terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fapemig e Cemig destinam R$ 30 milhões para pesquisas

Meio ambiente, fontes de energia alternativas e expansão do sistema elétrico estão entre os temas do novo edital.

Financiar pesquisas no setor elétrico que permitam o desenvolvimento de energias limpas, garantindo o desenvolvimento sustentável para o estado. Este é o objetivo principal da parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e a Cemig. O segundo edital, fruto desta iniciativa, acaba de ser lançado e vai destinar R$ 30 milhões para os projetos aprovados.

As linhas de pesquisa que serão apoiadas abrangem as áreas de Meio Ambiente; Fontes Alternativas; Manutenção do Sistema Elétrico; Gestão de Bacias; Gestão, Regulação e Mercado; Operação do Sistema Elétrico; Supervisão e Controle; Segurança; Planejamento e Expansão do Sistema Elétrico e Novas Topologias. Confira mais detalhes no edital disponível em www.fapemig.br.

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=83689"No primeiro edital, lançado em 2011 e cujos projetos aprovados foram divulgados em janeiro deste ano, recebemos 229 propostas, que totalizaram R$ 385 milhões - uma demanda altíssima para um edital de R$ 30 milhões. Devido à alta qualidade de grande parte destas propostas, decidimos por aumentar o valor do edital em R$ 45 milhões no primeiro ano, destinando R$ 75 milhões em recursos para os projetos aprovados", explicou o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, José Policarpo de Abreu. Os 38 projetos aprovados nesta primeira versão já estão em andamento e a expectativa das Instituições é que os recursos da iniciativa sejam aplicados em projetos que tragam benefícios para a sociedade, como maior qualidade, disponibilidade, sustentabilidade e menor custo de energia e contribuam para o progresso e desenvolvimento do estado de Minas Gerais.

Ainda segundo Abreu, em reunião da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), realizada ano passado, diversas empresas do setor elétrico manifestaram interesse em conhecer o programa. Além disso, Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de outros Estados também se interessaram pela parceria inédita. "A intenção da Fapemig e da Cemig é realizar em breve um workshop para apresentar para estas empresas e FAPs o Programa e seus resultados", planeja o diretor.

"A parceria com a Fapemig é uma oportunidade de explorarmos sinergias e complementaridades entre o Programa de P&D da ANEEL e os editais da Fapemig. Procuramos utilizar as oportunidades que cada programa oferece, permitindo construir projetos mais completos, que visam à inovação, a capacitação de pessoas, mais eficiência para a Empresa e qualidade para o cliente, portanto, com maior possibilidade de retorno para Minas", declarou Arlindo Porto Neto, vice-presidente da Cemig.

Parceria inovadora - O acordo entre a Fapemig e a Cemig foi firmado durante a cerimônia de comemoração dos 25 anos da Fapemig, em maio do ano passado, marcando o início da execução de uma parceria inovadora, assinada em janeiro de 2011. Ao todo, serão destinados R$ 150 milhões em estudos específicos no prazo de cinco anos. Segundo o acordo, a Cemig responderá por R$ 100 milhões e a Fapemig pelo montante de R$ 50 milhões.

O valor será destinado a pesquisas ligadas às áreas de atuação da Cemig (geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica), buscando o desenvolvimento de fontes alternativas renováveis e limpas, como solar, eólica e biomassa. Estão previstos ainda estudos sobre a proteção do meio ambiente, o uso racional da energia e a eficiência operacional da Empresa. "Esses objetivos estão fundamentados nos pilares da sustentabilidade e do melhor atendimento à população e sociedade em geral, através de redução de custos e aumento da qualidade no fornecimento da energia", destacou o vice-presidente da Cemig.
(Ascom da Fapemig)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Emergentes têm papel importante no desenvolvimento sustentável, diz secretário

BRUNO MARFINATI - REUTERS
Os países emergentes têm um papel importante na trajetória rumo ao desenvolvimento sustentável, embora o exemplo devesse partir dos mais ricos, que têm mais recursos econômicos e tecnológicos, disse uma autoridade do governo brasileiro.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, termina nesta sexta-feira com um texto final "possível", sem audácia, nem compromissos concretos, mas com uma marca da vitalidade da sociedade civil, na opinião do secretário de Políticas e Programas do Ministério de Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre.

"Os países desenvolvidos, inclusive por terem muito mais condições econômicas e tecnológicas, deviam dar o exemplo, ser os primeiros, o que se esperava há 20 anos", afirmou ele à Reuters, referindo-se ao período desde a Rio92, considerada um marco nas discussões sobre meio ambiente.

Para o secretário, as economias emergentes têm um papel fundamental. Países como Brasil, China e Índia precisam mostrar o caminho, aproveitando a rápida transformação pela qual passam suas economias.

De acordo com ele, com populações que estão mudando de patamar de crescimento e a inclusão, direcionar o crescimento social e econômico para a sustentabilidade não é tão complexo nesses países, que estão se tornando potências econômicas.

"É mais fácil o convencimento da sociedade desses países a trilhar um caminho de sustentabilidade do que os 20 anos de inércia em muitas economias desenvolvidas", afirmou.

O texto proposto pelo Brasil como documento da Rio+20 não agradou ONGs e ambientalistas, que alegaram que nenhuma de suas recomendações foi incluída na versão final do documento.

Para Nobre, no entanto, com participação marcante nesta conferência, a sociedade deixou uma mensagem clara: "Ela quer rapidamente se engajar numa trajetória de desenvolvimento sustentável".

"A Rio+20 mostra que a sociedade global não quer mais a volta, nenhum retrocesso, e ela coloca uma pressão muito grande no mundo político, e em sociedades democráticas a decisão política tem que acompanhar a vontade da sociedade."

Esse avanço não pode depender apenas dos recursos financeiros, atualmente limitados por conta da crise nos Estados Unidos e na Europa, mas também da capacitação, da educação e do compartilhamento de tecnologias, avaliou.

O pesquisador e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) reconheceu que "falta um desejo muito maior de quem pode ajudar. A ciência já chegou lá. Soluções tecnológicas existem", afirmou

"Ao documento final falta audácia, falta compromissos mais concretos. Foi o possível dentro do sistema multilateral da ONU e ele (documento) coloca uma pressão cada vez maior nos governos.... É difícil imaginar um grande acordo em que toda essa equação complexa seja resolvida."

DESAFIO GLOBAL

Embora tenham um papel importante nessa transição para um mundo sustentável, Nobre lembrou que algumas economias mais robustas também precisam alterar a sua rota de desenvolvimento. Trata-se, portanto, de "um desafio global que ninguém pode ficar de fora."

Com o término da conferência nesta sexta-feira, caberá aos países "utilizar a Rio+20 como um grande catalizador de princípios de desenvolvimento sustentável e procurar implementar fortemente na sua agenda nacional esses princípios. O Brasil está na vanguarda ... e que possa servir de exemplo ao mundo", concluiu.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O que está em jogo na Rio+20

A semanas do início oficial das atividades da Rio+20, negociadores políticos, representantes de empresas e de organizações não-governamentais perdem o sono, literalmente, em debates, exclusões, negociações, acréscimos e novos debates sobre os principais itens que, hoje, resumem os temas de destaque da conferência. 

Excetuando a criação de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – que goza de certa unanimidade entre todas as partes, até mesmo porque se alinha diretamente com o tema guarda-chuva da Rio+20, os demais assuntos dividem opiniões.

Os grandes temas da Rio+20:

  • Transição para uma economia verde
O que está em jogo: Aumentar a oferta de empregos de modo a suprir as necessidades básicas de mais de 500 milhões de indivíduos que estarão em busca de trabalho nos próximos 10 anos. Considerar ainda os potenciais riscos para o comércio internacional. O temor é que a maneira como os países utilizam os recursos naturais, e o tipo de impacto que produzem na atividade econômica dêem origem a medidas protecionistas e novos subsídios. Por empregos verdes entende-se vagas na agricultura, indústria, serviços e administração que contribuam para a preservação ou restauração da qualidade do meio ambiente.

Quem lidera: O tema está longe de ser unanimidade. Os países em desenvolvimento temem que isso imponha barreiras comerciais não tarifárias, condicionantes ao desenvolvimento ou “receitas” para o desenvolvimento. Além disso, as discussões atuais não incorporam os meios para essa transição, essencialmente recursos financeiros e transferência de tecnologia. A União Européia lidera explicitamente essa discussão, propondo um roadmap para a green economy. Países em desenvolvimento (G77) resistem à ideia e buscam encontrar sua própria conceituação de economia verde, que incorpore suas preocupações.

  • Novos índices para medir o progresso:
O que está em jogo: Deixar de aplicar o Produto Interno Bruto como único indicador de progresso nas contas dos governos. A proposta, conhecida como PIB +, pretende encorajar os países a também medir e explicar o valor de seu Capital Natural (recursos naturais) e o bem-estar social.

Quem lidera: Reino Unido. O país já estabeleceu uma Comissão para o Capital Natural junto ao governo. A França também: apoiou a já conhecida Comissão Stiglitz (Commission on the Measurement of Economic Performance and Social Progress). O governo japonês também apoia.

  • Segurança alimentar e nutricional:
O que está em jogo: Aumentar o investimento agrícola e a promoção do investimento agrícola responsável, bem como as ações nos países em desenvolvimento para aumentar a produção de alimentos e atender às demandas das populações por meios de mecanismos como financiamento, acesso a novas técnicas agrícolas, incentivo a grandes culturas e também de estímulos à agricultura familiar. Inclusão social é uma das metas dessa proposta.

Quem lidera: Sob o aspecto da inclusão social, o tema tem no Brasil o seu protagonista. Mas, no geral, é polêmico.  Recentemente, países como Canadá e Austrália retiraram da Minuta Zero a menção à “soberania alimentar” e substituíram os termos para “intensificação da produção sustentável de alimentos”, o que tem mobilizado os negociadores de países da África e da Indonésia, que têm populações pobres e dependentes da produção agrícola.

  • Acesso à água:
O que está em jogo: Garantir o direito à água potável e limpa e ao saneamento como um direito humano essencial, como estabelecido a partir da Eco-92.

Quem lidera: O Brasil tem grande influência nos debates, e defende que a estrutura institucional da ONU não é forte o suficiente e coordenada o bastante para lidar com as diversas questões relacionadas à agua. Atualmente, várias agências e programas da ONU se sobrepõem, o que torna necessário reforçar as iniciativas globais, como a UN-Water e fortalecer outras transversais, como o Fórum Mundial da Água. Hoje, 34 mil pessoas morrem por dia de sede ou por ingestão de água contaminada.
Durante a 3a Reunião Interseccional da ONU realizada em março, os negociadores dos EUA tentaram excluir da declaração da conferência o tema de acesso universal à água. Isso abriria caminho para a privatização dos serviços de saneamento básico, um tema polêmico, que deixa em pé de guerra as representações da sociedade civil. Obtiveram o apoio de União Europeia, Reino Unido, Canadá, Austrália, Israel e Nova Zelândia.

  • Gestão dos oceanos
  • :
O que está em jogo: GaCriar novas regras para regular o uso das águas oceânicas para comércio, transporte, exploração de petróleo e atividade da pesca, considerando que isso é vital para o equilíbrio da oferta de águas pluviais e potável, do clima, da oferta de alimento e até mesmo do oxigênio do ar que respiramos, elementos que dependem do equilíbrio do ecossistema dos mares.

Quem lidera: O Small Islands States (denominação em inglês para o coletivo formado por países insulares) e os países europeus, especialmente França, com foco no impacto da degradação dos  oceanos sobre as atividades pesqueiras. O debate gera enorme polêmica para Japão, Canadá e Rússia, países que temem a aprovação de cotas de pesca, conforme descrito no Parágrafo 80 da Minuta Zero. É delicado também para países exploradores de petróleo, como o Brasil, por conta dos riscos causados à biodiversidade em caso de acidentes com derramamento de óleo. Mas o governo brasileiro está ativo na busca de um novo acordo no âmbito da Convenção sobre o Direito do Mar, que inclui a conservação e o uso sustentável da biodiversidade dos mares em áreas fora da jurisdição nacional.

  • Expansão do uso de energia renovável:
O que está em jogo: Criar mecanismos que incentivem o uso de energia renovável para garantir o acesso universal a serviços de energia modernos e mais eficientes, bem como aumentar o uso de fontes renováveis  e reduzir o consumo de combustíveis fósseis. A pauta tem grande importância pelo tema que dela é consequente: o desafio da redução das emissões de carbono, assunto marginal na Rio+20 e que segue sendo propriedade da Convenção sobre Mudança do Clima, que conta com suas próprias conferencias internacionais (COPs, abreviatura do inglês Conference of Parties).

Quem lidera: Os países europeus, de olho na demanda de novas tecnologias para a expansão do uso de energia solar, dos ventos e das marés. O petróleo caro, a falta de mananciais hídricos para geração de hidreletricidade e a necessidade de banir o fomento à energia nuclear por motivos de segurança e custo, impulsionam a bandeira europeia que, entretanto, deixa em posição delicada países como o Brasil, ricos em petróleo e com cenário futuro de desenvolvimento econômico inspirado pelo pré-sal.

  • Novo arcabouço institucional da ONU:
O que está em jogo: Reforçar o papel da atual Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CSD) do Departamento de Assuntos Socioeconômicos (ECOSOC) da ONU e/ou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Ambas instâncias não têm caráter normativo ou regulatório, mas de adesão voluntária pelos países, o que dificulta a adoção de fato dos acordos.

Quem lidera: A pauta é prioridade de todos os países, porém existe uma clara polarização entre Brasil e o bloco europeu. O governo brasileiro propõe a criação de um Conselho para o Desenvolvimento Sustentável, conforme a recomendação do Painel de Sustentabilidade Global (GSP) estabelecido em passado recente pelo secretário-geral da ONU. E igualmente apoia o fortalecimento do PNUMA através de contribuições financeiras obrigatórias por parte dos países e sua participação universal. Já os europeus defendem a criação de uma Organização Mundial do Meio Ambiente, semelhante à Organização Mundial da Saúde.

  • Criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS):
O que está em jogo: Orientar e estimular os esforços nacionais e internacionais para o estabelecimento de compromissos de caráter universal, que possam ser aplicados por países desenvolvidos, em desenvolvimento e emergentes. Os temas por trás de cada ODS ainda não foram escolhidos oficialmente, mas sabe-se que energia e produção e consumo estarão na lista.


Quem lidera: Colômbia, com forte endosso do Brasil e do Reino Unido. Muitos países preferem não escolher os temas antes da Rio+20; outros – como o Brasil – discutem a idéia de escolher os temas durante a conferência. O Japão vai além e defende a inclusão do conceito de “segurança humana” nos ODS. O que é preocupação comum a todos e que ainda demanda clareza por parte dos que defendem a criação dos ODS é de ordem prática: em que medida bateriam de frente com os Objetivos do Milênio, lançados em 2002 e com plano de metas para 2015?

Notícia retirada da Revista Veja.

Programa Cidades Sustentáveis é lançado a seis meses das eleições

Comprometer os candidatos às eleições municipais de 2012 com metas de desenvolvimento sustentável é o principal objetivo do Programa Cidades Sustentáveis, lançado na quinta-feira, 26 de abril, durante a 10ª Expo Brasil - Desenvolvimento Local, realizada em Brasília (DF). A iniciativa foi idealizada pela Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis (RSBCJS) com apoio do movimento Nossa Brasília, e busca aplicar a sustentabilidade nos âmbitos econômicos, sociais e ambientais, por meio de organizações sociais e não-governamentais, cidadãos, governos e empresas.

Dentro do programa, a Plataforma Cidades Sustentáveis traz uma agenda que aborda diferentes áreas da gestão pública com indicadores para o desenvolvimento, execução e avaliação de políticas públicas. A plataforma inclui ainda um banco de dados com exemplos de boas práticas nacionais e internacionais em sustentabilidade.

Outra inicitiava do programa é a Carta Compromisso, que deverá ser assinada por candidatos às eleições municipais deste ano. Com 12 eixos temáticos, o documento aborda os seguintes temas da governança:

Bens naturais;

Justiça social;

Cultura de paz;

Gestão local para sustentabilidade;

Planejamento e desenho urbano;

Cultura;

Educação e qualidade de vida;

Economia dinâmica;

Consumo responsável;

Mobilidade urbana;

Ação social para a saúde.

“O discurso fácil que está na boca dos prefeitos e parlamentares sobre sustentabilidade deve ser superado. Há uma grande distância entre o discurso e a prática”, destacou o representante da RSBCJS Maurício Broinizi. Para ele, o Programa Cidades Sustentáveis dará subsídios para a mudança de cultura política, uma vez que oferece experiências bem-sucedidas em outros países e que podem ser adaptadas à realidade local. “É um passo no processo de construção de cidades mais justas, democráticas e sustentáveis”, reforçou.


Notícia retirada do Portal EcoD.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Nova York terá maior "fazenda de telhado" do mundo

A cidade mais populosa do Estados Unidos, à procura de ser uma das mais sustentáveis também, vai abrigar a maior fazenda de telhado do mundo. Sim, isso mesmo: o telhado verde, já difundido pela sua capacidade de mitigar ilhas de calor e melhorar o ar urbano, ganhou uma nova versão mais produtiva.
A fazenda, localizada no terraço do edifício Sunset Park no Bronklin, Nova York, terá 100 mil m² e será administrada pela BrightFarms, empresa que se especializou a administrar hortas urbanas em estufas e telhados.


O empreendimento, iniciado em março, produzirá até mil toneladas de produtos por anos, entre eles tomates, alfaces e ervas. Estima-se que a quantidade seja o suficiente para satisfazer o consumo de vegetais de 5 mil nova-iorquinos. Os produtos serão cultivados por meio da cultura hidropônica, utilizando água captada da chuva para desenvolver os alimentos. Aproximadamente, 1,8 milhões de galões de água serão desviados dos esgotos da cidade.
A agricultura urbana é inovadora uma vez que gera empregos e reduz a extensão e a complexidade da cadeia de abastecimento dos produtos, trazendo ao consumidor vegetais mais frescos e sustentáveis. A previsão é que a primeira colheita da fazenda do Sunset Park ocorra na primavera de 2013.

Notícia retirada do Portal EcoD.

Dinamarca tem planos para renunciar à energia fóssil até 2050


A representante política dinamarquesa Lykke Friis fez questão de deixar uma coisa clara: "Não somos hippies". Talvez a frase soe um pouco defensiva ao extremo, mas Friis está fazendo a defesa de uma iniciativa ousada: a Dinamarca anunciou que, até o final desta década, produzirá um terço de sua energia a partir de fontes renováveis - poder eólico, principalmente, mas também solar e queima de "biomassa".

Energia eólica é uma das alternativas encontradas
pela Dinamarca aos combustíveis fósseis.
Imagem: BBC
De forma ainda mais ambiciosa, o governo dinamarquês tem como meta alimentar o país inteiro com energia renovável até 2050, abandonando as fontes fósseis. O que faz desse anúncio algo ainda mais surpreendente é o fato de ele ter recebido o apoio de todo o espectro político do país.

Lykke Friis, por exemplo, e a líder do oposicionista Partido Liberal, de centro-direita e orientação pró-negócios. Para ela, a decisão de erradicar o uso de energia fóssil é uma questão de planejamento financeiro.

"Independentemente do que façamos, teremos um aumento no preço da energia, simplesmente porque as pessoas na Índia e na China querem ter seus próprios carros", justifica. "É por isso que temos a clara ambição de criar independência em relação aos combustíveis fósseis - para não estarmos vulneráveis a grandes flutuações no preço da energia."

Novo rumo
A experiência em curso na Dinamarca tem explicações históricas: o país sofreu de forma especialmente forte com as flutuações do preço do petróleo registradas no início dos anos 1970. Com poucas opções domésticas de energia, a nação assistiu a uma grande elevação nos custos energéticos, fazendo com que ganhasse força a ideia de que um novo rumo era necessário.

A energia nuclear, por sua vez, sempre foi alvo de oposição por parte de políticos e da opinião pública. Por conta disso, a Dinamarca começou a apostar em fontes renováveis muito antes do que outros países, ganhando a dianteira especialmente na energia eólica.

Na usina de Avedore, nos arredores de Copenhague, quase mil megawatts de energia estão sendo gerados a partir de fontes renováveis, o suficiente para abastecer 250 mil residências. Uma parte disso vem de gigantescas turbinas movidas a vento; outra, vem de usinas de biomassa, que queimam feno e resíduos industriais.

Avedore é administrada pela maior empresa energética dinamarquesa, a Dong Energy, que planeja fornecer toda a eletricidade do país a partir de fontes limpas. "É uma grande transformação da empresa", diz o vice-presidente executivo Thomas Dalsgaard. "Acreditamos que o futuro não é baseado em carvão. Mas é difícil, você tem que criar um modelo totalmente diferente para operar nos negócios."

Armazenamento
A questão vai além de modificar usinas ou de construir mais parques eólicos. Para começar, existe o desafio de armazenar energia renovável, para usá-la na ausência de sol e de vento. Engenheiros estudam propostas de armazenar o calor gerado pela eletricidade; de expandir o número de carros elétricos do país, com baterias recarregáveis. Mas tudo isso está em estágio inicial de desenvolvimento.

Outro desafio é a distribuição. Usinas energéticas convencionais estão localizadas nos arredores das cidades. Se plantas eólicas forem construídas em áreas marítimas mais remotas, como planejado, será necessária uma ampla rede de cabeamento para levar a energia gerada aos consumidores urbanos.

"Será preciso um grande investimento", diz Erik Kristofferson, da Energinet, que administra a rede de eletricidade do país. "E esse investimento deve começar agora. É uma questão política, mas acreditamos que pode ser feito."

Críticas
Já Bjorn Lomborg não está convencido. Ele é um dos mais conhecidos críticos da energia renovável no mundo, e lamenta o fato de seu próprio país estar comprometido com um futuro de energia baseada em vento, ondas do mar e painéis solares.

"Construir usinas eólicas nos faz sentir bem. Mas isso reduzirá o crescimento econômico", justifica ele. "A energia verde é muito mais cara do que os combustíveis fósseis. Deveríamos combater o aquecimento global abandonando o carvão, que polui muito, e adotando o gás, que polui muito menos."

Lomborg alega que existe uma potencial reserva de gás de xisto no subsolo do país. Mas a real extensão das reservas é desconhecida. A Polônia, que inicialmente anunciou que poderia suprir a maioria de suas necessidades energéticas com gás de xisto, recentemente voltou atrás e reduziu as estimativas sobre suas reservas. Além disso, esse tipo de gás é extraído por um processo que, para alguns, é excessivamente danoso ao meio ambiente.

Suprimento estável 
Para o ministro de Energia da Dinamarca, Martin Lidegaard, o xisto não traz vantagens em relação em relação a outros combustíveis fósseis e pode também sofrer com a oscilação de preços. "O risco de subida de preços de combustíveis é real. O que queremos é assegurar um suprimento estável de energia limpa e barata."

Lidegaard admite que não pode calcular os custos da transição completa às fontes renováveis, mas argumenta que essa transição ainda faz sentido economicamente - e não apenas para a Dinamarca. "Tenho certeza não apenas de que outros países poderiam fazer isso, mas que o farão, simplesmente por causa do desenvolvimento dos mercados. Cada país terá que encontrar sua própria solução. Mas isso acontecerá? Sim."

O compromisso dinarmarquês ainda terá que ser debatido pelo Parlamento do país. Mas, considerando que quase todos os parlamentares demonstraram apoio à medida, a tramitação deverá ser apenas uma formalidade. Depois disso, porém, é que começará o trabalho de verdade: descobrir como pôr em prática esse ambicioso objetivo.

Notícia retirada do Estadão.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

2012: o Ano da Energia Sustentável

As Nações Unidas elegeu 2012 o Ano da Energia Sustentável Para Todos. No Brasil, a bola da vez é a energia eólica, que desde 2010 vem ampliando seu peso na matriz energética graças em boa parte ao investimento de grupos estrangeiros que aportaram no país após a crise na Europa e nos EUA. A meta do Governo Federal é mais do que duplicar a participação desse tipo de fonte dos atuais 1,1% para 2,3% até o fim do ano. Parece pouco, mas é um grande avanço pela rapidez da evolução. A energia eólica começou a ser utilizada no país em 2004, e a perspectiva do Ministério de Minas e Energia é que até 2020 ela responda por 6,7% do total produzido.

Para o engenheiro mecânico Everaldo Feitosa, vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica e presidente da Eólica Tecnologia, a perspectiva do governo ainda é tímida. Ele acredita que até 2020, a energia eólica possa representar 10% da matriz: “A energia eólica é hoje a fonte mais barata no Brasil. Não tem sentido a contratação de outra mais cara, o que geraria ônus para a população, por isso a tendência é a contratação desse tipo de fonte limpa”.

Feitosa ressalta que uma conjunção de fatores naturais e econômicos tem estimulado o crescimento da participação da energia eólica no Brasil. O país, lembra ele, tem excelentes jazidas de vento e complementaridade entre o regime de vento e de água: os meses de secas nos rios são os que têm os melhores ventos. “Esses dois fatores são presentes divinos que nós tivemos”, ressalta.

As jazidas de vento, de acordo com Feitosa, estão concentradas basicamente em cerca de 70% nos estados do Nordeste e 30% no Sul. Mas, como o sistema brasileiro é integrado, uma central eólica contribui para a geração de energia para todo o país. A chefe do Laboratório de Energia Eólica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Mila Avelino, explica que a implantação dos parques eólicos apresenta vantagens com relação à distribuição de energia: “A região costeira, além da vantagem de estar mais próxima dos centros de consumo e dos fornecedores de equipamentos, é favorecida, em termos de logística de distribuição de energia, pela infraestrutura disponível”.

Além da contribuição da natureza, a economia também deu uma força para que o Brasil passasse a investir mais na energia eólica: câmbio favorável, incentivos fiscais e a crise internacional foram fatores que ajudaram a estimular o mercado de energias renováveis, que há dez anos buscava decolar no país.

“Todo mundo falava que energia eólica era cara. Com a crise financeira no exterior, os custos de equipamentos diminuíram muito, principalmente o de turbinas eólicas. Assim, foi possível fazer com que a energia eólica competisse com todas as outras matrizes em termos de custo de geração de energia. E sem qualquer subsídio. Até mesmo em nível mundial, o preço da energia eólica no Brasil é o menor do planeta: cerca de R$ 100 por megawatts/hora (MWh)”, ressalta Feitosa.

Atualmente, existem cerca de 5.300 MW (megawatts) em projetos eólicos autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mila acredita que a instalação, nos próximos anos, de cerca de 7 GW (gigawatts) de potência nova já contratada, aumente ainda mais o interesse de fabricantes e representantes de empresas estrangeiras especializadas em energia eólica em investir no Brasil: “Em uma década, temos potencial para virmos a ser o principal mercado de energia eólica da América Latina, com cerca de 30 GW de capacidade instalada”.

No início do mês, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 389 milhões para a construção de cinco parques eólicos na região Nordeste: quatro no Rio Grande do Norte e um na Bahia. Os projetos foram vencedores do Leilão de Fontes Alternativas de 2010 e integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo o BNDES, os investimentos do país em energia eólica atingiram, no ano passado, R$ 5,1 bilhões, sendo R$ 3,4 bilhões de financiamentos do banco.

A exigência do BNDES, para aprovar um financiamento, de que 60% dos materiais sejam fabricados no Brasil forçou empresas estrangeiras fabricantes de turbinas eólicas a instalarem indústrias no país, o que têm promovido também um desenvolvimento industrial e tecnológico.

“Os países que mais fazem promoção de energia limpa são os mais poluentes. Na Alemanha, por exemplo, 60% da matriz é carvão, já na Espanha 65% são combustíveis fosseis. Existiu na ultima década muita propaganda, mas todos têm uma matriz muito suja. O único país altamente limpo era, foi e será o Brasil”, aposta Feitosa.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.

Do esgoto, fez-se a luz

Pesquisadores norte-americanos apresentam equipamento capaz de tratar o resíduo e, ao mesmo tempo, gerar energia elétrica. Miniestação desenvolvida pela Unesp trata o esgoto e o aproveita para fazer biogás.

No Brasil, cerca de metade dos municípios possui coleta de esgoto, embora apenas 30% tenham estações que tratem esses dejetos antes de despejá-los na natureza. Tratar esse material orgânico é necessário para não poluir rios e mares, bem como evitar a proliferação de doenças infecciosas e transmitidas por parasitas. Agora, imagine o benefício que traria um equipamento que, além de tratar esse resíduo, ainda o utilizasse como fonte de produção energética. Pois essa máquina já existe.

Pesquisadores do Instituto J. Craig Venter, nos Estados Unidos, passaram 10 anos trabalhando no projeto que levou à criação desse dispositivo, apresentado no congresso da American Chemical Society (ACS). Com o tamanho de uma máquina doméstica de lavar roupas, o aparelho usa as bactérias que se desenvolvem em meio à matéria orgânica dos dejetos para fazer biomassa, combustível utilizado para gerar energia elétrica. "Nosso protótipo consegue processar cinco vezes mais resíduos urbanos do que os que tínhamos feito antes. Podemos trabalhar com 380l de dejetos por semana", anunciou, em videoconferência, a professora assistente de eletromicrobiologia do instituto e líder da pesquisa, Orianna Bretschger.

No total, 13% desse combustível feito a partir dos resíduos que passam pelos encanamentos das cidades se tornam energia. Pode não parecer muita coisa, mas Bretschger citou exemplos de como isso já traz, sim, impactos positivos para a sociedade. "Nossos testes foram feitos na estação de tratamento de esgoto de San Diego [na Califórnia]. Se implantássemos o dispositivo definitivamente no local, conseguiríamos ter eletricidade para abastecer 125 mil moradias a cada ano", calculou. A equipe da especialista, no entanto, quer ainda mais: pretende construir um aparelho maior, com eficiência de converter 25% do material em energia elétrica, o que tornaria a usina de tratamento autossuficiente em termos energéticos e ainda beneficiaria a comunidade local.

Outro ponto positivo está na questão do esgoto em si, já que, ao ser tratado simultaneamente à produção de combustível, 97% da matéria orgânica é removida. Não chega a fazer com que a água se torne potável, mas permite que o líquido seja utilizado em descargas de banheiro e o torna menos danoso ao meio ambiente.

Ideias como essa seriam muito bem-vindas no Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Tanto que a Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da companhia vai publicar, até o fim deste mês, uma chamada de projetos sobre o tema. "Isso criará incentivos para os agentes do setor elétrico investirem no aproveitamento de resíduos sólidos e líquidos para geração de eletricidade, que pode ser injetada na rede de distribuição para compensar a energia consumida em prédios e serviços públicos e, caso sobre energia, comercializada por agentes do setor", explicou, por nota, a superintendência do órgão, destacando que a iniciativa do Instituto J. Craig Venter poderia ser aplicada nas redes de coleta de esgoto nacionais. "Desse modo, o tratamento e a destinação de resíduos deixam de ser uma despesa e passam a gerar receitas. Isso é um excelente sinal econômico para as prefeituras construírem estações de tratamento pelo País."

Clima favorável
De acordo com Fabio Stacke, especialista em regulação da Aneel, as condições climáticas interferem muito quando se faz tratamento de resíduos. "O Brasil tem excelente potencial com essas medidas porque faz calor, tendo a temperatura ideal para a proliferação de bactérias que vão decompor o material orgânico", afirmou. Essa é a razão pela qual projetos nesse sentido podem ser ainda mais bem-sucedidos no País do que em nações como os Estados Unidos e a Alemanha, que já têm grandes trabalhos no setor, mas sofrem com o frio no inverno.

Inicialmente, os cientistas que trabalham com Orianna Bretschger pretendem apenas tornar seu dispositivo mais viável comercialmente, para ser usado em comunidades pequenas e com poucos recursos financeiros. "Acredito que ele estará no mercado nos próximos 15 ou 20 anos. Conseguimos retirar nossa experiência do laboratório e transpô-la para a vida real há pouco tempo. Então, só agora nosso foco é melhorar a tecnologia para que o aparelho seja competitivo em termos de venda", explicou a cientista.

Invenção nacional
Embora não seja tão pequena quanto a norte-americana, há uma máquina que trata o esgoto e o aproveita para fazer biogás desenvolvida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). A miniestação de tratamento de esgoto (mini-ETE), implantada no campus de Guaratinguetá da universidade, foi desenvolvida por professores do Laboratório de Otimização de Sistemas Energéticos, coordenados pelo professor e engenheiro mecânico José Luz Silveira. "Nossa miniestação funciona há cerca de cinco anos. Tem capacidade de coletar até 70m³ de esgoto diariamente, produzindo 24m³ de biogás. Com essa energia, é possível manter funcionando um motor de 3,3kW de potência [como os existentes em motosserras]", descreveu Silveira. O processo de produção de energia e de eliminação dos resíduos orgânicos é parecido com os do dispositivo feito no Instituto J. Craig Venter.

"Ter uma máquina dessas agrega valor ao tratamento de esgoto, que por si só proporciona, a baixo custo, o saneamento básico para comunidades isoladas. Esse valor agregado é obtido pela redução de metano na atmosfera, feita quando se usa o biogás para gerar energia elétrica", descreveu o professor. Essa eletricidade produzida, de acordo com Silveira, garante a autossuficiência da própria mini-ETE e pode ser utilizada na iluminação pública.

Outro aspecto positivo de sua criação é que o biofertilizante - desenvolvido a partir da matéria orgânica parcialmente consumida pelas bactérias - pode ser aproveitado como adubo tanto em hortas familiares quanto em pequenas áreas agrícolas. Além disso, essas mesmas regiões de agricultura podem ser irrigadas com o líquido purificado.

Notícia retirada do Jornal da Ciência.

Economia verde, sem pobreza, artigo de Antonio de Aguiar Patriota

Em junho, o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20.

O momento é oportuno: são claros os sinais de que os modelos de desenvolvimento vigentes devem ser reformulados. Países, sem distinção de grau de riqueza, enfrentam graves crises econômico-financeiras, a desigualdade social, a fome, o desemprego, a perda da biodiversidade e a mudança do clima. Essas múltiplas crises apontam a atualidade e urgência da implementação de modelos de desenvolvimento sustentável, ou seja, de projetos nacionais que contemplem, de forma equilibrada e integrada, o crescimento econômico, a inclusão social e a proteção ambiental.

A Rio+20 é a oportunidade para que esse debate ocorra no mais alto nível. A Conferência será fundamentalmente diferente de sua antecessora, a Rio-92. A Cúpula realizada há 20 anos representou a finalização de longos processos de negociação, culminando na assinatura de importantes documentos e convenções. A Rio+20, por sua vez, olha para o futuro, construindo uma nova agenda para o desenvolvimento sustentável. Se a Rio-92 representou um ponto de chegada, a Rio+20 pode ser vista como um ponto de partida.

Uma das prioridades do Brasil na Rio+20 é a discussão da erradicação da pobreza e do fortalecimento de fluxos financeiros e tecnológicos para a implementação dos compromissos de desenvolvimento sustentável, que exigem significativos recursos públicos, privados e políticos.

A agenda da Rio+20 se organiza em torno de dois grandes temas. O primeiro é a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza. Sobre esse tema, vem-se observando acordo geral entre os países sobre alguns aspectos: não existe um modelo único de economia verde; e não se pode considerar a economia verde sem relacioná-la à erradicação da pobreza - ou seja, a objetivos de inclusão social.

Cada país formulará sua própria concepção de economia verde, de acordo com sua realidade nacional, os recursos de que dispõe e seus desafios de desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, estará baseada no amplo uso de energias renováveis, no efetivo combate ao desmatamento, na elevação dos níveis de renda de milhões de brasileiros. A adoção de padrões únicos de economia verde a todos os países poderia gerar distorções, tais como a criação de barreiras comerciais, o que aprofundaria disparidades entre os países, agravando problemas sociais, sobretudo nos países em desenvolvimento.

O segundo tema é a governança para o desenvolvimento sustentável. Em outras palavras, trata-se de adequar as estruturas do sistema ONU de forma a fortalecer o multilateralismo, reduzir o déficit democrático e proporcionar maior integração entre as dimensões social, econômica e ambiental do desenvolvimento sustentável.

A Rio+20 poderá prestar contribuição decisiva ao enfrentamento do aquecimento global, pois o desenvolvimento sustentável é a melhor resposta aos desafios associados à mudança do clima. O Brasil teve papel-chave na recente Conferência de Durban, contribuindo, por meio de sua liderança e propostas, para resultados positivos. Graças a Durban, estão dadas as condições para um intercâmbio construtivo sobre aquecimento global na Rio+20, com impacto potencialmente relevante em favor do fortalecimento do regime internacional. Isso, claro, sem pretender duplicar as negociações intergovernamentais, cujo espaço legítimo é a Convenção Quadro de Mudança do Clima das Nações Unidas.

O mundo olha para o Brasil, anfitrião da Rio+20, com expectativa de liderança. Dispomos de credenciais sólidas para isso, como nação que se encontra na vanguarda das energias limpas e renováveis e também das políticas de crescimento econômico inclusivo. O Brasil demonstra que é possível crescer e incluir, proteger e conservar.

Como disse em janeiro a presidente Dilma Rousseff, no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, queremos que, a partir da Rio+20, a palavra "desenvolvimento" apareça sempre associada ao adjetivo "sustentável".

Antonio de Aguiar Patriota é ministro das Relações Exteriores. Artigo publicado no jornal O Globo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Energia solar ajuda a manter cultivo de uvas no deserto do Atacama

Imagem: BBC
Uma parceria entre uma das maiores produtoras de frutas frescas do Chile e uma companhia de energia renovável alemã resultou no uso de energia solar para irrigar parreiras no deserto do Atacama, um das regiões mais secas do planeta.

Instalados no Vale de Copiapó, painéis capturam energia solar e ajudam no cultivo das uvas

"Queríamos aproveitar a oportunidade que o deserto de Atacama oferece", afirmou José Miguel Fernandez, da companhia produtora de frutas Subsole, enquanto caminhava entre os painéis solares.

"Este projeto está de acordo com nosso compromisso com o ambiente para as gerações futuras e é uma forma de fazer com que outros produtores de frutas nos sigam", disse.

Os painéis para capturar a energia solar estão instalados no Vale de Copiapó, em uma área pequena que parece perdida em meio às colinas e montanhas do Atacama.

A região é um oásis verde no deserto e as parreiras da Subsole são cultivadas graças às reservas subterrâneas de água.

As bombas de água do sistema de irrigação dessas plantações é movida por eletricidade gerada pelos painéis solares, que se aproveitam da fartura de luz existente na região norte do Chile.

O Atacama é considerado o deserto mais seco da Terra, com os mais altos níveis de luz solar do mundo. As nuvens aparecem apenas cerca de 30 dias por ano e área para instalação dos painéis não falta.

No entanto, painéis para captação de energia solar não são comuns na região.

Capacidade
A capacidade de geração de energia é de apenas 300 kWp (kilowatt-pico) - o bastante para gerar energia para um prédio de 20 andares. Mas, Roberto Jordan, da subsidiária chilena da companhia de energia renovável alemã Kraftwerk, afirma que eles são os primeiros a trabalhar com uma instalação de tamanho industrial em todo o deserto do Atacama.

Para Jordan, o deserto é capaz de produzir muito mais energia.

"Há sol o bastante, há terra o bastante, então devemos mesmo explorar mais", disse.

Protestos
Apesar de todo o potencial do Atacama, apenas 4% da energia elétrica consumida pelo Chile vem de fontes renováveis, tais como a energia solar, geotermal, eólica e das ondas do mar.

Combustíveis fósseis importados, por sua vez, são usados em 60% da produção de energia elétrica do país. O restante é suprido por usinas hidrelétricas.

O anúncio feito pelo governo no ano passado de que cinco novas usinas hidrelétricas seriam construídas na região da Patagônia deflagrou uma onda de protestos.

Projetos como esse, segundo o governo, são cruciais para suprir a crescente necessidade de energia do Chile. A demanda no país deve dobrar nos próximos anos devido ao boom da mineração chilena.

Contudo, aos poucos o governo tem prestado mais atenção em energias renováveis.

"Nós precisamos dobrar nossa capacidade de suprimento de energia elétrica nos próximos 10 anos", afirmou Gabriel Rodriguez, da chancelaria chilena.

"Nós dependemos muito da energia hidrelétrica, que é problemática por causa do impacto ambiental. Carvão, gás e petróleo nós temos que importar. Por isso é essencial investir na energia renovável", disse.

Após tomar posse em 2010, o presidente Sebastian Piñera delineou um plano para que até 2020 ao menos 20% da energia usada no país venha de fontes renováveis.

A opção mais atrativa no campo da energia renovável, tanto para o Estado quanto para a iniciativa privada, é a energia solar - principalmente devido à queda nos custos da tecnologia usada pelo setor.

Segundo a Kraftwerk, o preço dos painéis solares caíram cerca de 30% em 2011 e devem sofrer redução ainda maior neste ano.

Mas, a migração dos combustíveis fósseis para a energia limpa pode ser complicada: a Subsole, por exemplo, teve que conseguir financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)

"Emprestamos US$ 32 milhões (R$ 58 milhões) porque o projeto é muito importante. O governo está querendo mudar a matriz energética criando fontes alternativas de energia. Queremos participar disso", disse Maria Urriba, representante do BID no país.

Mineradoras
Segundo Urriba, o governo chileno deve investir no setor da energia renovável principalmente para suprir a necessidade das empresas mineradoras instaladas no Atacama.

A extração de cobre na região é responsável por 70% das exportações do Chile e as mineradoras consomem aproximadamente metade da energia produzida no país.

"O deserto do Atacama tem condições perfeitas para aproveitar a energia solar", disse Urriba.

A mineradora estatal Codelco está construindo em parceria com a empresa espanhola Solapark uma planta de energia solar próxima à cidade de Calama.

Uma vez em funcionamento, a usina fornecerá 1 megawatt de energia para a maior mina de cobre do mundo, a Chuquicamata.

Ainda não é possível saber se o Chile alcançará sua ambiciosa meta de que a energia renovável represente 20% do consumo do país em 2020, mas certamente o país começa a perceber o potencial do Atacama.

Notícia retirada do Estadão.

Cientista brasileiro precisa de ajuda para gerar patente

O Brasil precisa aprender a fazer patentes. Esse foi o recado de Benoît Battistelli, presidente do EPO (Escritório Europeu de Patentes), na sua passagem pelo País durante o mês de abril.

O EPO, que reúne 38 países europeus e analisa patentes três vezes mais rápido que o Brasil, firmou uma parceria com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), para treinar brasileiros a escreverem os pedidos.

Hoje, só 20% das requisições que chegam ao INPI são concedidas. Isso acontece em parte por causa de textos com problemas ou de inovações não tão novas assim - como as já publicadas em artigos.

Confira a entrevista.

O EPO está firmando uma parceria com o Brasil para promover um "road-show" que ajudará os inventores brasileiros a escreverem patentes. Como surgiu essa ideia?
Benoît Battistelli - O número de pedidos de patentes de brasileiros no EPO dobrou nos últimos cinco anos. Na Europa, temos programas para orientar a patentear e estamos contentes em dividir isso com o Brasil.

Como está o cenário europeu em relação a pedidos de patentes?
Tivemos um crescimento de 4% dos pedidos de patentes no EPO no ano passado. As empresas europeias decidiram manter suas atividades em pesquisa e desenvolvimento e continuar fazendo requisições de patentes apesar da crise. Isso mostra um uso econômico importante para as patentes.

Mas depois da crise houve uma queda dos pedidos.
Tivemos uma queda em 2009 como um efeito direto da crise econômica. Mas em 2010 nós atingimos o nível de 2008 e agora temos 4% a mais. Isso é um bom sinal de que estamos aproveitando a crise para gerar inovação.

No Brasil, três das cinco instituições que mais têm pedidos de patentes são universidades: USP, Unicamp e UFMG. Fazer patentes é uma missão das universidades?
É uma missão das universidades e das empresas - e não só das grandes empresas ou altamente tecnológicas, mas também das pequenas. Em universidades americanas, as patentes são muito importantes e ajudam o desenvolvimento dos próprios laboratórios. Trata-se de uma ferramenta importante para instituições públicas ou privadas, grandes ou pequenas.

Mas patentes são importantes para as universidades a ponto de serem tidas como um indicador de qualidade? Rankings universitários dão pontos para as patentes.
Na maioria das metodologias de avaliação de ensino superior, a produção científica [artigos publicados pelos pesquisadores] vale muito mais do que a quantidade de patentes. Mas penso que isso deveria ser melhor balanceado. Hoje, os cientistas priorizam a publicação de artigos. Mas, se você publica uma descoberta, você perde o direito de pedir uma patente.

Europeus têm dificuldades para escrever patentes?
Há pessoas especializadas para ajudar os inventores a escrever suas patentes. No EPO, fazemos uma qualificação anual para essas pessoas, que são normalmente engenheiros altamente qualificados. Meu conselho é que as universidades tenham pessoas capacitadas a ajudar tanto na elaboração dos textos dos pedidos de patentes quanto na introdução da inovação no mercado.

Qual a visão do EPO em relação às empresas que tentam prolongar a duração de suas patentes?
O interesse de quem patenteia é ter uma patente pelo maior tempo possível. Mas nós, nos escritórios de patentes, representamos o interesse da sociedade. Nosso objetivo é limitar a patente para que ela represente um progresso técnico. Nós somos muito rigorosos no EPO: apenas 40% dos pedidos de patentes são concedidos. Quando concedemos a patente a uma pessoa ou companhia, damos um direito ao monopólio por um período, que é de até 20 anos, em um país ou região. Muitas empresas americanas preferem fazer o pedido no EPO do que no EUA [no chamado USPTO] porque sabem que a patente europeia será mais sólida.

Notícia retirada do Jornal da Ciência.

“Falta reconhecer que estamos numa crise de civilização”

A conferência internacional Rio+20, promovida pela ONU no Rio de Janeiro, vai reunir em junho chefes de estado, ativistas sociais e ambientais, pesquisadores e empresários para discutir como promover um desenvolvimento mais sustentável. É uma grande oportunidade. Mas que pode terminar diluída em documentos vagos. “Estamos diante de posições tímidas dos governos com relação à sociedade e ao ambiente natural, impondo questões temáticas que impedem de ver o todo”, afirma Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental e integrante Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Ele é um dos organizadores do seminário “Desconstruindo a crise civilizacional – um olhar sobre a Rio +20”, em São Paulo. Em entrevista, Bocuhy diz o que espera da Rio+20.
O que podemos esperar de concreto da Rio+20? Dela vai sair algum acordo ou tratado internacional ou está mais para documentos de intenções?
Carlos Bocuhy: O que se sinaliza é o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com a perspectiva de criação de uma agência global para o meio ambiente. Mas não há muitas expectativas com relação a isso. A crise econômica está lançando a área ambiental para uma grande maquiagem verde. Ninguém abre mão de favorecer a manutenção da frágil estabilidade econômica atual, não importa o desastre que isso represente no futuro. Vejamos a altíssima conta futura das consequências do aquecimento global. A perspectiva é que os Estados Unidos continuem a empurrar com a barriga este processo, como fizeram com o Protocolo de Kyoto. O respeito à soberania é a tonica das Nações Unidas, portanto temos sempre cartas de intenções. Veja o que o Brasil fez quando a Comissão de Direitos Humanos da OEA, por conta de Belo Monte, puxou sua orelha: ameaçou de deixar a OEA. Fazer o que? Quando não há ética, não há transformação possível, apenas um jogo de conveniências e aparências. Mudança de comportamento exige compromisso verdadeiro com postura e atitude, não apenas palavras.

Um dos principais objetivos da Rio+20 é debater os caminhos para uma economia verde. O que é essa economia verde? Ela é viável?
Bohuny: O que é a economia verde? Ela vai trabalhar escala de consumo? Não, propõe manter desenvolvimento com aspectos de inovação tecnológica e discurso de inclusão social. Como no Titanic estamos todos juntos, passageiros de primeira, segunda e terceira classe rumo ao iceberg. Há uma forte tendência inercial nos rumos atuais da economia e uma qualidade estática e dura revelada pelos limites do planeta. Reverter motores e girar o leme será o mínimo que a economia deveria fazer – e já é tarde: vamos todos entrar numa fria. Há fé na tecnologia, sem respeito aos limites do planeta, sem análise de riscos. A esperança no inafundável gerou falta de prevenção e atitudes corretivas que poderiam ter mudado os rumos daquele naufrágio.

O Brasil, como país anfitrião, oferece bons exemplos para discutir a economia verde?
Não. Só tem capital natural, mas não tem uma política para a sustentabilidade. A entrada tardia no processo de crescimento, de ocupação do espaço territorial, ainda permite manter uma razoável capacidade de suporte em regiões mais afastadas dos centros que detém forte ritmo econômico. São Paulo já rompeu há muito sua capacidade de suporte ambiental, seja para ecossistemas marinhos, manguesais e pela ocupação da orla, que lançará populações, aos milhares, como refugiados para áreas de proteção ambiental em função do aumento das marés pelo aquecimento global. A mancha urbana de São Paulo está se conurbando com as regiões metropolitanas do Vale do Paraíba e de Campinas. Prefeitos fecham os olhos para essa realidade e continuam a administrar dentro das surreais linhas administrativas, ilusórias, enquanto os ecossistemas naturais são drasticamente alterados de forma suicida. O interior transformou-se em mar de cana, como se a humanidade fosse alimentar-se de combustível. Criamos uma sociedade insensível para a ecologia e os ecossistemas e vivemos uma sociedade-ficção, com fixação em bens de consumo, uso abusivo do solo e de bens materiais. Discute-se agora a apropriação do território marinho, também sem estudos sobre capacidade de suporte dos ecossistemas. A humanidade fuma, bebe e come desenfreadamente, esquecendo-se dos limites naturais que permitem uma condição saudável de existência, ao longo do tempo. Não chegará aos 60.

E o Rio de Janeiro, a cidade sede, é um bom local para discutir economia sustentável?
O Rio é belíssimo por sua condição natural, geomorfológica, mas transformou-se em desastre urbano por falta de gestão territorial com inclusão social. Há também necessidade de uma cultura de paz para o Rio de Janeiro – e talvez a Rio + 20 possa trazer um pouco dessa perspectiva, que tem permeado os movimentos sociais de todo o planeta.

Onde você estava em 1992, durante a Rio 92?
Em 1992 eu estava profundamente envolvido com a perspectiva de processos de educação ambiental, formal e informal, que pudessem transformar os caminhos da sociedade. Na época, eu e minha mulher escrevíamos um programa de educação ambiental abrangente que visava mudança de comportamento. Idealizávamos uma verdadeira revisão antropológica do conhecimento humano com inserção de conteúdo ambiental nas diferentes disciplinas para formação de jovens. Tivemos forte reconhecimento público, das áreas técnicas e de profissionais de educação. Mas os programas de educação ambiental nas escolas passaram mais e mais a servir de apoio político a programas pontuais de governo. Se aquela geração tivesse sido criada para a consciência crítica, hoje teríamos um outro quadro de exigência social frente à administração pública e ao mercado.

Como você compara as duas conferências: a de 1992 e a de 2012?
Vamos falar das três? Estocolmo foi infância, Rio+0 foi adolescência e agora estamos na fase adulta. Porisso mesmo a enorme responsabilidade das tomadas de decisão, mas os governos estão vindo á conferencia com quimeras, sem perspectivas ou coragem para propor mudanças mais estruturais. Estamos entrando reconhecidamente no Antropoceno (nova era na idade da Terra que, segundo alguns cientistas, é dominada pelos efeitos da espécie humana) . A conjuntura é outra, completamente diversa do ponto de vista de reconhecimento do potencial de intervenção negativa do homem sobre o planeta. Assim, não podemos pensar em meias-medidas, mas sim em verdadeira generosidade, para o planeta e para a humanidade. É preciso esquecer esse uso nocivo da palavra sustentabilidade, que virou escova de dentes – cada um tem a sua. É preciso falar em sobrevivência da vida pela manutenção das condições naturais. Então, a primeira foi a conferencia do desenvolvimento, a segunda do desenvolvimento sustentável e esta, a terceira, deve ser a da sobrevivência.

O que falta à Rio+20?
O básico, o frugal. O conceito de sobrevivência, o reconhecimento do limite das alterações aceitáveis para manter a vida. Falta a mudança pela essência, não o recorte sobre o que já não funciona. Falta o reconhecimento de que estamos numa crise civilizacional.

Há risco de decepção com os resultados da Rio+20?
Os governos e a sociedade estão prestes a se acomodar nos botes salva-vidas. Estamos trabalhando com a perspectiva de pautar o pós-Rio+20 e para isso estamos provocando uma reflexão crítica com o seminário “Desconstruindo a Crise Civilizacional: um olhar sobre a Rio+20”. Estamos diante de posições tímidas dos governos com relação à sociedade e ao ambiente natural, impondo questões temáticas que impedem de ver o todo. Há retrocessos inimagináveis em curso, diante dos efeitos climáticos, que afetarão duramente as áreas de saúde e bem-estar social. Lá fora o devastador potencial da cadeia do petróleo e o acirramento de emissões para o aquecimento global – no Brasil, isso se consubstancia também nos retrocessos sociais e em perdas como a do Código Florestal. A sociedade ficará de fora na Rio +20, como Portinari ficou fora das Nações Unidas e não pode admirar no saguão da ONU seus painéis de Guerra e Paz. O Jet set internacional governamental e corporativo irá, de forma glamorosa e fotogênica, defender posições tímidas, de mais-do-mesmo. Neste palco da tragédia anunciada segmentos mais lúcidos ficarão no convés – e como a orquestra do Titanic, irão tocar até a última nota.

Notícia retirada da Revista Época.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ministra brasileira reage a críticas feitas à Rio+20

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, rebateu na última quinta-feira críticas feitas recentemente à conferência Rio+20. A reação da ministra ocorreu durante solenidade de abertura do evento "I Diálogo Federativo Rumo à Rio+20", no Palácio do Planalto. "Falar que não tem tema ambiental na conferência talvez sejam (críticas de) pessoas que não estão tão bem informadas sobre os assuntos", disparou Izabella Teixeira no discurso. Ela se recusou a falar com jornalistas após o evento.

Segundo Izabella, haverá debate sobre desenvolvimento sustentável nos dez temas do I Diálogo Federativo Rumo à Rio+20, incluindo pobreza, florestas, cidades sustentáveis, energia, fronteiras energéticas e água. "Tem a água, florestas, padrão de consumo sustentável, energia renovável, produção de alimentos, erradicação da pobreza. Meu Deus, isso não é meio ambiente? Então vocês me digam o que é meio ambiente. É impossível debater qualquer desses temas sem que a questão climática esteja passando por eles", disse a ministra.

Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, um grupo de ex-ministros do Meio Ambiente e especialistas na área apresentou quarta-feira, em São Paulo, o documento "Rio Mais ou Menos 20". Para ambientalistas e representantes da sociedade civil, a agenda da conferência está diluída, fraca e sem foco. Izabella argumentou que a Eco-92 foi uma "conferência de chegada". "Não podemos ficar numa pauta de 92, queremos olhar daqui para frente, acho que o Brasil tem de continuar esse caminho sobre a governança ambiental", defendeu a ministra.

Notícia retirada do Estadão.

Indústrias dos EUA mais intensivas em patentes contribuem com 5% do PIB

Um estudo divulgado neste mês pelo governo norte-americano mostra o impacto na economia dos Estados Unidos dos setores que mais produzem e se utilizam da propriedade intelectual (PI) — marcas, patentes e direitos autorais. O documento preparado pelo Departamento de Comércio dos EUA distingue 26 indústrias como as mais intensivas na produção e uso de patentes no período compreendido pelos anos fiscais de 2004 a 2008. No topo da lista estão: computadores e equipamentos periféricos; equipamentos de comunicação; semicondutores e outros componentes eletrônicos; outros produtos de computação e eletrônicos; e instrumentos de controle, navegação, medição e eletromédicos. 

Apesar de praticamente todas as indústrias do país trabalharem de alguma maneira com PI, o estudo identifica aquelas que mais dependem desse tipo de proteção em suas atividades em relação ao número de funcionários que atuam na indústria. Essa metodologia permitiu ponderar o peso da tecnologia considerando o tamanho da indústria, ou seja, as indústrias mais intensivas em patentes não são necessariamente aquelas com o maior número de patentes, mas aquelas com o maior volume de patentes por emprego.

Peso econômico
Essas indústrias relacionadas à produção e uso intensivos de patentes contribuíram com 5,3% do Produto Interno Bruto dos EUA em 2010, adicionando US$ 763 bilhões à economia naquele ano. Além disso, o setor foi responsável por 2,7% dos empregos diretos existentes no país. Em 2010, essas indústrias intensivas em patentes empregaram 3,891 milhões de pessoas; além dos empregos diretos, esse grupo gerou mais 3,252 milhões de empregos indiretos na sua cadeia, de acordo com o estudo.
O relatório mostra também que o salário médio dos profissionais envolvidos com as indústrias mais intensivas em patentes é 73% superior ao daqueles que trabalham em setores não intensivos em PI. Enquanto os trabalhadores da indústria intensiva em patentes ganham por semana US$ 1.407, os de setores não intensivos em PI ganham US$ 815. O relatório destaca que, em 1990, o adicional salarial dos profissionais que atuavam em indústrias intensivas em patentes era apenas 46% superior ao salário daqueles de indústrias não intensivas. Em 2000, esse prêmio subiu para 69%, crescendo em menor ritmo ao longo da década.

O estudo "Intellectual Property and the U.S. Economy: Industries in Focus" (Propriedade intelectual e a economia do EUA: indústrias em foco, em tradução livre) revela ainda que as indústrias intensivas em PI — marcas, patentes e direitos autorais — foram responsáveis por ao menos 40 milhões de empregos (18,8% de todos os postos de trabalho) e contribuíram com mais de US$ 5 trilhões para a economia dos EUA em 2010, o que representa 34,8% do PIB norte-americano. Ao todo, 75 indústrias foram consideradas intensivas em PI pelo Departamento de Comércio.

Notícia retirada do Inovação UNICAMP.

EUA enfrentam risco de "estouro de bolha" da energia renovável

Depois de retornar, em 2011, ao topo do ranking dos países que mais investem em energias renováveis, os Estados Unidos agora correm o risco de ver estourar a bolha do setor, com o fim dos subsídios oferecidos pelo governo federal.

Nota publicada pela revista Nature chama atenção para o fato de que o fim, já esperado, do período de estímulo estatal coincide com “uma brutal ressaca fiscal e um ano de amarga divisão eleitoral” no país.

“O resultado é um colapso no apoio federal às tecnologias de energia limpa no momento em que a indústria luta para enfrentar a queda de preço do gás natural e a dura competição chinesa”, diz a análise publicada no NewsBlog da revista. 

A maior parte do gasto federal em estímulo ao setor expira agora em 2012. De acordo com o relatório Who Is Winning the Clean Energy Race, dos Pew Charitable Trusts, em 2012 expiram as dotações do Tesouro para a energia limpa, bem como as garantias de empréstimos concedidas pelo Departamento de Energia. “Uma incerteza política significativa reduz a confiança do investidor em 2012”, acrescenta o levantamento.

Complementando a constatação do relatório Pew, a análise citada pela Nature, chamadaBeyond Boom and Bust ("Além da Bolha e do Estouro") acrescenta que “o declínio em apoio federal será muito mais amplo e continuará pelos próximos anos, a menos que o Congresso dividido se una para criar um novo caminho”.

Segundo Beyond Boom and Bust, o gasto federal total em energia limpa, no ano passado, foi de pouco mais de US$ 30 bilhões (R$ 55 bilhões) e deve cair quase 50%, a US$ 16 bilhões (R$ 29,5 bilhões), em 2012, caso o Congresso não interfira. A tendência é de reduções seguidas pelos próximos anos.

Elaborada por um consórcio de três instituições – Brookings Institution, Breakthrough Institute e World Resources Institute – a análise oferece uma série de sugestões para que o investimento em geração de energia sustentável supere as dificuldades que surgem neste ano.

Ao mesmo tempo em que reconhece que as políticas em vias de extinção “apagarão a maior parte do regime atual de instalação de energia limpa”, o texto recomenda que uma reforma do sistema de subsídios passe a premiar avanços tecnológicos e reduções de custo, incluindo a adoção de subsídios móveis que poderiam ser reduzidos em resposta a mudanças no preço das tecnologias. A análise diz que é preciso harmonizar o caráter temporário das políticas de incentivo à necessidade de segurança e continuidade das empresas.

“Nossa ideia é consertar os programas (de incentivo) em vez de acabar com eles”, disse à Nature Mark Muro, membro da Brookings Institution.

“A morte do sistema de subsídio atual para tecnologia limpa não precisa ser desastrosa”, afirma a análise. “Muitos dos subsídios existentes hoje são pouco otimizados, caracterizados por um ciclo de bolha e estouro de ajuda e abstinência”, diz, mais adiante.

Em termos de inovação, a análise pede que sejam criados mecanismos para acelerar a chegada de novas tecnologias ao mercado. Isso ecoa uma constatação do relatório Pew, que acusou a dificuldade dos Estados Unidos em converter seus grandes investimentos em pesquisa em capacidade efetivamente instalada. Boom and Bust pede atenção a inicaitivas regionais que surgem “de baixo para cima”.

“Por fim, a liderança americana em energia limpa exigirá uma mão-de-obra altamente educada, e capaz de competir globalmente”, afirma a análise. “A nação precisa investir em educação de ciência, matemática, engenharia e tecnologia, e reformar as leis de imigração para garantir que os EUA continuem a ser o destino favorito dos melhores inovadores e empresários do mundo”.

Notícia retirada do Inovação UNICAMP.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Para ex-ministros do meio ambiente, Rio+20 corre o risco de ser irrelevante

A Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, corre o risco de ser irrelevante ou até configurar um retrocesso, na opinião de ex-ministros do meio ambiente que se reuniram na quarta-feira passada (18), em São Paulo, para lançar um documento pedindo ações mais ousadas.

O documento, chamado de “Rio mais ou menos 20″, contou com a assinatura dos ex-ministros Rubens Ricupero, Marina Silva, José Goldemberg e José Carlos de Carvalho, além de outros especialistas na área. “Frente aos desafios e urgência da agenda ambiental, há um elevado risco de que a Rio+20 seja não apenas irrelevante, mas configure um retrocesso”, diz o texto.

A iniciativa de divulgar o texto começou com o embaixador e ex-ministro do Meio Ambiente Rubens Ricupero. Ele conta que o texto não é partidário e está aberto a adesões. Segundo Ricupero, a ideia surgiu após ver que o rascunho inicial das propostas da Rio+20, chamado “draft zero“, era decepcionante pela falta de ambição.

Uma das principais queixas dos participantes da mesa é que, segundo eles, o tema ambiental está sendo deixado de lado nas negociações. O próprio governo brasileiro estaria procurando tirar o peso das questões ambientais da conferência, ressaltado no lugar a questão social. “Nós não avançamos vinte anos para ver o Brasil voltar e querer discutir desenvolvimento sem meio ambiente”, disse Marina Silva.

Outro ponto questionado é a percepção de que o Brasil, como anfitrião, não está fazendo tudo o que poderia para tornar a Rio+20 um sucesso. “O Brasil deve atuar nas negociações internacionais como protagonista, defendendo seus interesses específicos, mas também constituindo uma força de moderação e equilíbrio”, diz o texto. A boa notícia é que os ex-ministros ainda têm esperanças de que a Rio+20 possa ser um sucesso. O caminho seria exatamente mudar a posição brasileira, fazendo o país apoiar, nas negociações internacionais, políticas e mecanismos para a economia verde.

Notícia retirada da Revista Época.

Solar passa a dominar investimentos do G20 em energia limpa

Os investimentos dos países do G20 em energia renovável continuaram a subir em 2011, e pela primeira vez o carro-chefe da expansão é a energia solar, com um aumento de 44% em relação a 2010, chegando a US$ 128 bilhões (R$ 235 bilhões), ou mais da metade do total aplicado em tecnologias limpas. Já os investimentos em energia eólica caíram 15%.

Os dados constam da mais recente edição do relatório Who Is Winning the Clean Energy Race (“Quem Está Ganhando a Corrida da Energia Limpa?”), elaborado pelos Pew Charitable Trusts.

A expansão dos investimentos globais do G20 em energia limpa, em 2011, foi de 6,5%, para um total recorde de US$ 263 bilhões (R$ 483 bilhões). Esse crescimento ficou abaixo da expansão de 30% registrada em 2010, mas o relatório chama atenção para o fato de que, mesmo modesto, o crescimento do setor superou o da economia mundial, que cresceu apenas 4,3% no ano passado.

O G20 – grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia – continua a dominar o setor, com 95% dos investimentos globais em energia limpa, mas outros mercados apresentam avanço, com taxas de crescimento projetadas de até 18% nos investimentos de partes da Ásia, África e Oriente Médio ao longo da próxima década.

O texto diz ainda que o crescimento pequeno do investimento no Grupo dos 20 “mascara uma expansão dramática” do uso das fontes limpas. “O custo da capacidade geradora solar e eólica vem decrescendo rapidamente, com o preço dos módulos fotovoltaicos caindo 50% em 2011”, aponta o relatório.

No ano passado, o mundo ganhou mais 83,5 GW de capacidade instalada de geração de energia limpa, incluindo 43 GW de energia eólica e – num número recorde – 29,7 GW de solar. Até 2009, havia menos de 30 GW de capacidade solar instalada. Dos novos 83,5 GW instalados no ano passado, 78 GW, ou 93%, estão nos países do G20. No fim de 2011, havia mais de 565 GW de energia limpa instalados no mundo, ou 50% mais que toda a capacidade de geração nuclear.

Embora o resultado geral do G20 na área tenha se mantido positivo, o relatório faz a ressalva de que, país por país, a situação é mais desigual. “O número de nações que sofreu perdas de investimento é quase igual ao das que tiveram ganhos”, afirma o relatório, atribuindo a situação a “incertezas políticas nas principais economias do mundo”.

EUA voltam ao topo
Entre os países, o principal destaque é o retorno dos Estados Unidos ao topo do ranking de investimentos em energia limpa do relatório Pew. Há dois anos que o país vinha perdendo posições, caindo ao terceiro lugar em 2010. Em 2011, no entanto, os EUA aplicaram 42% a mais no setor, ou US$ 48,1 bilhões (R$ 88,3 bilhões). Os EUA lideraram os investimentos em energia solar, eficiência energética e biocombustíveis.

No entanto, a Pew chama atenção para o fato de que os EUA não estão sequer entre os dez países que mais viram crescer o investimento no setor nos últimos cinco anos, e também fica para trás em termos de capacidade instalada. “O contraste entre os investimentos de capital de risco e a capacidade adicionada destaca um fenômeno persistente, no qual o país falha em levar ao mercado as inovações de energia limpa nascidas no laboratório”, analisa o relatório.

Juntamente com a China,os EUA foram responsáveis por mais da metade do investimento em estímulo à energia limpa, que totalizou US$ 46 bilhões (R$ 84,5 bilhões).

China e Alemanha
A política chinesa vem sendo de estimular a fabricação e a instalação de equipamentos de energia limpa, diz o relatório Pew. Os investimentos do país na área, no entanto, aumentaram apenas 1% em relação a 2010, chegando a US$ 45,5 bilhões (R$ 82,6 bilhões). “A despeito disso, a China segue sendo um núcleo dinâmico de atividades de energia limpa, liderando o mundo em investimentos e instalações de energia eólica, e na fabricação de equipamentos de energia eólica e solar”, diz o texto.

O crescimento do investimento chinês em energia limpa foi o menor dos últimos cinco anos. A maior parte do dinheiro aplicado foi voltada à instalação de capacidade eólica: a China investiu três vezes mais, nessa modalidade, do que o segundo colocado do G20 no quesito. Com isso, os chineses igualaram o recorde de instalação de capacidade eólica de 2010, com novos 20 GW. Agora, o país asiático conta com mais de 64 GW de capacidade instalada para aproveitar a energia dos ventos na geração de eletricidade.

O relatório Pew informa ainda que a China tem, como meta, instalar 50 GW de geração solar até 2020. 

Já a Alemanha, terceiro país em investimento em energia limpa, assistiu a uma queda de 5% no total aplicado em 2011. A despeito disso, no entanto, o país teve um avanço recorde na instalação de capacidade solar e, atualmente, obtém mais energia de fontes renováveis do que de usinas nucleares, carvão e gás natural.

Brasil cai para décimo
O investimento em energia limpa no Brasil ficou em US$ 8 bilhões (R$ 14,7 bilhões), um crescimento de 15% em relação ao ano passado. O avanço brasileiro, somado ao dos EUA, fez das Américas a região líder em investimentos em renováveis. Mesmo assim, o País perdeu posições no ranking de investimentos do G20, caindo da sexta colocação, em 2010, para a décima.

Além de EUA e China, os integrantes do G20 que investiram mais que o Brasil foram Alemanha, Itália, demais países da UE combinados, Índia, Reino Unido, Japão e Espanha.

De acordo com o relatório Pew, o País passou, no ano passado, a ser o líder mundial em capacidade instalada de geração a partir de biomassa, e manteve a liderança em capacidade de produção de biodiesel.

O relatório também destaca que o preço atingido em um leilão pela energia eólica no Brasil – US$ 62 (R$ 114) por MW.h – focou abaixo do de alternativas convencionais, e é o menor preço de energia eólica do mundo.

Em termos de crescimento capacidade instalada de energia renovável nos últimos 5 anos, o Brasil é o terceiro do ranking, com variação de 49% desde 2006. A lista é dominada por China (92%) e Turquia (85%).


Notícia retirada do Inovação UNICAMP