quarta-feira, 25 de abril de 2012

Solar passa a dominar investimentos do G20 em energia limpa

Os investimentos dos países do G20 em energia renovável continuaram a subir em 2011, e pela primeira vez o carro-chefe da expansão é a energia solar, com um aumento de 44% em relação a 2010, chegando a US$ 128 bilhões (R$ 235 bilhões), ou mais da metade do total aplicado em tecnologias limpas. Já os investimentos em energia eólica caíram 15%.

Os dados constam da mais recente edição do relatório Who Is Winning the Clean Energy Race (“Quem Está Ganhando a Corrida da Energia Limpa?”), elaborado pelos Pew Charitable Trusts.

A expansão dos investimentos globais do G20 em energia limpa, em 2011, foi de 6,5%, para um total recorde de US$ 263 bilhões (R$ 483 bilhões). Esse crescimento ficou abaixo da expansão de 30% registrada em 2010, mas o relatório chama atenção para o fato de que, mesmo modesto, o crescimento do setor superou o da economia mundial, que cresceu apenas 4,3% no ano passado.

O G20 – grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia – continua a dominar o setor, com 95% dos investimentos globais em energia limpa, mas outros mercados apresentam avanço, com taxas de crescimento projetadas de até 18% nos investimentos de partes da Ásia, África e Oriente Médio ao longo da próxima década.

O texto diz ainda que o crescimento pequeno do investimento no Grupo dos 20 “mascara uma expansão dramática” do uso das fontes limpas. “O custo da capacidade geradora solar e eólica vem decrescendo rapidamente, com o preço dos módulos fotovoltaicos caindo 50% em 2011”, aponta o relatório.

No ano passado, o mundo ganhou mais 83,5 GW de capacidade instalada de geração de energia limpa, incluindo 43 GW de energia eólica e – num número recorde – 29,7 GW de solar. Até 2009, havia menos de 30 GW de capacidade solar instalada. Dos novos 83,5 GW instalados no ano passado, 78 GW, ou 93%, estão nos países do G20. No fim de 2011, havia mais de 565 GW de energia limpa instalados no mundo, ou 50% mais que toda a capacidade de geração nuclear.

Embora o resultado geral do G20 na área tenha se mantido positivo, o relatório faz a ressalva de que, país por país, a situação é mais desigual. “O número de nações que sofreu perdas de investimento é quase igual ao das que tiveram ganhos”, afirma o relatório, atribuindo a situação a “incertezas políticas nas principais economias do mundo”.

EUA voltam ao topo
Entre os países, o principal destaque é o retorno dos Estados Unidos ao topo do ranking de investimentos em energia limpa do relatório Pew. Há dois anos que o país vinha perdendo posições, caindo ao terceiro lugar em 2010. Em 2011, no entanto, os EUA aplicaram 42% a mais no setor, ou US$ 48,1 bilhões (R$ 88,3 bilhões). Os EUA lideraram os investimentos em energia solar, eficiência energética e biocombustíveis.

No entanto, a Pew chama atenção para o fato de que os EUA não estão sequer entre os dez países que mais viram crescer o investimento no setor nos últimos cinco anos, e também fica para trás em termos de capacidade instalada. “O contraste entre os investimentos de capital de risco e a capacidade adicionada destaca um fenômeno persistente, no qual o país falha em levar ao mercado as inovações de energia limpa nascidas no laboratório”, analisa o relatório.

Juntamente com a China,os EUA foram responsáveis por mais da metade do investimento em estímulo à energia limpa, que totalizou US$ 46 bilhões (R$ 84,5 bilhões).

China e Alemanha
A política chinesa vem sendo de estimular a fabricação e a instalação de equipamentos de energia limpa, diz o relatório Pew. Os investimentos do país na área, no entanto, aumentaram apenas 1% em relação a 2010, chegando a US$ 45,5 bilhões (R$ 82,6 bilhões). “A despeito disso, a China segue sendo um núcleo dinâmico de atividades de energia limpa, liderando o mundo em investimentos e instalações de energia eólica, e na fabricação de equipamentos de energia eólica e solar”, diz o texto.

O crescimento do investimento chinês em energia limpa foi o menor dos últimos cinco anos. A maior parte do dinheiro aplicado foi voltada à instalação de capacidade eólica: a China investiu três vezes mais, nessa modalidade, do que o segundo colocado do G20 no quesito. Com isso, os chineses igualaram o recorde de instalação de capacidade eólica de 2010, com novos 20 GW. Agora, o país asiático conta com mais de 64 GW de capacidade instalada para aproveitar a energia dos ventos na geração de eletricidade.

O relatório Pew informa ainda que a China tem, como meta, instalar 50 GW de geração solar até 2020. 

Já a Alemanha, terceiro país em investimento em energia limpa, assistiu a uma queda de 5% no total aplicado em 2011. A despeito disso, no entanto, o país teve um avanço recorde na instalação de capacidade solar e, atualmente, obtém mais energia de fontes renováveis do que de usinas nucleares, carvão e gás natural.

Brasil cai para décimo
O investimento em energia limpa no Brasil ficou em US$ 8 bilhões (R$ 14,7 bilhões), um crescimento de 15% em relação ao ano passado. O avanço brasileiro, somado ao dos EUA, fez das Américas a região líder em investimentos em renováveis. Mesmo assim, o País perdeu posições no ranking de investimentos do G20, caindo da sexta colocação, em 2010, para a décima.

Além de EUA e China, os integrantes do G20 que investiram mais que o Brasil foram Alemanha, Itália, demais países da UE combinados, Índia, Reino Unido, Japão e Espanha.

De acordo com o relatório Pew, o País passou, no ano passado, a ser o líder mundial em capacidade instalada de geração a partir de biomassa, e manteve a liderança em capacidade de produção de biodiesel.

O relatório também destaca que o preço atingido em um leilão pela energia eólica no Brasil – US$ 62 (R$ 114) por MW.h – focou abaixo do de alternativas convencionais, e é o menor preço de energia eólica do mundo.

Em termos de crescimento capacidade instalada de energia renovável nos últimos 5 anos, o Brasil é o terceiro do ranking, com variação de 49% desde 2006. A lista é dominada por China (92%) e Turquia (85%).


Notícia retirada do Inovação UNICAMP

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