sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Siemens e Shangai Eletric criam aliança eólica de US$ 226 milhões

Em um acordo de US$ 226 milhões batizado de Aliança de Energia Eólica da China, a Shanghai Electric transferirá todos os seus negócios eólicos para duas novas joint ventures criadas em parceria com a Siemens. 

A primeira joint venture, SmartPower Wind Turbine, ficará responsável pela pesquisa e produção de equipamentos para o mercado chinês e para a Siemens. A segunda, Shanghai Electric Wind Energy, será especializada em vendas, marketing, gerenciamento de projetos e outros serviços.

Pelo acordo, a Shanghai Electric será a sócia majoritária com 51% das ações, ficando 49% para a Siemens.

“Nosso objetivo é nos tornarmos os líderes mundiais no fornecimento de turbinas eólicas. Este acordo também significa que entramos de vez no mercado chinês”, afirmou Michael Suess, CEO do setor de energia da Siemens.

A China produz atualmente mais de 40GW em energia eólica, sendo assim o principal produtor mundial. O governo estabeleceu a meta de chegar a 150GW até 2020.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Facebook se une a Greenpeace em campanha em prol de renováveis

Foram 20 meses e mais de 700 mil internautas participantes, mas a campanha do Greenpeace para mobilizar a maior rede social do mundo para a utilização de energias renováveis atingiu seu objetivo. Nesta quinta-feira (15), o Facebook anunciou que criará metas para consumir energia de fontes renováveis. 

A empresa afirmou que promoverá as energias renováveis e encorajará outras companhias e setores a utilizarem fontes verdes para suprir sua demanda energética. “O Facebook acredita que nossas matrizes energéticas um dia serão limpas e renováveis e trabalhará com o Greenpeace para que este dia chegue mais rápido”, comentou Marcy Scott Lynn, do programa de sustentabilidade do Facebook.

“O Greenpeace e o Facebook trabalharão juntos para incentivar o abandono do carvão e de outros combustíveis fósseis e, em seu lugar, o investimento em energias renováveis. Esta opção por energias limpas e seguras ajudará a combater o aquecimento global e assegurar uma economia mais forte e comunidades mais saudáveis”, concordou Tzeporah Berman, co-diretor do Programa de Clima e Energia do Greenpeace Internacional.

Balão do Greenpeace sobrevoou, em abril, a sede do Facebook nos Estados Unidos com a mensagem: 
Balão do Greenpeace sobrevoou, em abril, a sede do Facebook nos Estados Unidos com a mensagem: 
"Junte-se à revolução energética"/ Foto: Kim White / Greenpeace
Além de alimentar seus centros de dados com energia limpa, a companhia também compartilhará seus conhecimentos em eficiência energética com outras firmas de tecnologia da informação (TI) através do Open Compute Project, rede industrial que desenvolve tecnologias mais eficientes.

“O compromisso do Facebook com as energias renováveis serve de exemplo a empresas como a Apple, a IBM, a Microsoft e o Twitter. Nossa campanha provou que as pessoas ao redor do mundo querem suas redes sociais alimentadas por energias renováveis e não por carvão”, observou Casey Harrell, analista sênior de tecnologia da informação do Greenpeace Internacional.

Atualmente, a rede social possui mais de 800 milhões de usuários no mundo, e mantém seus servidores ligados 24 horas por dia para armazenar todos os dados gerados por esses usuários, consumindo muita energia. O Facebook, junto com outras empresas de TI, é responsável por 2% da demanda de eletricidade dos Estados Unidos, e esse uso deve crescer 12% ou mais a cada ano. Com ajuda do Greenpeace, a companhia pretende estimular a eficiência energética do setor.

“O Greenpeace tem tido grande êxito em usar o Facebook como plataforma para divulgar sua mensagem e engajar as pessoas em suas causas. Estamos ansiosos para trabalhar em conjunto e explorar novas maneiras de levar aos usuários os problemas ambientais que são de interesse de todos”, concluiu Lynn.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Brasileiro rejeita usina nuclear


A maioria dos cidadãos brasileiros não aprova a construção de novas usinas nucleares no país. A conclusão é de uma pesquisa finalizada este mês pelo instituto Market Analysis. De acordo com o estudo, 44% dos entrevistados aprovam a continuidade de Angra 1 e 2, mas não querem novas usinas, enquanto 35% defendem a desativação de todo o parque de geração nuclear brasileiro. Apenas 16% estão de acordo com a implantação de novas usinas do tipo.

“A preocupação com as questões ambientais cresceu muito nos últimos anos. Esse resultado foi claramente influenciado pelo acidente em Fukushima”, avalia o diretor da Market Analysis, Fabián Echegaray. “Tem muito mais a ver com a segurança física e pessoal do que com a discussão sobre alternativas energéticas”.

Em comparação com pesquisa semelhante realizada em outros 11 países que também possuem reatores nucleares, a população brasileira se mostrou mais resistente a esse tipo de energia do que outras comunidades. Na China e na Índia, por exemplo, 42% e 23% dos entrevistados, respectivamente, aprovam a construção de novas centrais nucleares.

Um dado curioso da pesquisa brasileira, contudo, é que o Nordeste apresentou uma receptividade maior à energia nuclear, em comparação com as demais regiões do país. Coincidentemente, é naquela região, entre Bahia e Pernambuco, que o governo brasileiro estuda implantar duas usinas nucleares, de 1 mil MW de potência cada.

O trabalho também englobou as fontes renováveis. A pesquisa mostrou que 72% dos entrevistados acreditam – em parte (27%) ou totalmente (45%) – que as energias eólica e solar poderão substituir a geração a carvão e óleo combustível no país no prazo de 20 anos. A pergunta não incluiu o gás natural.

A pesquisa foi realizada com 806 pessoas, com idade entre 18 e 69 anos, por meio de telefonemas realizados entre julho e agosto deste ano, em nove capitais (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). Segundo Echegaray, o universo utilizado na pesquisa é um “espelho” da distribuição da população brasileira, baseado no IBGE.

Notícia retirada do Portal Energia Hoje

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Focus 100% elétrico começa a ser produzido nos EUA

A montadora Ford anunciou na quarta-feira, 14 de dezembro, que deu início à produção da versão elétrica do Focus nos Estados Unidos. As primeiras cidades a receber o modelo serão Califórnia, Nova Iorque e Nova Jersey, mas a montadora garante que em breve o elétrico estará disponível em todo o país.
Alimentado por baterias de íon de lítio, o primeiro carro isento de combustíveis da Ford possui um sistema que utiliza aquecimento e refrigeração líquida para maximizar o tempo de vida útil da bateria. O carro é equipado com um bloco de 92 kw de potência, o equivalente a 123 cv de força, e o motor é gerenciado por uma transmissão automática com autonomia de até 160 km e velocidade máxima de 136 km/h.
Para recarregar as baterias são necessárias de três a quatro horas em tomadas de 240 ou 120 volts, que poderão ser conectadas através de um cabo que acompanha o veículo. De acordo com cálculos da Ford, o Focus Electric gasta apenas US$ 2,10 para percorrer 125 km sem utilizar uma gota de combustível.
Entre os opcionais estão o MyFord Touch 8″, MyFord Mobile App (para monitoramento remoto e programação de carregamento da bateria através de smartphone bem como ligar remotamente), faróis xenon, rodas de 17″ alumínio, assentos com material 100% reciclado e câmera traseira com sensor de estacionamento.

O preço inicial do Focus Electric nos Estados Unidos será US$ 39.200 (cerca de R$ 70 mil) e os modelos hatch, de quatro portas, já estão disponíveis para pré-venda no país.



Notícia retirada do Portal EcoD.

O desafio solar

Por Alfredo Sirkis
Em menos de dois anos a China tornou-se líder no mercado de energia solar. Em 2010, passou a dominar 50% dele, e estima-se que até o final deste ano possa chegar a 65%.

As consequências dessa investida foram particularmente sentidas nos EUA, com a falência de fabricantes de painéis solares, como a Solyndra, da Califórnia, que recebera subsídios do governo federal muito criticados pelos republicanos que defendem interesses de empresas de petróleo e térmicas à carvão.
A queda média nos preço de painéis solares foi de 42% desde 2010. Na China, o quilowatt solar ainda custa o dobro, mas as curvas estão convergindo rapidamente na medida em que o preço do solar cai e o carvão -que a China já começa a importar- sobe de preço.

Visitei duas fábricas solares chinesas. A Shanghai Solar e a Yngli, perto de Pequim. A primeira pertence à empresa aeroespacial chinesa, e seu forte é pesquisa e inovação. Produz modelos diferentes de fotovoltaicas poli e monocristalinas.

Já a Yngli, a segunda maior da China, controla praticamente todo o ciclo fotovoltaico: das pedras de silício recém-mineradas aos blocos compactos que refina, purifica e retalha para células. Logo, com seus robôs, a uma velocidade alucinante, monta-as em painéis. A Yngli é totalmente privada e comandada “manu miliatri” por Miao Lian Sheng, peculiar capitão de indústria, amigo do presidente Hu Jintao.

Em 2008, a empresa produzia menos de 20 megawatts/hora em painéis; sua produção está programada para chegar a 1,7 gigawatts/hora, neste ano, e a 2,7, em 2012.

Vem investindo em maior rendimento e vida útil das fotovoltaicas, bem como no armazenamento de energia solar. Apostam no “Flyweel”, um cilindro com dispositivo de rotação em altíssima velocidade que substitui as baterias, ponto vulnerável das instalações solares atuais.

O Brasil tem uma insolação privilegiada e abundante disponibilidade de silício de boa qualidade, mas ficou deitado em berço esplêndido enquanto Alemanha, Espanha, EUA e China investiam e competiam. Ficamos vergonhosamente para trás. Não há mais tempo para reinventar a pólvora e nos tornarmos competitivos em painéis. Precisamos encontrar outros nichos.

Também não cabe adotarmos as tarifas “feed-in”, que remuneram o solar até quatro vezes mais que o preço da energia convencional. Temos tarifas elétricas muito caras, mas também recursos de pesquisa e desenvolvimento nas concessionárias que podem subsidiar o solar numa primeira fase.

Precisamos dispor de redes “inteligentes”, capazes de receber a produção solar de telhados e fachadas, medi-la e abatê-la da conta de luz do consumidor. As concessionárias deverão ter que comprar pelo mesmo preço que lhe vendem.

Precisamos estimular o solar em prédios públicos, equipamentos e edificações de apoio à Copa do Mundo, aos Jogos Olímpicos e, combinado com o aquecimento solar da água, em programas de habitação.

O solar brilha à nossa porta. Vamos deixar que entre?

Artigo publicado na Folha.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Oportunidade:Green Project Awards chega ao Brasil para incentivar projetos sustentáveis

O Green Project Awards quer reconhecer as iniciativas sustentáveis brasileiras. O prêmio já é realizado há quatro anos em Portugal. O lançamento da sua primeira edição foi realizado no dia 8 de dezembro, no Rio de Janeiro, com o tema “Juntos pelo Brasil”, afirmando que apenas unidos poderemos conseguir um futuro bom.

O GPA tem por objetivo premiar projetos que valorizem a sustentabilidade nas categorias:
- Iniciativa Jovem: poderão ser cadastrados projetos criados por candidatos até 24 anos.
- Pesquisa e Desenvolvimento: serão aceitas candidaturas de projetos que já tenham sido temas de dissertação ou publicação científica
- Produto ou Serviço: podem concorrer projetos já concretizados, nas áreas de desenvolvimento social, economia, ética e ambiental;
- Campanha de Mobilização: campanhas e ações de sensibilização e informação estão aptas a participar

A campanha mobiliza pessoas através das redes sociais como Twitter e Facebook para debater ideias, opiniões e compartilhar novidades sobre o prêmio e o universo do desenvolvimento sustentável.

O período de cadastro é de 16 de janeiro a 30 de março de 2012, o formulário de inscrição para ser preenchido está disponível no site da ação. Toda a documentação necessária deve ser enviada em formato digital juntamente com o formulário de inscrição.

O projeto é uma iniciativa organizada pela GCI de Portugal, consultora especializada em temáticas sobre sustentabilidade e pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT). O prêmio também conta com a parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ministério do Meio Ambiente, Governo do Rio de Janeiro, da Secretaria do Ambiente, Prefeitura do Rio de Janeiro, Inea, e Rio+20.

Oportunidade retirada do Portal EcoD.

Mobilidade versus carrocentrismo

Por Ricardo Abramovay*
Ampliar espaços de circulação para automóveis individuais é enxugar gelo, como já bem perceberam os responsáveis pelas mais dinâmicas cidades

Automóveis individuais e combustíveis fósseis são as marcas mais emblemáticas da cultura, da sociedade e da economia do século 20.

A conquista da mobilidade é um ganho extraordinário, e sua influência exprime-se no próprio desenho das cidades. Entre 1950 e 1960, nada menos que 20 milhões de pessoas passaram a viver nos subúrbios norte-americanos, movendo-se diariamente para o trabalho em carros particulares. Há hoje mais de 1 bilhão de veículos motorizados. Seiscentos milhões são automóveis.

A produção global é de 70 milhões de unidades anuais e tende a crescer. Uma grande empresa petrolífera afirma em suas peças publicitárias: precisamos nos preparar, em 2020, para um mundo com mais de 2 bilhões de veículos.

O realismo dessa previsão não a faz menos sinistra. O automóvel particular, ícone da mobilidade durante dois terços do século 20, tornou-se hoje o seu avesso.

O desenvolvimento sustentável exige uma ação firme para evitar o horizonte sombrio do trânsito paralisado por três razões básicas.

Em primeiro lugar, o automóvel individual com base no motor a combustão interna é de uma ineficiência impressionante. Ele pesa 20 vezes a carga que transporta, ocupa um espaço imenso e seu motor desperdiça entre 65% e 80% da energia que consome.

É a unidade entre duas eras em extinção: a do petróleo e a do ferro. Pior: a inovação que domina o setor até hoje consiste muito mais em aumentar a potência, a velocidade e o peso dos carros do que em reduzir seu consumo de combustíveis.

Em 1990, um automóvel fazia de zero a cem quilômetros em 14,5 segundos, em média. Hoje, leva nove segundos; em alguns casos, quatro.

O consumo só diminuiu ali onde os governos impuseram metas nesta direção: na Europa e no Japão.

Foi preciso esperar a crise de 2008 para que essas metas, pela primeira vez, chegassem aos EUA. Deborah Gordon e Daniel Sperling, em “Two Billion Cars” (Oxford University Press), mostram que se trata de um dos menos inovadores segmentos da indústria contemporânea: inova no que não interessa (velocidade, potência e peso) e resiste ao que é necessário (economia de combustíveis e de materiais).

Em segundo lugar, o planejamento urbano acaba sendo norteado pela monocultura carrocentrista. Ampliar os espaços de circulação dos automóveis individuais é enxugar gelo, como já perceberam os responsáveis pelas mais dinâmicas cidades contemporâneas.

A consequência é que qualquer estratégia de crescimento econômico apoiada na instalação de mais e mais fábricas de automóveis e na expectativa de que se abram avenidas tentando dar-lhes fluidez é incompatível com cidades humanizadas e com uma economia sustentável. É acelerar em direção ao uso privado do espaço público, rumo certo, talvez, para o crescimento, mas não para o bem-estar.

Não se trata -terceiro ponto- de suprimir o automóvel individual, e sim de estimular a massificação de seu uso partilhado.

Oferecer de maneira ágil e barata carros para quem não quer ter carro já é um negócio próspero em diversos países desenvolvidos, e os meios da economia da informação em rede permitem que este seja um caminho para dissociar a mobilidade da propriedade de um veículo individual.

Eficiência no uso de materiais e de energia, oferta real de alternativas de locomoção e estímulo ao uso partilhado do que até aqui foi estritamente individual são os caminhos para sustentabilidade nos transportes. A distância com relação às prioridades dos setores público e privado no Brasil não poderia ser maior.

*Ricardo Abramovay, é professor titular do Departamento de Economia da FEA, do Instituto de Relações Internacionais da USP e pesquisador do CNPq e da Fapesp

Artigo retirado do Portal Mundo Sustentável.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Belo Monte: a batalha dos vídeos

Artigo de Rodolfo Salm
Finalmente, o debate sobre os problemas da construção da hidrelétrica de Belo Monte ganhou a visibilidade que merece no Brasil. Isso, em grande medida, graças a um vídeo organizado pelo ator Sérgio Marone com a participação de vários atores e atrizes da Rede Globo. O vídeo, que até falamos aqui, “É a Gota D’Agua + 10” veiculado no Youtube, foi amplamente divulgado pelas redes sociais, resultando rapidamente na coleção de um milhão de assinaturas enviadas à presidente Dilma Rousseff na forma de uma petição pedindo “a interrupção imediata das obras de Belo Monte e a abertura de um amplo debate que convoque os brasileiros a refletir e a opinar sobre qual o modelo de progresso que estamos dispostos a perseguir, ciente das conseqüências de suas escolhas”. 

Porém, se por um lado o vídeo dos atores globais foi extremamente eficiente na divulgação da questão e na coleta de assinaturas contra a barragem, por outro lado desencadeou uma série de reações violentas, na forma de vídeos-resposta produzidos por defensores de Belo Monte (“Tempestade em copo d’’água”, proveniente da faculdade de Engenharia Civil da Unicamp e “Verifique os fatos”, da UnB).

Se ainda não assistiu os videos, assista os três a baixo:
O vídeo “É a gota d’água +10” foi inspirado em “Don’t Vote”, produzido em 2008 pelo ator Leonardo Di Caprio e dirigido por Steven Spielberg, em que atores hollywoodianos pediam à população que votasse na eleição em que Barack Obama se elegeu presidente dos EUA. Apesar do seu mérito em dar visibilidade à luta contra Belo Monte, a versão brasileira do vídeo de celebridades engajadas tem algumas falhas. Falhas que não invalidam o seu argumento central, contra a barragem, que é correto, mas que serviram de poderosa munição para a resposta barrageira. A que mais chama a atenção, na voz da atriz Ingrid Guimarães, é a observação de que “Abaixo da barragem, o rio banha o Parque Nacional do Xingu”.

Na verdade, o parque indígena está distante cerca de 1000 km rio-acima, já no estado do Mato Grosso. O que não significa que não esteja seriamente ameaçado pela construção da barragem, que traz conseqüências para toda a bacia deste que é o último grande rio em bom estado de conservação da Amazônia. Ameaçado, principalmente, devido aos seus impactos indiretos, como a atração de um imenso contingente populacional para a região, que já está causando um pronunciado aumento nos desmatamentos em toda a bacia do Xingu.

E, abaixo da barragem, está a menos famosa que o Parque, mas não menos gloriosa, Volta Grande do Xingu. Uma centena de quilômetros de cachoeiras, corredeiras, ilhas e praias de areia branca, que seria devastada com a construção da barragem que desviaria permanentemente quase todo o fluxo do rio, deixando-o praticamente seco.

Se, por um lado, o único equívoco de fato do filme dos artistas foi falado por Ingrid Guimarães, por outro, é ela mesma que diz o mais importante: “A gente pode parar essa obra!”. O BNDES, por exemplo, até agora não aprovou oficialmente o financiamento. Por que essa coisa “tão maravilhosa” continua tendo problemas?

Outra falha do vídeo dos atores globais foi botar ênfase demais no custo de 30 bilhões de reais da obra, e no alagamento de 640 km2 de floresta. Trinta bilhões de reais, que de fato viriam em sua grande maioria dos impostos que pagamos, é muito dinheiro e 640 km2 também é muita floresta. Mas, como argumentam os que defendem as obras, esta soma não é tanto dinheiro assim, junto do que o Brasil fatura todos os anos com exportação agropecuária e a mineração.

E os 640 km2 de floresta que seriam alagados também não é tanta floresta assim, se pensarmos que é mais ou menos o que perdemos continuamente a cada dois meses com os desmatamentos na Amazônia. O grande problema é que, com a construção de Belo Monte e das outras dezenas de hidrelétricas planejadas para as próximas décadas, teríamos a destruição de metade da floresta amazônica devido às profundas transformações causadas pela imigração de centenas de milhares de pessoas para o centro de áreas remotas de floresta. Além da perda de biodiversidade, que seria uma tragédia imensa para toda a humanidade, essa devastação já está causando profundas mudanças climáticas no nosso país. Isso sim nos trará um prejuízo em dinheiro enorme.

A revista Veja, que consegue sempre se superar em seu baixo nível, publicou na edição de 7 de dezembro uma reportagem odiosa sobre o assunto: “Nocauteados pela lógica”, de André Eler e Laura Diniz, em que os atores globais que fizeram o vídeo-protesto contra Belo Monte são chamados de “celebridades-desmioladas-que-abraçam-qualquer-causa-politicamente-correta”.

Dentre uma série de informações distorcidas para defender, a todo custo, a construção da barragem, há um quadro explicativo com citações do vídeo dos artistas e comentários dos vídeos dos estudantes favoráveis à barragem, em que eles supostamente “nocauteariam” os atores no que seria, segundo eles, “o primeiro debate sério da internet brasileira”. O curioso é que, com a exceção do equívoco de Ingrid Guimarães sobre a posição do Parque do Xingu em relação à barragem, não há o que se recriminar nas falas dos artistas.

O primeiro suposto nocaute seria em Marcos Palmeira. O ator diz “Se não fizer a hidrelétrica de Belo Monte, não vai ter energia. Se não tiver energia, como é que eu vou ver televisão pra assistir minha novela?”. Um estudante da UnB responde “Após passarmos por ameaça de apagão, reduzir a questão da demanda de energia no Brasil para assistir novela parece até piada”. Só que era realmente piada. Nesse ponto do vídeo, Marcos Palmeira e os outros atores, para introduzir o assunto e chamar a atenção, claramente imitam o consumidor de energia elétrica desinformado e preocupado com o simples funcionamento da sua televisão. Assim como os atores do vídeo americano diziam don’t vote, who cares? (não vote, quem se importa) antes de dizer vote. “Gente, não dá para ficar sem luz. Eu sou a pessoa mais conectada. Sem luz, sem celular, sem iPad, sem iPhone, sem iTudo?”, também falou Guilhermina Guinle nessa linha. E uma vez que Marcos Palmeira trabalha fazendo novelas, a piada se justifica totalmente e a observação do estudante, ao invés de ser um “nocaute”, foi apenas uma grosseria de quem não entendeu, ou fingiu não entender o vídeo dos artistas.

A atriz Elisângela falou: “Durante oito meses do ano, aquela região praticamente seca”. E teria sido nocauteada pela observação “Dizer que praticamente seca é um pouquinho exagerado, não acham?”, feita com o rio Xingu ao fundo, que em seu leito é mundo de água, mesmo na época da seca (ainda que a água estivesse praticamente parada). Só que a atriz, em sua pertinente observação, não disse que “o rio” praticamente seca. É claro que o rio permanece com água! O Xingu praticamente pára de correr e não tem condições de mover uma turbina sequer em boa parte do período seco. A região de fato praticamente seca. Estamos na metade de dezembro e, enquanto chove no país quase todo, a seca que começou em maio continua forte por aqui. Isso é uma novidade dos últimos anos nessa região da Amazônia, devido à progressão dos desmatamentos. Os imigrantes que chegaram por aqui na década de 1970 com a abertura da Transamazônica vivem comentando essa drástica redução nas chuvas da região em relação ao que se via naquele tempo. O que traz graves ameaças à conservação da floresta e ao próprio potencial hidrelétrico de Belo Monte. Fato que já foi devidamente estudado através de projeções climáticas que já antevêem uma profunda redução do fluxo do Xingu devido às mudanças climáticas globais. Por que a Veja não trata deste assunto seriamente?

A atriz Claudia Ohana perguntou: “Quem se importa se os índios não vão ter onde morar?”. O suposto nocaute vem de um estudante da UnB que diz: “Eu me importo. Foi por isso que pesquisei e descobri que nenhuma das dez terras indígenas da região será alagada”. Se o garoto tivesse pesquisado direito veria que não há aldeias alagadas, mas, com o desvio da maior parte do fluxo do rio Xingu em trecho de 100 km, várias aldeias terão um rio morto a sua frente, sem peixes e cheio de lagos de pedra abandonados que se transformariam em criadouros de mosquitos, causando a proliferação de doenças. Isso, o desvio do fluxo natural do rio, pode ser até pior do que seria o alagamento de suas terras. Dizem que o leito do Xingu também tem muito ouro. Então se formarão garimpos sobre o leito seco do rio, que sempre trazem uma série de problemas sociais desastrosos para qualquer povo indígena que conviva com a proximidade dos garimpeiros. A imensa imigração também vai aumentar em muito a tensão entre índios e colonos em toda a região do Xingu, multiplicando as invasões às suas terras. Então, a observação de Claudia Ohana é pertinente.

Maitê Proença pergunta: “De onde tiraram essa idéia de que hidrelétrica é energia limpa?”. Como resposta vem a observação de um aluno da Unicamp que diz: “Energia hidrelétrica é energia limpa. Vamos ver a usina como uma fábrica. Ela usa água como matéria-prima. Mas e como resíduo? Água. Sai tão limpa quanto entrou. A diferença é que ela entra em um lugar alto, usa sua energia para movimentar as turbinas e sai em um lugar baixo. Sai a mesmíssima água, do jeito que entrou”. O estudante está enganado. Além da água, os lagos das hidrelétricas também produzem grande quantidade de metano, que é um gás, proveniente da degradação de matéria orgânica em condições anaeróbicas, extremamente potente sob o ponto de vista do efeito estufa. Graças a ele as hidrelétricas na Amazônia muitas vezes contribuem mais para aquecimento global do que termelétricas de potência equivalente. Além disso, os desmatamentos, direta ou indiretamente causados pela construção das barragens, acabam por torná-las um desastre completo sob o ponto de vista da poluição ambiental. “Seria energia limpa se fosse no deserto, mas na floresta…?”, perguntou muito bem Letícia Sabatella.

Outra crítica ao vídeo dos atores globais, mais velada, seria quanto a uma suposta “prostituição” do grupo. Explico: no filme original “Don’t Vote”, dos Estados Unidos, depois de muita insistência para que o internauta encaminhe para cinco amigos a mensagem sobre a importância de se comparecer às urnas nas eleições presidenciais, a comediante de stand up, atriz e escritora Sarah Silverman, em um dado momento, parece estar realmente cansada da espera para que o internauta tome uma atitude. Então, aparentemente por uma questão de conforto, tira o sutiã por baixo da camisa comprida.

Na versão brasileira, que infeliz e diferentemente daquela não contou com a direção de Steven Spielberg, Maitê Proença é bem mais sedutora. Como que pedindo a clicada em troca da sua nudez. Abriu-se assim espaço para a maior tirada do vídeo da Unicamp, que foi colocar uma aluna fazendo que tiraria a camiseta, mas cortando com um “não”, como quem diz “não sou deste tipo, sou superior”. Só que a realidade é justamente o contrário. Parte deste grupo de atores, especialmente os veteranos, tem um longo histórico de preocupação com o problema da destruição da Amazônia e eles sabem sim do que estão falando. Não são apenas os atores globais, tem gente em todas as profissões preocupada com o que se passa atualmente na Amazônia, mas há uma “cortina-de-fumaça” sobre o debate de Belo Monte. Esta obra desastrosa está “blindada”, para usar um termo da moda. O diferencial deste grupo dos atores envolvidos com o projeto Gota D’água é que eles têm, principalmente agora com a independência da Internet, como furar esse bloqueio.

Aqueles alunos das faculdades de Engenharia Civil e Economia da Unicamp, por outro lado, estavam apenas lendo cegamente um texto do Prof. Sebastião Amorin, engenheiro eletrônico formado no ITA, que não deve conhecer nada da região e diz que a “conversão hidrelétrica não é limpa , é limpíssima…”. Alienados são os estudantes que compraram essa bobagem cegamente. Segundo o vídeo dos estudantes paraenses (“Resistência contra Belo Monte – Vídeo dos estudantes amazônidas”), são “uns estudantes bundões, que são a favor de Belo Monte, que querem meter o bedelho, mas com um texto encomendado, é claro”.

Assista o vídeo:

Uma excelente tréplica é o vídeo “O belo monstro e o belo castelo (uma resposta a “Tempestade em copo d’àgua?”)”, de Gabriel Barcelos. Este mostra como Belo Monte é um projeto da ditadura, revela a coalizão de Dilma Rousseff com a turma do Sarney e traz um trecho de uma entrevista do professor do Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecânica, também da Unicamp (mas historicamente contra os desastrosos projetos das hidrelétricas do Xingu), Oswaldo Sevá, explicando como Belo Monte atende a principalmente a interesses internacionais, não dos brasileiros (a íntegra da entrevista do professor para o programa Ação Nacional da TV Século XXI segue nos links 1, 2, 3 e 4).

Assista o vídeo:
Tudo isso está sendo feito com o dinheiro público, sem que a sociedade tenha a chance de debater o assunto clara e informadamente e com a possibilidade real de rejeitar o projeto. Essencialmente, é isso o que os atores tentaram dizer com o seu vídeo. Excelente! Parabéns para eles. Claro que teria sido melhor se eles tivessem consultado os pesquisadores que há vários anos estudam os previsíveis impactos desastrosos de Belo Monte. Mas o importante é que deram o primeiro passo. E sempre se pode fazer um novo vídeo melhor.

Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é professor da UFPA (Universidade Federal do Pará) em Altamira, e faz parte do Painel de Especialistas para a Avaliação Independente dos Estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte.

Artigo retirado do Eco Debate.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Brasil lança plano de produção e consumo sustentáveis

Cerca de 200 países estão reunidos neste momento na África do Sul para decidir o futuro climático no planeta e tentar reverter a catástrofe que se apresenta. Enquanto duram as negociações na COP-17, o Brasil mantém o terceiro lugar no ranking dos países que mais emitem gases do efeito estufa. Mas esse cenário ainda pode piorar. O governo brasileiro tem como uma de suas principais bandeiras a descoberta do petróleo em camadas profundas do oceano – o pré-sal, e pretende investir pesadamente nesse combustível sujo, que será um dos responsáveis pelo aumento de 197% nas emissões de CO2 na atmosfera até 2020.

Com base em dados de setembro de 2010 a agosto de 2011 sobre a produção dos mais de 9 mil poços atualmente em operação no país – em terra ou no mar –, um estudo recente realizado pelo Greenpeace mostrou a real dimensão da indústria petrolífera no Brasil, e a sua contribuição para a instabilidade do clima planetário.

O relatório demonstra que, neste mesmo período, o petróleo foi responsável pela emissão de 321,5 milhões de toneladas de CO2 – aqui ou nos países para onde o óleo foi exportado e refinado. A caráter ilustrativo, isso equivale a 5,7 bilhões de viagens de avião entre Rio de Janeiro e São Paulo. Essas emissões consolidarão o Brasil na incômoda posição de estar entre os três maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo.

O impacto do investimento em energia suja é alto. Subtraindo a parcela exportada, a queima do petróleo no Brasil foi responsável por 282,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente – aproximadamente 12% do total de gases que o país emite por ano, algo na casa dos 2,4 bilhões de toneladas.

“O Brasil tinha tudo para se tornar a potência energética limpa do planeta. Mas escolheu a estrada que leva ao passado”, afirma o coordenador do trabalho, Nilo D’Ávila. “No momento em que existe um esforço global para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, o Brasil aposta em suas reservas de petróleo como o mais rápido atalho para o desenvolvimento econômico e social. Mas pode descobrir que entrou em um caminho sem volta, com consequências desastrosas ao meio ambiente.”

O futuro com o pré-sal
Terceiro mais emissor mundial – atrás somente de China e Estados Unidos, respectivamente – o Brasil tem tudo para se manter entre os principais responsáveis pelas mudanças climáticas, mesmo se sua principal contribuição para o problema, o desmatamento, seguir a tendência de queda dos últimos anos.

Puxado pelas reservas do pré-sal, o Brasil produzirá 6,09 milhões de barris de petróleo por dia até 2020. Isso representa 955,82 milhões de toneladas de CO2 a mais na conta das emissões mundiais – um crescimento de 197% comparado com os números atuais.

Considerando que a demanda interna será responsável por consumir 48% da produção de petróleo nacional, 488,69 milhões de toneladas de CO2 entrarão exclusivamente na fatura brasileira.

Por falar em pré-sal, suas reservas estão estimadas em até 80 bilhões de barris de petróleo. Se todo este óleo um dia virar fumaça, será responsável pela emissão de até 35 bilhões de toneladas de CO2 durante um prazo de 40 anos.

De acordo com D’Ávila, os investimentos brasileiros para petróleo e gás somarão R$ 686 bilhões até 2020. Grande parte disso será usada para viabilizar a exploração do pré-sal, já que a tecnologia atual ainda não permite, em larga escala, a extração de óleo de camadas tão profundas.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Brasil lança plano de produção e consumo sustentáveis

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou na quarta-feira (23/11), a versão final do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS). O documento apresenta estratégias que o governo irá adotar para promover uma produção mais limpa e um consumo mais responsável de produtos. O objetivo é tornar a economia brasileira mais sustentável e de baixo carbono.

Educação para o consumo sustentável, construções sustentáveis, agenda ambiental na administração pública, varejo e consumo sustentáveis, compras públicas sustentáveis e aumento da reciclagem de resíduos sólidos são as prioridades inicialmente apontadas na versão preliminar do plano, colocada em consulta pública em setembro de 2010.

A divulgação prévia das diretrizes buscou promover uma discussão entre governo, setor produtivo e sociedade civil com objetivo de angariar contribuições para a elaboração conjunta do documento final, além de valorizar esforços que têm por base o bem público, o princípio da parceria e da responsabilidade compartilhada.

“Sem um esforço considerável e em conjunto para alterar os atuais padrões de produção e consumo, não é realista almejar uma sociedade mais justa e mais responsável do ponto de vista do uso dos recursos naturais, no horizonte de tempo apontado pelas urgências que os relatórios sobre aquecimento global estabelecem”, diz o documento.

“É cada vez mais urgente a consciência e a colaboração de todos para o combate ao aquecimento global”, diz Ana Maria Wilheim, diretora executiva do Instituto Akatu, que integra o Comitê Gestor do Plano. “O plano não estrutura apenas ações governamentais, por isso, buscou contemplar as contribuições de todos os setores da sociedade brasileira. Ao executar as ações propostas, o Brasil estará contribuindo para tirar o planeta do cheque especial em que vivemos, já que, hoje, consumimos 50% a mais do que o planeta é capaz de repor e absorver”, alerta Ana Maria.

É inevitável, todo ato de consumo causa impactos positivos e negativos sobre a natureza, a sociedade e a economia. Por isso o Akatu defende um modelo de produção e consumo diferente, sem desperdícios, ampliando assim os impactos positivos e reduzindo os negativos. Isso é consumo consciente. O desafio, portanto, é produzir e consumir de um jeito diferente: evitando desperdícios; privilegiando os produtos duráveis e não os descartáveis; consumindo produtos locais em vez dos produzidos longe do local de consumo; reutilizando e reciclando os resíduos; ampliando vida útil dos produtos; compartilhando o uso de produtos, sempre que for possível, em vez da posse e do uso individual; valorizando a moderação e não o excesso; praticando a cooperação não a competição.

Esse plano de produção e consumo sustentáveis ajuda a concretizar outras ações do governo como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei sancionada em dezembro último pelo ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O primeiro ciclo do plano deve ser implementado entre 2012 e 2014 e inclui a execução de prioridades como a educação para o consumo sustentável, aumento da reciclagem de resíduos sólidos e promoção de construções sustentáveis.

Notícia retirada do Instituto Akatu

Um terço da energia do mundo pode vir do Sol em 2060

A energia do Sol, uma das alternativas mais limpas existentes, continua crescendo, enquanto novas tecnologias derrubam seu preço. Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em Inglês) prevê que até 2060 o mundo pode tirar 60% de sua energia de um mix de células fotovoltaicas, aquecedores elétricos e usinas que concentram a luz do sol usando grandes jogos de espelho para gerar eletricidade.

O gráfico abaixo, da IEA, mostra como a capacidade instalada de energia solar vem crescendo. Segundo a IEA, só em 2010, as células solares instaladas pelo mundo tinham potencial para gerar tanta eletricidade quanto 17 usinas nucleares. É claro que essas células solares dependem de luz para gerar tudo que podem, enquanto um reator atômico funciona dia e noite, faça chuva ou faça sol.

Esses painéis solares devem ficar ainda mais populares diante de algumas novas tecnologias promissoras.

Notícia retirada da Revista Época.

Brasil é o 5º maior em energias renováveis

O Brasil é o quinto maior investidor em energias renováveis do mundo, somando em 2010 cerca de US$ 7 bilhões. Os dados foram publicados pela ONU ontem e mostram que, pela primeira vez na história, investimentos mundiais em inovação tecnológica em energias alternativas superaram os investimentos em tecnologia para a energia fóssil. O levantamento mostra ainda que parte substancial da expansão dessas fontes de energia está ocorrendo justamente em mercados emergentes.

No total, os investimentos em energias limpas chegaram a US$ 211 bilhões, um salto importante em relação aos últimos anos. Em 2004, por exemplo, o mundo investia apenas US$ 33 bilhões. Em média, a expansão tem sido de quase 40%, enquanto a crise mundial tem freado investimentos em todas as demais áreas.

Segundo a ONU, o investimento em fontes alternativas de energia será a única solução para responder ao desafio de abastecer uma população cada vez maior, com demandas cada vez maiores por energia e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de CO2. "Hoje, 1,4 bilhão de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade e os cálculos mostram que o mundo terá de dobrar a produção de energia até 2030", alertou Supachai Panitchpakdi, secretário-geral da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento. "Ao mesmo tempo, 89% da energia consumida no mundo ainda vem de fontes fósseis, com altas emissões de CO2."

Por anos, investimentos em energias renováveis foram feitos especialmente por países ricos. Em 2003, por exemplo, de cada quatro dólares aplicados em energia limpa, apenas um vinha de um país em desenvolvimento. Hoje, o mapa mudou.

Na liderança dos investimentos não estão os países ricos. Em 2010, foi a China o país que mais apostou em energias renováveis, justamente para tentar superar sua dependência de petróleo, reduzir a taxa de emissão de CO2 e garantir o abastecimento para seu crescimento nas próximas duas décadas. No ano passado, os chineses somaram investimentos de US$ 49 bilhões.

A taxa superou o volume de investimentos da Alemanha, com US$ 41,1 bilhões. Berlim havia sido o líder nessa área por anos. "Agora, o que estamos vendo é a migração de empresas alemãs de tecnologia para a China, onde o governo investe pesado na nova geração de fontes de energia", disse Panitchpakdi ao Estado. Os EUA aparecem na terceira posição, seguido pelos italianos.

A quinta posição é do Brasil, que somou altos investimentos por causa da aposta em biocombustíveis. Mas a ONU destaca que os US$ 7 bilhões não foram atingidos apenas em um setor. Segundo o levantamento, o País tem feito "importantes investimentos" em parques eólicos e energia solar. No total, o mundo viu investimentos em etanol no valor de US$ 6 bilhões em 2010, incluindo projetos nos EUA, Brasil, Índia e vários outros países.

Liderança. Hoje, o Brasil investe duas vezes mais em energias renováveis do que todos os 53 países africanos juntos. Entre 2005 e 2010, a capacidade instalada de geração de energia renovável no Brasil aumentou em 42%, uma das mais altas do mundo. Hoje, a energia eólica no País produz 950 MW. Apesar de o número ser apenas uma fração dos 86 mil MW gerados na Europa, o estudo mostra que a aposta do Brasil tem sido acertada.

Desde 2007, a energia eólica foi a que mais recebeu a atenção de investidores. Só em 2010, US$ 95 bilhões no mundo foram para essa fonte de energia. A segunda maior aposta é a energia solar, com US$ 26 bilhões. "O sol gera para o mundo volume de energia dez vezes superior a cada dia ao consumo do planeta", disse ao Estado o Prêmio Nobel de Física, Carlo Rubbia. "Não há como ignorar essa fonte de energia no futuro."

Notícia retirada do Estadão

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Senado aprova projeto do novo Código Florestal, entenda melhor:

Sem grandes surpresas foi aprovado na noite de terça-feira (6), por ampla maioria no Senado, o projeto do novo Código Florestal, que agora volta para a Câmara dos Deputados onde deve ser debatido até o fim do ano. O texto estabelece os limites entre a preservação de vegetação nativa e as diversas atividades econômicas, tanto no campo quanto nas cidades, e foi objeto de discussões e polêmicas durante todo o ano.
Um balão gigante foi inflado pelo Greenpeace em campanha contra a aprovação do novo Código Florestal 

Um dos pontos cruciais, que regularizava toda a produção agropecuária nas áreas de preservação permanente, deixando sem recuperação 34 milhões de hectares de florestas desmatadas até 22 de julho de 2008, acabou sendo alterado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), um dos relatores do código no Senado ao lado de Luís Henrique da Silveira (PMDB-SC). Os senadores decidiram que os fazendeiros devem recompor de 15 metros a 100 metros de mata ciliar. Propriedades até quatro módulos são isentas. Na volta do texto para Câmara, esse ponto deve ser rediscutido.

O projeto estabelece ainda que o Brasil poderá impor barreiras comerciais a produtos agrícolas de países que não adotem legislações ambientais "compatíveis" com a brasileira.

Por fim, o texto altera significativamente a metodologia de mensuração de topos de morro, outra categoria de APP, reduzindo-a em até 90% em comparação com o que hoje é protegido.

Para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o novo código representa um avanço. Ela compareceu ao Senado no fim da votação e admitiu que o governo precisará encontrar uma nova forma de trabalhar para coibir o desmatamento e promover o reflorestamento. “Mais do que fiscalização, ele [o código] promove um maior controle social. Ele prevê, por exemplo, a suspensão do crédito para os produtores que estiverem irregulares com as questões ambientais”, explicou.

Entre as emendas que acabaram acolhidas, apenas três trazem acréscimos relevantes ao texto. A primeira delas trata de bacias hidrográficas e determina que quando elas estiverem em situação crítica de desmatamento, o governo poderá aumentar o percentual de recuperação das áreas de preservação permanente.

A segunda emenda considerada relevante pelo relator e pelo governo trata de critérios para produção em apicuns – que são vegetações que convivem com os mangues. As atividades produtivas que até então estavam proibidas no texto, passarão a ser permitidas em até 10% da área do apicum na Amazônia e em até 35% em outros biomas.

A terceira emenda permite aos estados que tiverem mais de 65% de suas áreas em unidades de conservação, como terras indígenas ou florestas, reduzir de 80% para 50% a reserva legal que precisa ser mantida pelas propriedades rurais. A necessidade dessa redução, no entanto, precisa ser apontada pelo Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) e aprovada pelos conselhos estaduais de meio ambiente.

Vários líderes partidários - como as senadoras Kátia Abreu (PSD-TO) e Ana Amélia (PP-RS) e os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Gim Argello (PTB-DF), Wellington Dias (PT-PI), José Agripino (DEM-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL) - encaminharam favoravelmente ao substitutivo, elogiando o teor do relatório, o qual consideraram equilibrado. Também se manifestaram pelo texto e em defesa dos produtores rurais os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS), Demóstenes Torres (DEM-GO), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Ivo Cassol (PP-RO) e Acir Gurgacz (PDT-RO).

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) chegou a pedir verificação de quórum, com apoio dos senadores Marinor Brito (PSOL-PA), Lindbergh Farias (PT-RJ), Paulo Davim (PV-RN) e Cristovam Buarque (PDT-DF). Randolfe discursou contra o texto e defendeu a agricultura familiar e a preservação ambiental. Marinor Brito também encaminhou contrariamente ao projeto, "em nome de todos os que tombaram em defesa das florestas".

Em uma reportagem desta quarta-feira (7), a Folha de São Paulo mostra que grandes doadoras eleitorais do agronegócio terão multas ambientais suspensas com a aprovação do Código Florestal. Essas empresas injetaram cerca de R$ 15 milhões na campanha de 50 congressistas que participam da votação.

Texto ruim
“É mentira dizer que o texto é bom e que houve consenso entre ambientalistas e ruralistas, chegando-se ao chamado caminho do meio. Na verdade, foi trilhado o caminho da ampliação das devastações e do retrocesso, com patrocínio do governo federal e a omissão do Ministério do Meio Ambiente”, criticou a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.

"O texto aprovado é muito ruim. Ele abre brechas para o avanço do desmatamento sobre as florestas, e esse estrago já causou prejuízos, como no caso do estado do Mato Grosso", explica Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace.

"O índice de desmatamento, em queda nos últimos anos, tem de ser mantido. E o governo precisa mostrar que de fato tem um plano sustentável para o país, como já disse a presidente Dilma tantas vezes", diz Adario.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC) afirmaram em diversas oportunidades que consideram o novo código florestal um retrocesso no que diz respeito à proteção ambiental. Os cientistas acreditam que a redução das margens de rios com até dez metros de largura vai impactar mais de 50% de toda malha hídrica do país

A notícia da aprovação já repercutiu inclusive na Conferência do Clima de Durban (COP17), onde o Greenpeace estendeu um grande painel luminoso: "Dilma para a motosserra".

"O mundo espera que a presidente Dilma Rousseff reafirme o compromisso com o desenvolvimento sustentável e o combate às mudanças climáticas, vetando as mudanças na lei", reagiu o diretor internacional da WWF, Jim Leape.

O veto da presidente deve ser a última oportunidade para impedir a entrada em vigor do código, uma vez que os deputados participaram das mudanças em conjunto com os senadores e devem aprovar o novo texto rapidamente.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.

"Pré-candidatos a prefeito assinam acordo de desenvolvimento sustentável"

Mais de 70 pré-candidatos nas eleições municipais de 2012 se comprometeram, na segunda-feira passada, a elaborar políticas públicas que visem a qualidade de vida dos seus moradores e o desenvolvimento em harmonia com os recursos naturais. Eles assinaram a carta-compromisso do programa Cidades Sustentáveis, durante a abertura do IV Congresso Brasileiro do Municipalismo, que começou nesta segunda-feira e segue até amanhã no Palácio da Justiça, em Porto Alegre.

Os futuros gestores municipais terão 90 dias, após a posse, para apresentar um diagnóstico baseado nos indicadores disponibilizados pelo programa. “Vamos ter uma campanha eleitoral mais responsável, o entendimento do que significa desenvolvimento sustentável e um instrumento para os gestores públicos fazerem com que a sua gestão seja eficiente na direção deste desenvolvimento”, explicou o presidente emérito do Instituto Ethos e coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, entidades que promovem o programa, Oded Grajew, que participou do primeiro dia do congresso.

O programa é dividido em 12 eixos, relacionados a mais de 300 indicadores: como área verde por habitante, número de mulheres empregadas no governo municipal, acervo de livros para adultos e porcentagem de calçadas adequadas às exigências legais. As cidades participantes ganharão o selo da iniciativa e terão o nome disponibilizado no site e no material de divulgação. Além disso, poderão contar com apoio técnico para a promoção de eventos sobre sustentabilidade urbana.

De acordo com Grajew, o foco do programa vai muito além da questão ambiental. “Estamos falando de todos os aspectos que se relacionem com a vida das pessoas”, observou. Um dos indicadores, segundo ele, é a distância que os moradores têm de percorrer para acessar serviços básicos de saúde, educação, trabalho, cultura e lazer. Neste aspecto, a cidade espanhola de Vitoria é apontada como um modelo: 99% da população tem acesso a esses locais em um raio de 300 metros de suas casas. “Isso é fruto de planejamento urbano”, resume Grajew.

Um dos objetivos da campanha é fazer com que a sustentabilidade seja motivo de escolha do eleitor. “A população, na hora de votar, tem muito pouca informação prática e objetiva de como avaliar a gestão pública. Então você não sabe quais as metas e se elas foram cumpridas”, acrescentou.

Grajew demonstrou preocupação com o legado social e sustentável das obras para a Copa do Mundo de 2014. “Até agora, isso não tem aparecido. Esperamos que com este programa, que envolve inclusive as cidades-sede, eles se preocupem com essa questão.” Para o presidente emérito do Instituto Ethos, Porto Alegre é uma cidade que avançou na questão da governança sustentável, com o Orçamento Participativo, mas que ainda enfrenta muitas desigualdades.

Notícia retirada da Rede Nossa São Paulo

Energia eólica vira ‘pré-sal do sertão’ e atrai fabricantes para polo baiano

Francesa Alstom iniciou na semana passada a produção de aerogeradores; GE, Vestas e Torrebras devem ser as próximas a chegar ao Estado. No último dia 30, a francesa Alstom iniciou a produção de aerogeradores no Polo Industrial de Camaçari, região metropolitana de Salvador. Com a entrada em atividade, após investimentos de R$ 50 milhões, a empresa será a segunda no Estado a produzir maquinário para transformar vento em energia elétrica – a espanhola Gamesa está instalada desde julho no polo, após investimento semelhante.
Além delas, a americana GE Energy já assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia para se tornar a terceira a fabricar aerogeradores na Bahia, com investimento inicial projetado de R$ 45 milhões. A dinamarquesa Vestas, a maior do mundo no setor, também negocia com o governo. E a Torrebras, subsidiária brasileira da espanhola Windar Renovables, quer ser a primeira fábrica de torres eólicas no Estado.

Em comum, as empresas tentam aproveitar o grande potencial eólico brasileiro – em especial o baiano – e o momento propício. A energia eólica virou uma espécie de queridinha entre administradores públicos do País.“Nosso objetivo é transformar a Bahia em um polo de construção de equipamentos aerogeradores para suprir toda a demanda não só da Bahia, mas do Brasil e até de toda a América Latina”, diz o governador Jaques Wagner.

Diversificação. O fenômeno foi iniciado na metade da década passada, quando o governo federal decidiu apostar na diversificação da matriz energética do País.Considerada uma das formas ambientalmente menos agressivas de geração de energia elétrica e de mais rápida instalação, a eólica rapidamente passou a ter posição de destaque nas discussões.

Na Bahia, o grande potencial para extração de energia elétrica a partir dos ventos foi facilmente identificado. “Os ventos baianos são considerados um dos melhores do mundo, por serem unidirecionais e constantes”, afirma o diretor de Operações da Renova Energia, o principal investidor brasileiro do setor, Renato Amaral.Outra característica que diferencia o Estado dos demais, em especial dos vizinhos nordestinos, é que os melhores ventos para a produção de energia não são registrados no litoral, mas exatamente na área mais pobre do território, o semiárido. A frequência dos ventos, que ficam mais fortes nas épocas de seca – registrada entre oito e dez meses por ano na região – também é tratada como benéfica entre os produtores.

Por causa dessas características, a produção de energia eólica na Bahia ganhou o apelido de “pré-sal do sertão” entre os mais entusiasmados (leia mais na reportagem abaixo). O fato de estar longe do litoral também facilita alguns trâmites burocráticos.“Construções desse tipo perto do litoral são mais complexas do ponto de vista ambiental e logístico”, diz o diretor-presidente da Desenvix, José Antunes Sobrinho. A empresa será a responsável pela inauguração do primeiro parque eólico baiano, no início do ano que vem.

O principal entrave para a disseminação da tecnologia pela Bahia era o custo de produção desse tipo de energia. Não mais. O volume de contratos e a oferta, cada vez maior, de componentes para torres eólicas derrubaram os custos, tornando a alternativa eólica uma das mais baratas para o Estado.

Leilões. O governo federal realizou três leilões para exploração de áreas entre 2009 e 2011. Desse total de áreas leiloadas, 52 estão localizadas na Bahia, Estado que concentra 20% do total de potencial energético comercializado no País – 1,4 mil megawatts (MW) dos 7 mil MW envolvidos nos leilões. O montante corresponde a mais de 10% do total de energia produzida nas hidrelétricas e termelétricas no Estado hoje, cerca de 11 mil MW.

Os investimentos já confirmados pelas empresas no Estado chegam a R$ 6 bilhões, mas a projeção é que alcancem dez vezes esse montante nos próximos anos, fazendo com que a Bahia seja o principal produtor desse tipo de energia no País.

O potencial energético, considerando a tecnologia disponível – com o uso de torres de 100 metros de altura no lugar das de 60 metros, as mais comuns hoje -, por exemplo, chega a 29 mil MW. Algo como mais de duas usinas de Itaipu, operando na capacidade máxima, ou 20% do potencial total de produção de energia eólica do País.

Notícia retirada do Estadão

Liberando energia da rede, simplesmente inexplicável, assista:

O que aconteceria se nós pudessemos gerar energia das nossas vidraças? Nesta tocante palestra, o empresário Justin Hall-Tipping mostra os materiais que poderiam tornar isto possível, e como questionar nossa noção de "normal" pode nos conduzir a extraordinários avanços. Aproveitem mais esta ideia que merece ser disseminada. 
Notícia retirada do Jornal O Globo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ONU diz que Brasil subaproveita seu potencial em energias renováveis

O Brasil ocupa uma posição de destaque na produção de energias renováveis, mas "poderia fazer mais esforços" em relação às energias solar e eólica, segundo a Conferência da Organização das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que publicou nesta terça-feira (29) um relatório sobre o tema.
"O Brasil, devido ao seu clima e à sua superfície, possui um enorme potencial em termos de energia eólica e solar, mas não explora de forma suficiente sua capacidade nessas áreas", disse Anne Miroux, diretora do relatório Tecnologia e Inovação - Potencialização do Desenvolvimento com Energias Renováveis, da Unctad.
Ela diz que o Brasil se concentra em setores "maduros", como os biocombustíveis e a geração de energia hidrelétrica, criados há décadas. "O Brasil está entre os principais países que produzem energias renováveis, mas não em termos de energias modernas, como a eólica e a solar, nas quais nos focalizamos hoje", diz Miroux.

Investimento
O relatório da Unctad revela que o Brasil foi o quinto país que mais investiu em energias limpas no ano passado, totalizando a soma de US$ 7 bilhões. A China, com o valor recorde de US$ 49 bilhões, liderou os investimentos em energias renováveis em 2010, seguida pela Alemanha (US$ 41,1 bilhões), Estados Unidos (US$ 30 bilhões) e Itália (US$ 14 bilhões).
O Brasil, segundo dados do instituto voltado para estudos na área de energias renováveis REN 21, citados no relatório, é o quarto principal país em termos de capacidade de produção dessas energias, incluindo a hidrelétrica.
Mas o país não está entre os cinco principais em relação à capacidade de produção de energia eólica (liderada pela China) ou solar. O relatório da Unctad afirma que os países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) "estão fazendo avanços tecnológicos significativos nos setores eólico e solar".
"A China está fazendo grandes esforços em relação ao uso de energias renováveis. Um dos grandes problemas do país são suas centrais térmicas que utilizam carvão. A transição não é simples e não pode ser feita de um dia para o outro", diz Miroux.

Metas ambiciosas
A diretora do estudo ressalta que o Brasil "está no bom caminho" com o objetivo "notório" de desenvolver as energias renováveis, apesar de ainda 'não fazer o suficiente' em relação às energias solar e eólica. Ela elogiou a meta fixada pelo governo de que 75% da eletricidade produzida no país seja proveniente de energias renováveis em 2030.
"O Brasil é um dos raros, talvez o único, a ter uma meta tão ambiciosa", afirma Miroux, que questiona também se as enormes reservas do pré-sal poderiam colocar em risco a estratégia atual de desenvolvimento das energias limpas no país.

Tecnologia
Segundo o relatório, os investimentos globais em energias renováveis saltaram de US$ 33 bilhões em 2004 para US$ 211 bilhões no ano passado - um aumento de 539,4%. O crescimento médio anual no período foi de 38%.
Apesar dos números, a diretora do estudo alerta que ainda faltam "centenas de bilhões de dólares" para aperfeiçoar as tecnologias nos países em desenvolvimento e expandir o uso das energias renováveis no mundo. De acordo com o relatório, as energias renováveis oferecem uma oportunidade real para reduzir a pobreza energética nos países em desenvolvimento.

Notícia retirada do G1.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Capacidade de energias renováveis da UE pode crescer 80% até 2020

Uma nova análise da Agência Europeia do Meio Ambiente (EEA), desenvolvida pelo Centro de Pesquisa de Energia dos Países Baixos (ECN) e publicada nesta segunda-feira (28), revelou que a capacidade de energias renováveis da União Europeia poderá aumentar em 80% até 2020.
De acordo com o documento, esse crescimento deve ser impulsionado pelas metas de energias renováveis do bloco, que até 2020 se comprometeu a gerar 20% de sua produção energética a partir de fontes renováveis. Atualmente, 11,7% da energia usada na Europa vêm de fontes renováveis, e a taxa de aumento da utilização destas fontes também é de 11,7%.
Segundo o estudo, 43% de toda essa produção de energia renovável será destinada para sistemas de calefação. O transporte só utilizará 12% desta produção, mas é o setor onde haverá mais aumento da utilização de renováveis entre 2005 e 2020.
"Essa análise é particularmente oportuna, vindo quando os representantes governamentais se reúnem para discutir as mudanças climáticas em Durban. Isso ilustra a escala do comprometimento da Europa em transformar seu setor energético", explicou Jacqueline McGlade, diretora-executiva da EEA.
Entre os diferentes tipos de energias renováveis, a capacidade instalada de energia de biomassa e de eólica onshore deve dobrar nos próximos dez anos, enquanto a capacidade solar fotovoltaica deve triplicar nesse mesmo período, e a capacidade de energia geotérmica e de solar térmica deve quadruplicar.
Já outras fontes renováveis devem ter um crescimento maior na próxima década. A energia de ondas e marés, por exemplo, deve ter sua capacidade instalada aumentada em 11 vezes, assim como a energia solar concentrada.
Mas o primeiro lugar deve ficar com a eólica offshore, que pode ter sua capacidade aumentada em 17 vezes para mais de 44,2 GW, embora outro relatório, da Associação Europeia de Energia Eólica (EWEA), aponte que esse crescimento da capacidade deve ser de dez vezes.
Ainda assim, a pesquisa da EWEA oferece dados bastante positivos sobre a energia eólica offshore. A análise diz que o investimento anual em turbinas offshore pode atingir  10,4 bilhões até 2020 e  17 bilhões até 2030, criando 169 mil empregos, atingindo 150 GW até 2030 e podendo suprir até 13,9% da demanda total de eletricidade da UE.
O setor de energia eólica offshore pode repetir o sucesso do desenvolvimento da tecnologia eólica onshore, que é a agora a principal fonte de energia competitiva para com as novas usinas de carvão e gás, e uma grande indústria europeia, declarou Arthouros Zervos, presidente da EWEA.
No entanto, o documento da EEA ressalta que mesmo todo esse aumento na capacidade instalada só servirá para atingir a meta de 20% de energias renováveis para 2020. Para uma participação maior das renováveis, um crescimento maior teria que ser implementado. 
Com um esforço conjunto podemos e devemos ir ainda mais longe para introduzir as fontes de energia renovável. Queimar combustíveis fósseis ameaça a estabilidade de nosso clima, e nossas análises mais recentes têm mostrado que a poluição das usinas de energia de carvão e de gás está custando à Europa bilhões de euros por ano em custos de saúde , comentou McGlade.
Já o estudo da EWEA lembra que todo esse desenvolvimento depende da vontade política das autoridades europeias. Para garantir que isso aconteça, as autoridades da UE precisam estabelecer metas de energias renováveis ambiciosas para além de 2020, investir mais em pesquisa e desenvolver uma rede offshore”, finalizou Zervos.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.
Ano de 2011 é o 10º mais quente; degelo no Ártico é recorde

O aumento na temperatura tornou 2011 o décimo ano mais quente desde 1850, quando os cientista passaram a mediar o clima mundial, segundo a WMO (World Meteorological Organization).
O relatório da agência de meteorologia ligada à ONU, que fornece um panorama no planeta, indica também que a extensão do gelo ártico é o segundo menor.
Os dados, divulgados nesta terça-feira durante a COP-17 (17ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), mostram que a temperatura sofreu uma pequena redução pela ação do La Niña, fenômeno que costuma provocar o resfriamento das águas do oceano Pacífico, mas ainda assim 2011 foi considerado quente para os padrões.
"Nossa ciência é sólida e prova inequivocadamente que o mundo está se aquecendo, e esse aquecimento é em razão da atividade humana", comentou o secretário-geral da WMO, Michel Jarraud.
Jarraud acrescentou que as emissões de gases-estufa estão em seus níveis mais altos, fazendo com que haja um aumento de 2 a 2,4 graus Celsius na temperatura global.
Segundo estimam cientistas, esse cenário pode levar a mudança profundas e irreversíveis do planeta Terra, da sua biosfera e de seus oceanos.
A WMO também alertou para o degelo que ocorre no Ártico. Em 9 de setembro deste ano, a área do gelo chegou ao patamar de 4,33 milhões de quilômetros quadrados.
O número é 35% inferior à média registrada entre 1979-2000 e um pouco mais do que o recorde mais baixo já registrado em 2007.

Notícia retirada do Estadão.

Entenda o que é a conferência do clima na África do Sul

A COP-17 (17ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), que começou nesta segunda-feira na cidade sul-africana de Durban, enfrenta grandes desafios para manter viva a luta contra a mudança climática.

Veja as principais questões para entender a conferência:

1. Que é o COP-17?
É a 17ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas. Realizada em Durban de 28 de novembro a 9 de dezembro, é o fórum multilateral mais amplo (com 195 países) para discutir e adotar medidas contra o aquecimento global.

2. Quais foram os resultados da COP-16 (cúpula anterior), realizada em 2010 em Cancún, no México?
A cúpula de Cancún devolveu a esperança de se obter um acordo internacional para a luta contra a mudança climática depois do fracasso da edição de Copenhague (COP-15).

Apesar de não ter apresentado solução à questão mais complexa --a renovação de um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto--, a reunião mexicana conseguiu despertar a vontade dos países emergentes de se comprometer com a redução das emissões, uma das principais exigências das economias ocidentais.

Além disso, foi criado o Fundo Verde para o Clima, que disponibilizará aos países em desenvolvimento US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 voltados para energias mais "limpas" e ao combate das alterações climáticas.

Cancún designou um Comitê Transitório para traçar os mecanismos do fundo, que canalizará as contribuições dos países ricos aos em desenvolvimento, cujo objetivo é criar um novo marco econômico em que todos concorram em igualdade de condições.

3. Quais são os grandes debates em Durban?
A renovação do Protocolo de Kyoto

O Protocolo de Kyoto, assinado em 1997 e que entrou em vigor em 2005, estabeleceu compromissos legalmente vinculativos de redução de emissões de gases do efeito estufa para 37 países desenvolvidos e a União Europeia. O acordo não foi ratificado pelos Estados Unidos e não obriga que China, Índia e Brasil o cumpram por serem economias emergentes.

O protocolo expira em 2012 e os negociadores estudam um segundo período de compromisso que sirva de transição para um novo acordo internacional juridicamente vinculativo.

Os países em desenvolvimento consideram imprescindível que as economias ocidentais ratifiquem esse segundo período de compromisso do Protocolo, enquanto Rússia, Japão e Canadá anunciaram que não renovarão o tratado enquanto seus concorrentes comerciais, China, Índia e Estados Unidos não assumirem compromissos similares.

A capitalização do Fundo Verde para o Clima
O Comitê de Transição, estabelecido por mandato da cúpula de Cancún e formado por especialistas de diferentes âmbitos, trabalhou durante este ano no desenvolvimento dos mecanismos do Fundo Verde.

As desavenças sobre as fontes de financiamento, a forma de acesso aos fundos, a participação da iniciativa privada e as ações que poderiam se beneficiar desses recursos acabaram impedindo um acordo a mais de um mês antes da reunião de Durban, com a recusa dos EUA e da Arábia Saudita em assinar o texto.

Os negociadores devem resolver suas diferenças para conseguir liberar as contribuições econômicas necessárias e estimular as economias em desenvolvimento a adotar compromissos.

A redução de emissões para limitar o aquecimento global a 2 graus centígrados

Os cientistas situam o limite máximo de aquecimento global em 2 graus centígrados sobre a temperatura anterior à era industrial como ponto ideal para que não haja consequências climáticas fatais. Para chegar a esse objetivo, os países devem analisar como reduzir ainda mais a emissão de gases causadores do aquecimento global.

4. E após Durban?
Os países voltarão a se reunir no Catar (COP-18) ao final de 2012. No entanto, caso não se acerte em Durban um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, ele expirará em 2012, invalidando o único acordo de vínculo legal para a redução de emissões de gases de efeito estufa.


Notícia retirada do Estadão.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Energia solar a R$300/MWh é viável ou inviável?

Alexandre Spatuzza
Editor Revista Sustentabilidade
Em meio ao forte debate sobre Belo Monte e sua implicações para as políticas de energia nacionais, a Cemig anunciou a construção de uma usina solar fotovoltaica de 3MW que vai custar entre 20 a 30 milhões de reais para construir, com a possibilidade de gerar a energia, abaixo de R$300 por MWh.

Estes números são de extrema importância, pois insere de vez um viés mercadológico em um projeto piloto, tido pela maior parte da sociedade brasileira como experimental. Não estamos falando de R$ 500/Mwh, nem de R$100/MWh e nem de R$77/MWh, o custo da energia de Belo Monte. Estamos falando de um preço abaixo de R$300/MWh, cerca de US$180/MWh.

Para alguns, este é um preço alto que comprova a inviabilidade da energia solar como fonte importante, pois o nosso sistema energético é calcado nos menores preços e maiores estabilidade de fornecimento. Para outros, o preço indica a viabilidade da solar.

Na verdade, é importante conhecer o projeto como um todo e como ele se insere nas tendências do setor. Se de um lado, os avanços tecnológicos e ganhos de escala no mundo têm reduzido os custos dos equipamentos solares em até 40% ao ano, do outro a Cemig, a sua parceira espanhola, Solaria, e as universidades mineiras vão também investir em pesquisa para melhorar a eficiência, os custos e inserção da energia solar na rede brasileira.

Minas Gerais não está sozinha. No nordeste, a MPX, do Eike Batista, já tem uma usina de !MW que gerará conhecimento. No sul, a Eletrosul está investindo pesado em solar. No norte, a Eletrobrás lançou um centro de pesquisas solar. E em todo país, universidades pesquisam esta tecnologia que pode não só se beneficiar de anos de experiência em locais isolados da rede elétrica no Brasil, mas também de esforço para melhorar a qualidade do silício, material que o Brasil exporta.

Portanto, se estamos falando em R$300/MWh em 2012. Em 2013, este preço pode ser significativamente menor, talvez abaixo de R$180/Mwh. Em 2014, quem sabe, próximo de R$130/MWh. A este nível, é possível competir com fontes térmicas e, como mostra o setor eólico, o preço continuará caindo à medida que os contratos são conquistados, escala e um financiamento adequado do BNDES, e poderá se aproximar da hídrica em cinco anos, com uma composição importante da tecnologia nacional.

Estou sendo otimista? Um pouco, mas basta olhar as tendências do mercado internacional, para ver que é uma expectativa realista se as peças se encaixarem

É importante no entanto, colocar em perspectiva a questão solar. Para arriscar um trocadilho infame, nem tanto ao 'sol' e nem tanto à terra. A inserção da energia solar na nossa matriz, 70% hídrica e não poluente, vai ser paulatina. Diferentemente dos países da Europa, que têm urgência na redução de emissões, o Brasil tem um pouco menos urgência, como discutimos no nosso especial de energia, o que pode atrapalhar. (http://issuu.com/cleantechbr/docs/energi_eficiencia_e_renovaveis ).

Por enquanto, como necessitamos de muita energia barata na nossa fase de crescimento – para não afugentar investimentos e garantir acesso da população mais carente – a solar por enquanto vai ser complementar. Mas temos que discutir com detalhes não só a sua produção fotovoltaica em grande escala, mas também a microgeração distribuída e, é claro, a geração solar por concentração, na qual o Brasil tem um alto potencial (citados por uns em 16GW de capacidade instalada potencial). Diz-se que a solar de concentração já sai a R$180/MWh.

Mas para chegarmos lá precisamos de duas coisas básicas: conhecimento e planejamento. E saber, principalmente, que os R$300/MWh de hoje poderão ser R$130/MWh amanhã, enquanto os R$100/MWh da energia hidrelétrica de hoje poderão ser R$180/MWh amanhã por causa das restrições ambientais.