Brasil?

O Brasil não pode renunciar à utilização do potencial hidrelétrico dos rios amazônicos. Em cada projeto novo, convém, no entanto, analisar com a maior atenção os seus impactos sobre a floresta, com vistas à sua diminuição mediante a escolha das tecnologias empregadas e a compensação eventual por reflorestamento em outras áreas.

O Brasil planeja mais quatro usinas nucleares (duas nas margens do Rio São Francisco e mais duas na Região Sudeste). O senhor crê que, para um país como o nosso, a produção de energia nuclear seja uma solução? Ou devemos aproveitar nosso potencial hidrelétrico ao máximo, antes de pensar na alternativa nuclear?

Pessoalmente, acredito que o Brasil tem à sua disposição um elenco suficientemente abrangente de tecnologias de produção de energia para não privilegiar neste momento a energia nuclear. A probabilidade de acidente é extremamente reduzida, porém as consequências podem ser desastrosas, como o mostram os exemplos de Chernobyl e Fukushima.

Dois especialistas franceses do assunto, Benjamin Dessus e Bernard Laponche, acabam de publicar um estudo, cujo título é todo um programa: Acabar com o Nuclear - Por Que e Como. (Éditions du Seuil, Paris, 2011.) A Alemanha, a Suíça e a Bélgica já decidiram uma saída a termo do nuclear, a Itália se pronunciou num referendo contra o retorno ao nuclear.

O desperdício é um dos grandes desafios brasileiros, em todos os setores. Nossa média de desperdício de água é altíssima e o mesmo acontece com a energia. O relatório A caminho da Economia Verde aponta a eficiência no uso dos recursos como uma das áreas prioritárias para a transição para a economia verde. Como analisa essa cultura do desperdício?

Concordo em grau e gênero com todos aqueles que enfatizam a importância de atuar no sentido da redução dos desperdícios de recursos naturais.

O conhecido economista polonês Michael Kalecki trabalhava com a seguinte equação: R = I / K - A + U, na qual R é a taxa de crescimento da economia, I é o coeficiente de investimento, K a relação capital/produto, A a taxa de amortecimento e U a taxa de utilização mais eficiente dos recursos.

Não é fácil inculcar uma cultura de manejo eficiente dos recursos. Porém, trata-se de uma reserva importante para aumentar a taxa de crescimento da economia sem aumentar os investimentos.

O rascunho zero da Rio+20, lançado na semana passada, fala em erradicação da pobreza, mas não menciona redistribuição de riqueza. O senhor acha possível alcançarmos um modelo mais justo de desenvolvimento apenas pela via da melhora tecnológica?

A luta contra a pobreza passa por dois canais: a geração de oportunidades de trabalho decente e melhor remunerado para todos e a redistribuição da renda, financiando programas sociais de saúde, educação, acesso à moradia, etc.

O progresso tecnológico por si só não resolve os problemas da disparidade social. Ao contrário, muitas vezes provoca o seu agravamento, na medida em que os seus frutos são apropriados por uma minoria.

O senhor crê que a crise econômica pode atrapalhar a Rio+20 - no sentido de impedir acordos com metas, ainda que voluntárias - ou acha que a crise pode estar sendo usada para justificar a posição reticente de determinadas nações quanto a negociações sobre clima, emissões e padrões de consumo?

Penso, ao contrário, que a crise é uma oportunidade para apresentar propostas de saída voltadas à solução simultânea dos problemas sociais e ambientais que se agudizaram por meio das formas tradicionais de (mau) desenvolvimento.

Se não mudarmos de rumo, corremos o risco de graves problemas ambientais e de polarização ainda maior entre as minorias abastadas e as maiorias condenadas a lutar pela sobrevivência.

Quais seriam, em sua opinião, as maiores implicações da transição para uma economia verde em países emergentes como o Brasil ou a Índia? E quais seriam as implicações para países desenvolvidos, mas com uma dívida interna enorme, como os EUA?

Repito que, para mim, o tema central é a transição para uma economia socialmente includente e mais justa e ambientalmente sustentável. Por que chamá-la só de verde? A minha bandeira é verde e vermelha (espero que os portugueses me perdoem por essa apropriação).

O Brasil e a Índia são os dois abre-alas do bloco dos emergentes, com vários séculos de cooperação avant la lettre que começaram na época colonial. São os candidatos naturais para organizar o bloco de maneira a induzir as Nações Unidas a se empenharem na elaboração e implementação de um plano mundial de desenvolvimento includente e sustentável baseado numa maior cooperação científica e técnica entre países que possuem biomas similares (floresta tropical úmida, semiárido, savana, etc) e cofinanciado por um Fundo das Nações Unidas de desenvolvimento includente e sustentável, composto por uma contribuição de 1% do PIB dos países ricos, a taxa Tobin sobre as especulações financeiras, um imposto sobre as emissões de carbono a ser estabelecido e pedágios sobre ares e mares cobrados das aeronaves e navios pertencentes a países desenvolvidos.

Esperemos que os países mais ricos do planeta entendam a importância da cooperação Sul-Sul e a apoiem.

Economista polonês, naturalizado francês, Ignacy Sachs viveu no Brasil durante sua juventude, para onde veio como refugiado da 2ª Guerra. Estudou no Liceu Pasteur, em São Paulo, e cursou a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro.

Artigo publicado no Estadão.

Investimentos em renováveis atingem US$ 260 bi em 2011

Se o ano de 2011 não foi bom para a economia mundial, o mesmo não se pode dizer para o setor de energias renováveis. Embora o crescimento tenha sido muito mais tímido no último ano (5% entre 2010 e 2011) do que no período anterior (30% entre 2009 e 2010), ainda assim houve um aumento considerável desta indústria, que chegou aos US$ 260 bilhões, atingindo cinco vezes mais investimentos do que em 2004.

“Os números recordes de investimento para 2011 são particularmente impressionantes porque foram atingidos durante um ano turbulento para a economia mundial em geral e para o setor de energia limpa em particular”, aponta o relatório desenvolvido pela Bloomberg New Energy Finance, empresa de consultoria de mercado. 

“A indústria sofreu pressões severas nas margens de lucro dos fabricantes, uma queda acentuada nos preço das ações, algumas bancarrotas notáveis, cortes no apoio subsidiário do governo europeu e uma redução na disponibilidade de financiamentos bancários”, explicou o documento.

Os dados revelam que os Estados Unidos voltaram ao primeiro lugar como país que mais investe nas energias renováveis. Os financiamentos do país no setor alcançaram os US$ 55,9 bilhões, subindo 33%. “A notícia de que os EUA voltaram para a liderança no investimento em energia limpa no último ano tranqüilizará aqueles que temiam que a nação estivesse ficando atrás de outros países”, comentou Michael Liebreich, diretor executivo da Bloomberg.

Apesar disso, a análise sugere que o aumento dos investimentos nos EUA foi impulsionado principalmente pela intenção das empresas norte-americanas de incluírem seus projetos no Programa Federal de Garantia de Empréstimos e outros planos de subsídios do governo antes que estes expirassem, o que está planejado para acontecer no final de 2012.

“A principal medida de apoio restante no país para energias renováveis, o Crédito Fiscal de Produção, está programado para cair no final de 2012, a menos que seja estendido. Pode haver uma corrida para concluir os projetos em 2012, seguida por uma queda no investimento em 2013 se ela expirar”, observou Liebreich.

A China ficou em segundo lugar em investimentos renováveis em 2011, crescendo 1% e batendo na casa dos US$ 47,4 bilhões. Na Europa, os financiamentos chegaram a US$ 100,2 bilhões, com um crescimento de 3%.

Além da China, outros países emergentes, como a Índia e o Brasil, também tiveram um aumento nos financiamentos renováveis, de 52% (atingindo US$ 10,3 bilhões) e 15% (alcançando US$ 8,2 bilhões), respectivamente. “[Os emergentes] precisam de mais geração de energia e não querem necessariamente que seja o carvão”, declarou Ethan Zindler, diretor de análise política da Bloomberg, ao jornal The Guardian.

Outro relatório, do grupo de assessores de mudanças climáticas do Deutsche Bank, confirmou o crescimento nos investimentos renováveis em 2011, e apresentou a cifra de US$ 140 bilhões nos primeiros nove meses do último ano, contra os US$ 103 bilhões no mesmo período de 2010.

Os menos e os mais de 2011

A grande estrela dos investimentos renováveis em 2011 foi a energia solar, que atingiu US$ 136 bilhões, um salto de 36% em relação a 2010. Os biocombustíveis também tiveram um pequeno aumento, de US$ 8,6 bilhões para US$ 9 bilhões.

“O desempenho do [setor] solar é ainda mais notável quando você considera que o preço dos módulos fotovoltaicos caiu em cerca de 50% durante 2011, e agora está 75% menor do que há três anos, na metade de 2008. O custo da tecnologia PV caiu, mas o volume de PV vendido aumentou muito mais à medida que se aproximava da competitividade de outras fontes de energia”, analisou o diretor executivo da Bloomberg.

Já outros setores da indústria renovável foram eclipsados pelos obstáculos da recessão financeira. A energia eólica, por exemplo, segundo setor que mais recebeu investimentos na indústria renovável, com US$ 74,9 bilhões, teve uma queda de 17% em seus financiamentos em relação a 2010.

Com a queda dos preços das turbinas eólicas e a concorrência dos produtos chineses, algumas fabricantes ameaçam reduzir sua produção e demitir até 10% de seus empregados para tentar competir no mercado.

E segundo Zindler, o término gradual de alguns planos de subsídios e de recuperação econômica podem afetar as perspectivas para o setor também em 2012.“A maioria desses dólares já foi gasta agora. O que isso significa é que no próximo ano a indústria terá que ser mais competitiva e mais eficiente sem o apoio do governo”, afirmou.

O setor de smart grids, que inclui armazenamento de energia, eficiência energética e tecnologias avançadas de transporte e foi o terceiro que mais recebeu investimentos, também teve uma queda de 17%, atingindo US$ 19,2 bilhões. Já o de biomassa caiu 18% para US$ 10,8 bilhões, o geotérmico de US$ 3,2 bilhões para US$ 2,8 bilhões, o de pequenas hidrelétricas resvalou 25% para US$ 3 bilhões e o de energia marinha se manteve com US$ 0,3 bilhões.

Apesar das conturbações nesses setores, Liebreich acredita que não há motivo para preocupações excessivas. “2012 parece ser outro ano desafiador, com a crise financeira europeia continuando a prejudicar, e a cadeia de suprimentos planejando uma forma de sair de um terrível excesso de capacidade. Mas rumores sobre a morte da energia limpa foram muito exagerados”, ponderou.

“No geral, 2011 foi um ano melhor para a indústria de energia limpa do que a cobertura da imprensa levaria alguém a acreditar. Estamos vendo uma nova geração de tecnologia começando a atingir o mercado, e estamos esperando anúncios importantes de algumas das maiores companhias de energia e engenharia do mundo à medida que elas se aproveitam das atuais condições de mercado para se estabelecerem no setor”, concluiu o diretor executivo.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Desperdício de energia faz Brasil amadurecer implantação de "smart grids"

 
Quinze de cada 100 quilowatts (kW) de energia elétrica produzida no Brasil se perdem entre a geração e o consumo. De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a proporção é mais do que o dobro da registrada em outros países (até 7%) e acima da oferta interna de energia com base em carvão, gás, petróleo e energia nuclear (que somam 14,4%, segundo o Balanço Energético Nacional).

A perda de energia (causada principalmente pelo furto por meio de instalações irregulares, o chamado gato) motivou o CGEE a fazer um amplo estudo sobre o uso de redes inteligentes (ou smart grids, como são mais conhecidas em inglês) para gerenciamento da geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. Até março, o centro publica um estudo que identificará iniciativas no Brasil e no exterior para o desenvolvimento de tecnologia que monitore o funcionamento do sistema elétrico.

A tecnologia pode informar em tempo real, por exemplo, a ocorrência de pane e a eventual suspensão do fornecimento. “Quando cai a energia, seja lá por qual motivo, você liga para a concessionária. Pelo smart grid, isso passa a ser automático, não precisa ligar”, explicou Ceres Cavalcanti, assessora do CGEE. Segundo ela, o smart grid melhora o serviço que é prestado pelas concessionárias. “Essas empresas conseguirão ter mais informação para poder prestar o melhor serviço ao seu mercado e a seus clientes”, defendeu a assessora.

Além das concessionárias, o uso de redes inteligentes permite que os usuários façam o controle do consumo diretamente. No futuro, quando houver tarifa diferenciada conforme o horário, os medidores domésticos informarão quanto está sendo gasto a cada momento e o valor das tarifas cobradas, dando a possibilidade de o consumidor utilizar os eletrodomésticos em horário de tarifas mais baratas.

População gera própria energia
Outra possibilidade é tornar o consumidor credor do sistema. Quem captar energia solar em casa, por exemplo, poderá ter desconto nas tarifas, pois a rede inteligente identifica a geração doméstica de energia. “Imagina os consumidores passarem a ser pequenos geradores, vai ser um grande quebra-cabeça. E aí talvez vai ter de mudar essa política de otimização [do consumo]. Esse passo não é tão rápido, porém extremamente possível”, projetou Ceres Cavalcanti, destacando que “hoje, a informação do sistema elétrico é direcional. Com o smart grid, passa a ser bidirecional. O consumidor passivo passa a ser ativo e vai ter vários tipos de serviços”.

Para a assessora do CGEE, a adoção do smart grid vai gerar negócios para a indústria de componentes do sistema elétrico e também para a área de tecnologia da informação e comunicação. “Isso melhora todo o sistema e encontramos nisso outras oportunidades. Vai gerar um mercado muito bom para a indústria. E isso tem vários desdobramentos no sentido de desenvolvimento de ciência e tecnologia. Tem uma série de linhas de pesquisa que podem vir a partir daí”, destacou.

O uso de redes inteligentes no sistema elétrico vai possibilitar economia de energia elétrica. O benefício, no entanto, não isentará o país de continuar investindo na ampliação da geração de energia. “É maravilhoso investir nesse caminho, mas isso não substitui a expansão completamente. O país cresce em termos de consumo de energia mais de 5% ao ano, o que é acima do crescimento do Produto Interno Bruto”, ponderou Ceres Cavalcanti, ao lembrar que há demanda reprimida pelo uso da energia, ainda cara para muitos usuários.

Notícia retirada do Portal EcoD.

Estudo indica que não há evidências entre som de turbinas eólicas e doenças

A energia dos ventos é uma das grandes heroínas da energia limpa, mas suas turbinas são vistas como vilãs por algumas comunidades que vivem perto de fazendas eólicas. Alguns grupos acusam os geradores de fazerem um barulho muito intenso, atrapalhando o cotidiano da população e causando distúrbios como insônia, dores de cabeça, perda auditiva, doenças cardiovasculares e até diabetes.

Mas uma nova pesquisa do Departamento de Proteção Ambiental de Massachusetts, apresentada na última terça-feira (17), sugere que não há indícios científicos suficientes para comprovar a ligação entre o barulho produzido pelos geradores eólicos e os diversos problemas de saúde – chamados de ‘Síndrome da Turbina Eólica’ – apontados pelos moradores das comunidades localizadas perto de parques eólicos.

O estudo foi realizado por um painel do departamento composto por físicos, especialistas em ruído acústico e infrassons, saúde pública, distúrbios do sono, engenharia mecânica, epidemiologia e neurociência.

“Não há evidências de um conjunto de efeitos para a saúde causado pela exposição a turbinas eólicas que possa ser caracterizado como uma ‘Síndrome da Turbina Eólica’. Alegações de que infrassons de turbinas eólicas impactam diretamente o sistema vestibular [auditivo] não foram demonstradas cientificamente. Evidências disponíveis mostram que os níveis de infrassons perto de turbinas eólicas não podem impactar o sistema vestibular”, apontou o relatório.

“Nenhuma das evidências epidemiológicas limitadas analisadas sugere uma associação entre o ruído das turbinas eólicas e dor e rigidez, diabetes, pressão sanguínea alta, zumbido, perda auditiva, doenças cardiovasculares e dor de cabeça/enxaqueca”, acrescentou o documento.

No entanto, a análise indica que há evidências que apontam para uma ligação entre a proximidade com geradores eólicos e o aumento da irritabilidade. Porém, ainda não se sabe ao certo se esse comportamento é causado pelo barulho em si ou pela visão dos geradores.

“Há evidências cientificas limitadas sugerindo uma associação entre a exposição a turbinas eólicas e irritação. Há evidências epidemiológicas insuficientes para determinar se há uma associação entre ruídos de turbinas eólicas e uma irritação independente da visão de uma turbina eólica e vice-versa.”

Outro problema que o estudo sugere que pode ser causado pelo barulho dos geradores são os distúrbios do sono. “Há evidências limitadas de estudos epidemiológicos sugerindo uma associação entre o ruído de turbinas eólicas e distúrbios do sono.”

Neste aspecto, o painel recomenda que sejam feitas mais pesquisas sobre o impacto de “turbinas muito barulhentas”, que poderiam alterar padrões do sono de alguns indivíduos, embora os cientistas tenham escrito que turbinas silenciosas não alterariam nem um sono “mais leve”.

Apesar das indicações da análise, alguns grupos que vivem perto de geradores eólicos afirmam que as turbinas causam sim problemas de saúde, mas que já esperavam por esse resultado, alegando que os governos e os fabricantes de geradores querem instalar as usinas eólicas a qualquer custo, não se importando com os efeitos que isso possa ter para a população.

O relatório ficará disponível para comentários durante um período de 60 dias até 19 de março, no qual serão realizados três encontros para que se possa compreender a reação do público à pesquisa.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Rumo a uma sociedade da partilha?

Por Ricardo Abramovay*
Não é inocente o uso da palavra revolução no nome de batismo das eras econômicas. Mais do que técnicas e possibilidades de mercado, o que está em jogo na terceira revolução industrial anunciada por Jeremy Rifkin é um novo poder: partilhado, descentralizado, colaborativo ou, para usar a expressão do título de seu último livro, lateral. Em comum com as duas revoluções industriais anteriores, a do século XXI também emerge da convergência entre novos meios de comunicação e formas inéditas de produção de energia. A coerência dos grandes períodos históricos dos últimos dois séculos é dada por essa unidade entre comunicação e energia. O carvão e o vapor, no século XIX, abrem caminho não só para estradas de ferro, e imensas frotas navais, mas também para a massificação de materiais impressos, o que favorece o surgimento da educação pública na Europa e nos Estados Unidos. Na segunda revolução industrial, que domina todo o século XX, o petróleo e a eletricidade permitem o motor a combustão interna, o automóvel individual e, sobretudo a comunicação apoiada em grandes centrais elétricas: telégrafo, telefone, rádio e televisão.

A terceira revolução industrial tem como marca central a rede de energia/internet. O fundamental não está na energia, na internet ou na noção de rede, e sim na junção das três: não só a energia, mas parte crescente da prosperidade do século XXI virá de uma organização social assinalada pela descentralização, pela cooperação e pela partilha.

O prognóstico já seria intrigante se partisse de um destacado acadêmico ou de um ativista ligado a movimentos sociais globais. Mas Rifkin tem ainda a qualidade de hábil articulador voltado ao diálogo com importantes dirigentes políticos contemporâneos e personalidades centrais na formulação e execução das estratégias de empresas globais. Professor do Wharton School’s Executive Education Program, da Universidade da Pensilvânia, autor de 18 livros (entre eles, já traduzidos para o português, A Era do Acesso, O Fim dos Empregos, A Economia do Hidrogênio e O Sonho Europeu), Rifkin, nos últimos dez anos, manteve estreito contato com figuras como Angela Merkel, Manuel Barroso e José Luiz Zapatero, o que contribuiu para que o termo terceira revolução industrial se incorporasse a inúmeros documentos da União Europeia. Ao mesmo tempo, em torno da terceira revolução industrial reúne-se hoje uma centena de dirigentes empresariais globais. Muito mais do que um conjunto abstrato de normas e prescrições, a terceira revolução industrial está na agenda de algumas das mais importantes forças sociais e políticas contemporâneas.

Pelas resistências que desperta e pela mobilização que exige, seu sucesso depende de uma nova narrativa. A do período que se esgota agora é clara: concentrar recursos, fortalecer os regimes exclusivos de propriedade e favorecer a busca estreita dos interesses individuais são condições para a eficiência alocativa, da qual decorreriam produção de riqueza e bem-estar crescentes. A crise desencadeada em 2008 foi a pá de cal que retirou coerência a essa narrativa, como mostra o livro em sua primeira parte.

A narrativa da terceira revolução industrial, também exposta no livro, apoia-se em cinco pilares, que trazem consigo uma reorganização na cultura, nos modos de vida e nas formas de se fazer negócio. O primeiro está na passagem (nada trivial, é claro) das energias fósseis para as renováveis. O segundo, e talvez mais importante dos cinco pilares, é a transformação do estoque de construções de todo o mundo em microusinas de coleta (e de distribuição) de energia. Na União Europeia, onde essa ideia se converteu em orientação de política pública, Rifkin fala da existência de 190 milhões de microusinas. Cada edificação tem o poder de absorver e transformar localmente energia vinda dos ventos, do sol e da reciclagem daquilo que seus ocupantes produzem e consomem. O princípio é que, contrariamente aos combustíveis fósseis ou ao urânio (energias de elite, que se encontram apenas em alguns lugares), as renováveis estão por toda parte. E, embora distante do horizonte brasileiro, Rifkin cita numerosos exemplos em que esse aproveitamento das energias descentralizadas e renováveis permite novos modelos de negócio.

O terceiro pilar está em tecnologias que permitirão armazenar (para se poder, então, distribuir) o produto dessas fontes inevitavelmente instáveis de energia de que são potencialmente dotadas as edificações. Rifkin prevê que, até meados deste século, a União Europeia terá uma economia do hidrogênio inteiramente apoiada em energias renováveis. Mas isso supõe – quarto pilar – que os dispositivos da economia da informação em rede possam promover a integração e a partilha desse fluxo de energia produzido de maneira descentralizada. Aí reside a nova unidade entre comunicação e energia. São redes inteligentes, mas que operam com base em energias produzidas localmente, ao contrário das duas revoluções industriais anteriores. Além de resolver um problema de oferta de energia, essas redes dão lugar a uma nova forma de poder, não mais hierárquico, mas distributivo, colaborativo, em rede. Não se trata apenas de substituir a centralização dos fósseis, da energia nuclear e das grandes hidrelétricas por gigantescas unidades solares ou eólicas. O mais importante é promover a oferta desconcentrada e partilhada de energia.

O quinto pilar está no sistema de transportes, que dará maior peso aos equipamentos coletivos e também, no que se refere aos veículos individuais, aos carros elétricos e baseados em células combustíveis, integrados igualmente a esse sistema descentralizado de redes inteligentes.

Nada garante, é claro, o triunfo do poder lateral. Mas o livro de Rifkin mostra condições especialmente privilegiadas para que colaboração social, partilha e descentralização formem a base da prosperidade no século XXI.

*Ricardo Abramovay é professor titular do departamento de economia e do Instituto de Relações Internacionais da USP, pesquisador do CNPq e da Fapesp. Twitter: @abramovay – www.abramovay.pro.br

Artigo retirado do Portal Mercado Ético

Os novos rumos para um planeta em crise

Como um bom ecoativista, o jornalista André Trigueiro é coerente na lição de casa. Não se importa em repetir uma peça de roupa (mesmo que já esteja mais surrada do que manda a etiqueta). Tem um minhocário para transformar o lixo orgânico em fertilizante. Só compra um móvel se tiver certeza de que a madeira não é de desmatamento. Nascido e criado no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, em meio à Mata Atlântica e a uma diversidade de animais, André é um entusiasta da preservação desde menino. Adulto, transformou a crença em trabalho – e se tornou referência nas discussões sobre meio ambiente no Brasil.

Há 15 anos na Globo News, André é apresentador do Jornal das Dez e editor-chefe do premiado programa Cidades e Soluções. Também dá aulas no curso de Jornalismo Ambiental na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), o primeiro do Rio de Janeiro, idealizado pelo próprio. Além de acadêmico e jornalista, André é escritor. Acaba de lançar seu quarto livro: “Mundo Sustentável 2 – novos rumos para um planeta em crise” (400 páginas, editora Globo Livros, R$ 44,90). Ao lado de ambientalistas convidados, como Adalberto Veríssimo, especialista em Amazônia, e o médico Paulo Saldiva, referência em poluição do ar, ele aborda os desafios da maior crise ambiental da história da humanidade.

ÉPOCA – A solução para o planeta passa necessariamente pela redução do consumo? Ou seria suficiente rever processos produtivos e criar produtos com menos impacto ao meio ambiente?
André Trigueiro – Há dois caminhos importantes para alcançar a sustentabilidade. O primeiro é ter mudanças nos sistemas de produção, a chamada ecoeficiência. Por exemplo: fabricar um sapato com menos insumos, como energia, água e embalagem. Mas apenas a ecoeficiência não promove a repaginação do conceito. O outro caminho é consumir com consciência. Se eu tiver uma leva gigante de tênis ecofriendly, a equação não fecha. Toda interferência no meio natural gera impacto. Não é possível fabricar nada com zero emissão, lixo e demanda por matéria-prima.

ÉPOCA – Como é possível consumir menos sem abrir mão do que precisamos (ou queremos)? O consumo colaborativo, segundo o qual compartilhamos os bens, seria um caminho?
Trigueiro – Exatamente. Há hoje quem questione a necessidade, por exemplo, de se ter uma máquina de lavar para cada apartamento. Ou um carro para cada pessoa. A França tem a primeira experiência neste sentido, uma frota grande de veículos para alugar. Quando começarmos a internalizar os custos ambientais, perceberemos que certos luxos não compensam. Ao encher o tanque do carro hoje, você paga a conta do combustível do poço ao posto: o custo de produção, impostos e só. O carro é atraente e popular porque a gente ainda não paga a conta do custo da queima do combustível [os gastos com saúde pública, referentes às doenças respiratórias provocadas pela poluição].

ÉPOCA – As empresas, mesmo as mais avançadas no discurso verde, quase não refletem sobre seus limites de expansão. Não adianta reduzir água, energia e embalagem por unidade de produto se as taxas de crescimento são homéricas…
Trigueiro – A crise do capitalismo estimula esse debate. Toda cultura que estimula lucros exponenciais, em certa medida, tem contribuição importante para essa entropia. Na verdade, embora o discurso possa soar anticapitalista, quando você pensa sustentabilidade pensa no longo prazo. Quando a conta não fecha, há um efeito devastador sobre os equilíbrios ambiental, social e econômico. Qualquer criança entenderia com facilidade este conceito. Isso não se resolve só por decreto, por medida de regulação. Não basta haver ONGs, empresas com relatórios de sustentabilidade, governo. Precisa haver uma mudança estrutural.

ÉPOCA – Você acredita nesta mudança?
Trigueiro – Torço para que essas engrenagens funcionem. As mudanças são visíveis e sensoriais. Quando ocorreu a Eco 92, vinte anos atrás, não existiam secretários de meio ambiente. Jornalista que cobria a área era motivo de chacota na redação. É um processo lento, e temos a clareza do senso de urgência. A Terra não pode esperar. Há muita convicção de que nós estamos determinando hoje uma mudança em escala dos ecossistemas jamais vista. A nova consciência se espraia, manifesta e não está a reboque de lideranças formais.

ÉPOCA – Como envolver a classe C emergente nesta causa, exatamente quando, pela primeira vez, ela tem a possibilidade de consumir?
Trigueiro – Não dá para baixar normas rígidas estabelecendo limite para o consumo. Cada um é dono do seu nariz e faz o que quiser com seu dinheiro. O que precisamos nos perguntar é se precisamos comprar tanto. Precisamos, por exemplo, de uma centrífuga só porque a madame tem uma na cozinha dela? Nem tudo aquilo que a classe C emergente adquire é porque precisa. Mas sim para fazer parte de um lar bem sucedido. Um lar que ostenta a partir das posses. Comprar o que para que? Essa pergunta vale para as classes A e B. E também para as classes C, D e E. Não é uma discussão de classes. O que eu preciso, de fato, para ser feliz? A gente precisa aprender a viver com menos. Menos é mais.

ÉPOCA – As empresas estão fazendo sua parte no sentido de criar novos processos e usar novos materiais?
Trigueiro – O setor privado, por motivos óbvios, é muito mais ágil do que o público. É o lado bom da globalização. A filial, em tese, precisa fazer o mesmo que a matriz nos países desenvolvidos faz. Mesmo num país onde as legislações ambiental e trabalhista são frouxas, a tendência é que as grandes corporações não queiram ficar expostas a ONGs e sindicatos. A demanda de imagem de uma empresa associada à sustentabilidade passou a ser uma meta. Não importa se o CEO faz por convicção ou conveniência. Importa que isso acontece.

ÉPOCA – São Paulo, assim como outras cidades, restringiu o uso de sacolinhas plásticas. Resolve o problema do planeta?
Trigueiro – A sacolinha é emblemática de como a gente deixou de prestar atenção em coisas aparentemente banais, como se o saco não fosse o problema. Medidas restritivas, como as adotadas em São Paulo, são necessárias. As estatísticas mostram que o Brasil consome muito mais sacolinha do que precisa. Mas não adianta apenas dar uma caneta e erradicá-la. A proibição sumária não é benvinda. A parte boa é que o debate contaminou os setores público e privado. Todo mundo tem opinião. Isso é um país democrático. A gente constrói a experiência.

Serviço:
O livro será lançado em São Paulo na próxima segunda-feira (13), às 19h, na Livraria Cultura da Avenida Paulista. Os direitos autorais da publicação vão para o Centro de Valorização da Vida, que há 50 anos realiza um serviço voluntário de apoio emocional e prevenção do suicídio.

Entrevista retirada da Revista Época

Popularização de edifícios que geram sua própria energia está próxima

A nova fronteira da construção civil sustentável, ou ‘green building’, são os edifícios capazes de gerar sua própria eletricidade através de sistemas renováveis de energia. De acordo com um novo relatório da consultoria Pike Research, as quantias movimentadas para erguer esses prédios crescerão rapidamente nos próximos anos, chegando a US$ 690 bilhões em 2020 e US$ 1,3 trilhões em 2035. Projeta-se que o mercado expandirá devido à popularização das tecnologias e aos incentivos públicos. 

Muitos países já adotaram metas e regulamentações estimulando os chamados ‘zero energy buildings’, o que deve resultar em um crescimento no setor de 43% ao ano encabeçado pela União Europeia. A Diretriz de Desempenho Energético do bloco (EPBD) exige que todos os novos edifícios públicos busquem o conceito de autossuficiência energética já a partir de 2019.

“Seguindo a popularização do LEED e de outras certificações de ‘green building’ em todo o mundo, os ‘zero energy buildings’ estão se transformando no santo graal da construção. Tecnicamente, eles já são possíveis em diversas regiões e em muitos tipos de edifícios e residências, mas o alto custo ainda é um obstáculo a ser superado”, afirmou Eric Bloom, analista do Pike Research.

O relatório prevê uma grande redução nos custos com a popularização de sistemas eficientes de iluminação, calefação e de energias solar e eólica. Para a Pike Research, o mercado vai disparar a partir de 2020. 

“Apesar do pequeno número atual de edifícios autossuficientes em energia, a indústria passará por uma grande transformação na próxima década. As tecnologias necessárias para isso ainda estão sendo estabelecidas, mas está claro que os investimentos nesse setor vão crescer velozmente”, conclui o relatório.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A China já consome metade do carvão do mundo

China já consome metade do carvão do mundo. Essa é a fonte mais suja de energia, do ponto de vista da atmosfera. O carvão mineral, que queima nas termelétricas do mundo, e principalmente da China, é o combustível que mais emite gás carbônico para cada watt gerado. Como é um material ainda abundante e barato, é difícil convencer os países emergentes asiáticos a abrir mão do recurso, em nome do equilíbrio do clima global.

Segundo um levantamento recente do Centro de Informações Energéticas (EIA) do governo americano, a demanda por carvão quase dobrou desde 1980 no mundo. O consumo na Ásia cresceu 5 vezes. Cerca de 73% do consumo da região é da China. O gráfico animado está no site da EIA.

Por mais que a China invista em energia hidrelétrica (com a construção de Três Gargantas, a maior do mundo) ou energia eólica (área onde o país já é lider mundial), continua presa ao carvão. É por isso que, no acordo climático recentemente firmado em Durban, o país só promete reduzir quanto carbono emite por dólar gerado.

Notícia retirada da Revista Época

O casamento da ciência com a educação

A posse coincidentemente conjunta dos novos ministros de Ciência, Marco Antonio Raupp, e de Educação, Aloizio Mercadante, nesta terça-feira em Brasília acabou promovendo um casamento de duas áreas correlatas que seguem em pastas distintas no governo federal.

Sabe-se que não se faz pesquisa sem ensino e vice-versa. A ciência precisa da formação de pesquisadores -- o que acontece nas universidades. E a própria ciência, especialmente no contexto brasileiro, também acontece nas universidades. O docente da universidade é cobrado e avaliado por suas pesquisas. Os dois assuntos estão completamente ligados.

Mas ao colocar ciência e educação em caixinhas separadas, o governo deixa universidades e Capes, instituição que as avalia, no guarda-chuva da MEC e agências de fomento à ciência, como o CNPq, sob a aba do MCTI (Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação).

O próprio Mercadante sabe que essa divisão é complicada. No final de 2011, ainda ministro de Ciência, ele tentou puxar universidades e Capes para o MCTI. Ao ficar sabendo que iria para a pasta de educação, claro, desistiu da ideia.

Raupp, sucessor de Mercadante no Ministério de Ciência, parece não estar disposto a tirar do colega de governo (e padrinho) a parte do MEC que mais dá certo: o ensino superior.

“O casamento entre ciência e educação ficou ainda mais claro agora que darei continuidade às políticas do atual ministro de Educação na pasta de Ciência”, disse Raupp na sua posse em Brasília, sob olhar orgulhoso de Mercadante (que tomava posse no mesmo dia).

A própria presidente Dilma Rousseff falou sobre o casamento na cerimônia que deu posse aos dois novos ministros -- e que contou até com a presença do ex-presidente Lula. “Ciência e educação são assuntos inseparáveis”, disse a madrinha Dilma, que escolheu os dois nomes.

Agora é a vez das testemunhas do casório acompanharem quanto tempo vai durar a união -- e se a união será efetiva -- depois dessa doce lua-de-mel.

Notícia retirada da Folha

Novos laboratórios e acordos com escritórios internacionais ajudam a melhorar a posição do país no ranking global

Depois de passar a Índia no ranking mundial que mede a inovação tecnológica no mundo, em 2011, o Brasil pode avançar este ano graças ao lançamento de projetos inovadores, como o Laboratório de Nanotecnologia e o Centro de Tecnologia para testes de protótipos de equipamentos submarinos para a indústria do petróleo, inaugurado no Rio.

O ranking, elaborado pela Confederação da Indústria da Índia, em parceria com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), divulgado em 2011, coloca o Brasil na 47 posição, na frente da Índia, da África do Sul e da Rússia.

Na área de patentes, o Brasil também vem se destacando no mundo. "Estamos na linha de frente na área de patentes porque entre outras coisas agimos fortemente no sistema operacional de Tecnologia da Informação para ter acesso aos melhores bancos de patente do mundo, além de construir acordos de cooperação com os maiores escritórios do mundo", afirma Denise Gregory, diretora de cooperação para o desenvolvimento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

De janeiro a dezembro de 2011, o INPI recebeu 30.088 pedidos de patentes, contra 28.052 solicitados em 2010. Para as marcas, o Instituto registrou, 140.815 solicitações até 15 de dezembro, contra 129.620 pedidos de marcas nos 12 meses do ano passado. De 2001 a 2010 o número de pedidos de patentes brasileiras na Europa passou de 190 para 520.

"Tudo isso é reflexo de investimentos em processos que não acontecem por acaso. Existe uma política consistente de valorização da ciência por trás dos resultados", afirma Denise.

A criação do Laboratório de Nanotecnologia e a construção de um Centro de Tecnologia para a indústria do petróleo são dois exemplos de inovação que podem fazer o Brasil subir mais posições no ranking mundial.

A norte-americana FMC, multinacional especializada na fabricação de submarinos para a indústria do petróleo lançou no Rio de Janeiro o seu terceiro centro tecnológico no mundo para testar protótipos em escala real de manifolds e árvores de natal submarinas.

As árvores são um conjunto de válvulas que regula e monitora a produção dos poços de petróleo e gás natural. A empresa está investindo R$ 200 milhões no Brasil, dos quais R$ 70 milhões foram gastos na construção do novo centro.

O centro de tecnologia da FMC tem capacidade para testar protótipos em escala real, com o foco nas novas demandas do pré-sal e tecnologias voltadas para o aumento do fator de recuperação na produção de óleo. Além disso, conta com engenharia especializada, laboratórios de pesquisa, desenvolvimento e qualificação de produtos.
No prédio da Engenharia, cerca de 200 profissionais da companhia se dedicarão ao desenvolvimento de projetos e pesquisa de tecnologias submarinas para exploração de petróleo e gás no país.

"Os sistemas no pré-sal serão cada vez mais dinâmicos e não poderão ser controlados da plataforma em situações como variações de vazão mais acentuadas, porque isso levaria muito tempo de resposta", afirma o vice-presidente de Tecnologia da FMC, Paulo Couto. Estas novas tecnologias poderão ser desenvolvidas e testadas na própria unidade.

Notícia retirada do Portal Brasil Econômico