segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Energia solar a R$300/MWh é viável ou inviável?

Alexandre Spatuzza
Editor Revista Sustentabilidade
Em meio ao forte debate sobre Belo Monte e sua implicações para as políticas de energia nacionais, a Cemig anunciou a construção de uma usina solar fotovoltaica de 3MW que vai custar entre 20 a 30 milhões de reais para construir, com a possibilidade de gerar a energia, abaixo de R$300 por MWh.

Estes números são de extrema importância, pois insere de vez um viés mercadológico em um projeto piloto, tido pela maior parte da sociedade brasileira como experimental. Não estamos falando de R$ 500/Mwh, nem de R$100/MWh e nem de R$77/MWh, o custo da energia de Belo Monte. Estamos falando de um preço abaixo de R$300/MWh, cerca de US$180/MWh.

Para alguns, este é um preço alto que comprova a inviabilidade da energia solar como fonte importante, pois o nosso sistema energético é calcado nos menores preços e maiores estabilidade de fornecimento. Para outros, o preço indica a viabilidade da solar.

Na verdade, é importante conhecer o projeto como um todo e como ele se insere nas tendências do setor. Se de um lado, os avanços tecnológicos e ganhos de escala no mundo têm reduzido os custos dos equipamentos solares em até 40% ao ano, do outro a Cemig, a sua parceira espanhola, Solaria, e as universidades mineiras vão também investir em pesquisa para melhorar a eficiência, os custos e inserção da energia solar na rede brasileira.

Minas Gerais não está sozinha. No nordeste, a MPX, do Eike Batista, já tem uma usina de !MW que gerará conhecimento. No sul, a Eletrosul está investindo pesado em solar. No norte, a Eletrobrás lançou um centro de pesquisas solar. E em todo país, universidades pesquisam esta tecnologia que pode não só se beneficiar de anos de experiência em locais isolados da rede elétrica no Brasil, mas também de esforço para melhorar a qualidade do silício, material que o Brasil exporta.

Portanto, se estamos falando em R$300/MWh em 2012. Em 2013, este preço pode ser significativamente menor, talvez abaixo de R$180/Mwh. Em 2014, quem sabe, próximo de R$130/MWh. A este nível, é possível competir com fontes térmicas e, como mostra o setor eólico, o preço continuará caindo à medida que os contratos são conquistados, escala e um financiamento adequado do BNDES, e poderá se aproximar da hídrica em cinco anos, com uma composição importante da tecnologia nacional.

Estou sendo otimista? Um pouco, mas basta olhar as tendências do mercado internacional, para ver que é uma expectativa realista se as peças se encaixarem

É importante no entanto, colocar em perspectiva a questão solar. Para arriscar um trocadilho infame, nem tanto ao 'sol' e nem tanto à terra. A inserção da energia solar na nossa matriz, 70% hídrica e não poluente, vai ser paulatina. Diferentemente dos países da Europa, que têm urgência na redução de emissões, o Brasil tem um pouco menos urgência, como discutimos no nosso especial de energia, o que pode atrapalhar. (http://issuu.com/cleantechbr/docs/energi_eficiencia_e_renovaveis ).

Por enquanto, como necessitamos de muita energia barata na nossa fase de crescimento – para não afugentar investimentos e garantir acesso da população mais carente – a solar por enquanto vai ser complementar. Mas temos que discutir com detalhes não só a sua produção fotovoltaica em grande escala, mas também a microgeração distribuída e, é claro, a geração solar por concentração, na qual o Brasil tem um alto potencial (citados por uns em 16GW de capacidade instalada potencial). Diz-se que a solar de concentração já sai a R$180/MWh.

Mas para chegarmos lá precisamos de duas coisas básicas: conhecimento e planejamento. E saber, principalmente, que os R$300/MWh de hoje poderão ser R$130/MWh amanhã, enquanto os R$100/MWh da energia hidrelétrica de hoje poderão ser R$180/MWh amanhã por causa das restrições ambientais.

Escândalo Chevron: mentiras, multas irrisórias, politização e pré-sal

André Barrocal e Najla Passos, 
da Carta Maior
“É política do grupo preservar a segurança, a saúde das pessoas e o meio ambiente, bem como conduzir operações confiáveis e eficientes.” O grupo em questão, acredite, é o norte-americano Chevron, protagonista de um dos maiores desastres ambientais da história brasileira. Graças a operações nada confiáveis e eficientes com petróleo no Rio, a empresa é hoje alvo da Polícia Federal (PF) e da cobrança de indenização e de multas milionárias.

Recheado – segundo autoridades – de omissão de informações e inverdades, e com cheiro de atentado à soberania nacional diante de uma possível tentativa de explorar petróleo pré-sal alheio, o caso Chevron é revelador. Permite ver com nitidez como a legislação brasileira pode ser generosa com empresas privadas. E como a luta política entre governo e oposição às vezes ajuda a perder a noção de que algo verdadeiramente escandaloso está acontecendo.

No dia 8 de novembro, teve início um vazamento de petróleo de poço explorado pela multinacional a 1,2 mil metros de profundidade na Bacia de Campos, no litoral do Rio. No dia 12, a Chevron apresentou à Agência Nacional do Petróleo (ANP) um plano para “matar” o poço e acabar com o vazamento, aprovado no dia seguinte e implementado a partir do dia 16 – pelo menos, era isso que a Chevron dizia à ANP.

O plano, porém, dependia de um equipamento que só chegou dos Estados Unidos nesta segunda-feira (21), e isso a Chevron não contara antes.

Imagens submarinas que a empresa fornecera às autoridades para mostrar o fechamento do poço estariam incompletas e teriam sido editadas para iludir as mesmas autoridades. “Houve falsidade de informações”, disse o chefe da ANP, Haroldo Lima. “Isso é inaceitável”, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Os dois mais o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foram chamados pela presidenta Dilma Rousseff para uma reunião nesta segunda em que ela queria passar a história a limpo. Até então, Dilma tinha apenas divulgado uma nota, dia 11, na qual dizia que o governo estava acompanhando o caso e que haveria uma apuração rigorosa das responsabilidades.

Na reunião, Dilma ficou incomodada com a enrolação da Chevron e mandou a equipe levantar todos os contratos que a empresa tem com o governo, para verificar se é o caso de preservá-los.

Depois da conversa, a ANP informou que vai fazer pelo menos duas autuações contra a petroleira – uma pelas omissões, outra pela falta de equipamentos. Mais cedo, no Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) também anunciara a aplicação de uma multa.

Pela lei atual, cada uma das multas pode chegar no máximo a R$ 50 milhões, uma ninharia para a Chevron mesmo que se some a autuação anunciada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), também no valor de R$ 50 milhões.

No ano passado, a multinacional faturou US$ 200 bilhões.No primeiro semestre de 2011, lucrou US$ 14 bilhões. Como comparação: em fevereiro, a mesma empresa foi condenada no Equador a pagar US$ 8 bilhões por um crime ambiental.

Talvez fosse mais adequado que a legislação atrelasse as multas ao faturamento das empresas, como o ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, está defendendo em projeto de lei que pune corruptores com mais rigor. Para Hage, se a multa não pesar de fato no caixa das empresas, o comportamento ético delas não vai mudar. Um raciocínio que também pode servir para o comportamento ambiental.

“Para o tamanho do empreendimento [da Chevron] e do dano ambiental [que ela causou], o valor máximo da multa brasileira me parece muito pequeno”, disse o presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

Nesta segunda (21), Rollemberg propôs – e aprovou – a realização de audiência pública no Senado no próximo dia 29 para escarafunchar o caso Chevron, com a presença de dirigentes da empresa e de autoridades.

Os adversários do governo Dilma – Rollemberg é aliado – também querem explorar o assunto politicamente. No domingo (20), um deputado oposicionista, Arnaldo Jardim (PPS-SP), informara que iria propor na Câmara a convocação da ANP e da Chevron para dar explicações. Nesta segunda (21), o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), divulgou nota em que diz que a sociedade “não consegue conceber” por que “somente agora” a presidenta tomou uma atitude.

Já as mentiras da Chevron denunciadas pelo governo não mereceram dos tucanos a mesma reação que tiveram com as confusas explicações dadas pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, sobre as relações dele com um empresário. Para o PSDB, Lupi teria cometido crime de responsabilidade por ter mentido.

O PSDB também não está a defender, por exemplo, uma CPI da Chevron, como fez contra a a Petrobras em 2009, para saber se a multinacional norte-americana tentou sugar petróleo pré-sal que não lhe pertencia. Essa é uma suspeita tanto da Polícia Federal, que abriu inquérito para apurar todo o caso e vai tomar os primeiros depoimentos de executivos da empresa nesta quarta-feira (23), quanto da ANP.

Para o delegado da PF que cuida do caso, Fabio Scliar, é estranho que a Chevron tenha sondas capazes de buscar petróleo a 7km de profundidade, sendo que o poço em que houve o acidente era “raso”, de 1,2km – as camadas de pré-sal situam-se entre 5km e 7km.

“Vamos examinar a prazo curto o projeto dela de chegar ao pré-sal brasileiro legalmente”, disse Haroldo Lima, em referência a uma reunião da ANP marcada para quarta (23) que analisará uma proposta da Chevron de atuar em campos do pré-sal.

Coincidência ou não, o governo do Rio também resolveu se mexer nessa segunda (21). O secretário de Meio Ambiente, Carlos Minc, ex-ministro da área, informou que o estado vai entrar com uma ação civil pública cobrando R$ 100 milhões de indenização da Chevron. E que vai obrigar a empresa a se submeter a uma auditoria internacional para conferir se a empresa estava preparada para acidente. A auditoria deve custar R$ 5 milhões, e a própria auditada deverá pagar.

Notícia retirada do Mercado Ético.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A armadilha submarina do Pré-sal

André Trigueiro
O precedente aberto pelo vazamento da Chevron é gravíssimo num país onde já existem 136 plataformas de produção, 60 sondas de perfuração e 8.964 poços em funcionamento. Segundo o Ibama, ocorrem em média de 20 a 30 pequenos vazamentos de óleo por ano.

O Brasil não está preparado para abrigar a mais voluptuosa exploração de petróleo em águas profundas do mundo. Esta talvez seja a maior lição do vazamento de óleo nas proximidades de um poço aberto pela Chevron na Bacia de Campos, o qual revelou uma série de irregularidades e omissões em diferentes níveis governamentais e privados.

Não é possível que os engenheiros e funcionários da Chevron ouvidos na plataforma da companhia pelo delegado da Polícia Federal responsável pelo caso, Dr. Fábio Scliar, digam que “não receberam treinamento para lidar com vazamentos” nem saibam apontar com exatidão para onde está sendo levado o óleo supostamente recolhido pela Chevron conforme nota divulgada pela empresa.

Não é admissível que o vazamento tenha sido percebido primeiro pela Petrobras, que ainda emprestou equipamentos capazes de observar a 1.200 metros de profundidade o que estava acontecendo exatamente nas fissuras geológicas que começaram a “sangrar” óleo nas imediações do poço aberto pela TransOcean a pedido da Chevron. A mesma TransOcean que está sendo processada nos Estados Unidos por envolvimento no maior desastre ambiental daquele país, o mega-vazamento de óleo da BP no Golfo do México, há pouco mais de um ano. O próprio presidente da Chevron, George Buck, admitiu que “subestimou-se a pressão do reservatório”.

A investigação deverá revelar os termos do licenciamento dado a Chevron para operar o campo, mas não será surpresa se os argumentos técnicos em favor da exploração forem ligeiramente parecidos com outros relatórios alusivos a áreas completamente diferentes por conta do velho truque do “copia e cola”, tão amplamente disseminado nas rotinas dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA).

Numa curiosa coincidência, o vazamento ocorreu poucas semanas depois de o governo anunciar medidas que, na prática, agilizam (ou flexibilizam) o processo de licenciamento ambiental. No caso da exploração de petróleo e gás, as licenças passariam a ser feitas por blocos de área de exploração e não mais poço a poço.

Pergunta importante: esse novo modelo de licenciamento permitiria a descoberta de fissuras geológicas sensíveis a abertura de poços como aconteceu agora com a Chevron?

Outra questão importante: por que o governo ainda não anunciou o Plano Nacional de Contingência, que já foi aprovado por lei há 11 anos? O Plano deve estabelecer responsabilidades e atribuições para cada diferente setor governamental ou privado quando houver vazamentos. É evidente que o assunto desagrada a quem, a partir do Plano, deixa de ter desculpas para não ter sido devidamente prudente ou suficientemente ágil em caso de acidentes.

Para piorar a situação, o valor máximo da multa por crime ambiental no Brasil é de apenas 50 milhões de reais. Segundo o delegado da PF, Fábio Scliar, bastam 53 minutos de produção para que uma petrolífera consiga arrecadar esses 50 milhões de reais. Em resumo: essa multa não intimida nenhuma empresa do setor.

A situação é particularmente grave num país onde já existem 136 plataformas de produção, 60 sondas de perfuração e 8.964 poços em funcionamento. Segundo o Ibama, ocorrem em média de 20 a 30 pequenos vazamentos de óleo por ano. Trata-se de uma atividade de altíssimo risco, razão pela qual o professor da COPPE/UFRJ, Segen Stefen, advertiu em uma entrevista recente que os “vazamentos vão acontecer, eles acontecem na indústria do petróleo, razão pela qual precisamos ter as ferramentas adequadas para lidar com eles”.

Pois bem, as ferramentas não estão disponíveis e as perspectivas de aumento de produção por conta das reservas estimadas de óleo na camada pré-sal são gigantescas. Segundo o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, o Brasil produz hoje 2,2 milhões de barris de petróleo por dia. Em 2020 essa produção deve chegar a 6 milhões de barris/dia. Segundo Adriano Pires, a exploração de petróleo na camada pré-sal, a mais de 5 Km de profundidade, aumenta consideravelmente a complexidade das operações. Isso vale tanto para a retirada do óleo como para a execução dos planos de contenção ou remediação de vazamentos.

Para que ninguém se arrependa depois, é preciso agir agora com a devida coragem, realinhando os procedimentos que envolvem licenciamento, monitoramento, fiscalização, multa e novas medidas de segurança. Não basta ser mega-produtor de petróleo. É preciso fazer isso com responsabilidade e ética.

Noticia retirada do Mundo Sustentável.

O futuro, os carros inteligentes e a ecomobilidade

Começou a ser testada este mês, na Alemanha, uma nova geração de carros inteligentes. Para começar, todos são movidos a energia elétrica, o que reduz as emissões de gases de efeito estufa, a poluição atmosférica e os ruídos. Mas isso não é novidade. O que os torna especiais é a tecnologia embarcada, que permite uma comunicação automática entre os veículos e deles com a central de trânsito da cidade.

O sistema possibilita, por exemplo, que os automóveis regulem a velocidade para pegar todos os sinais abertos. O computador de bordo indica o melhor trajeto e avisa que ruas estão mais engarrafadas, além de mostrar o local mais próximo para reabastecer. Mas a melhor notícia é que os acidentes causados por falha humana devem cair.

No limite, não será preciso nem do motorista. Basta entrar no carro, informar o destino usando um comando de voz e esperar. O projeto é chamado de Safe and Inteligent Mobility ou, simplesmente, SIM. Como o nome diz, uma solução limpa, silenciosa e segura. O problema é que continuamos tendo milhares de carros nas ruas.

Um congresso realizado no mês passado na Coréia do Sul discutiu soluções bem diferentes para o futuro das nossas engarrafadas cidades. Conhecido como ecomobilidade, o movimento defende o uso cada vez maior de transportes coletivos, bicicletas e, sobretudo, dos próprios pés. Eles acreditam que é preciso encontrar meios de integrar essas alternativas e que o transporte individual deveria ser usado apenas em casos excepcionais.

Fatos: Somos sete bilhões de pessoas no mundo e seremos dez ou quinze no fim do século. Mais de 80% vivem nos grandes centros urbanos. O transporte responde por 30% das emissões de CO2, além de provocar poluição atmosférica e sonora. A equação mais gente, mais carros, mais poluição, precisa acabar. Solução: qualquer uma, desde que seja urgente.

Notícia retirada do Jornal O Globo.

Investimentos em energias renováveis devem dobrar

O valor anual da capacidade instalada de energias renováveis dobrará para US$ 395 bilhões em 2020, crescendo para US$ 460 bilhões em 2030 em comparação com US$ 195 bilhões em 2010, estima a Bloomberg New Energy Finance (BNEF) no Panorama Global dos Mercados de Energia Renovável. 

Como resultado, em vinte anos 15,7% da energia total gerada no mundo virá de fontes renováveis (incluindo grandes usinas hidroelétricas). No ano passado a fatia era de 12,6%. 

Geograficamente, a Europa continuará um dos maiores mercados em termos de dinheiro gasto com projetos nos próximos três anos, mas com uma fatia descendente de investimentos devido aos problemas econômicos atuais. A partir de 2015, isto deve mudar face ao compromisso do bloco com as metas de energia renovável para 2020. 

Não é surpresa que a BNEF coloque a China no topo dos investimentos em 2014, com gastos estimados em mais de US$ 50 bilhões. Estados Unidos e Canadá, conjuntamente, devem alcançar os US$ 50 bilhões em investimentos em 2020. 

O panorama demonstra que a América Latina, assim como outras economias em rápido crescimento, como a Índia, terá as mais altas taxas de expansão do setor renovável, com projeções entre 10-18% ao ano na próxima década. 

Com relação às tecnologias, reduções de custos incentivarão a aplicação da energia solar, sendo a segunda que mais deve crescer (a primeiro sendo a energia eólica offshore) dos atuais 51 GW para 1.137 GW em 2030, exigindo capital anual em média de US$ 130 bilhões até 2030. 

O setor eólico continuará a crescer atraindo US$ 140 bilhões em 2020 e US$ 206 bilhões anuais em 2030 (2010: $82 bilhões), especialmente pela expansão dos parques eólicos offshore tanto na Europa quanto em mercados emergentes como a América Latina, Austrália e África. 

A BNEF aponta que o setor de biocombustíveis será renovado com a comercialização de tecnologias de segunda geração. Os investimentos devem aumentar de US$ 14 bilhões em 2010 para US$ 80 bilhões em 2020. 

- Os grandes ganhadores nos próximos vinte anos serão os centros de energias renováveis emergentes na América Latina, Ásia, Oriente Médio e África – em 2020 os mercados fora da União Européia, Estados Unidos, Canadá e China equivalerão a 50% dos investimentos globais anuais - enfatizou o diretor de pesquisas em mercados de commodities da BNEF Guy Turner.

Notícia retirada do Jornal O Globo.

Etanol desembarca na Antártica

No último dia 8 de novembro foi anunciada a chegada à Estação Comandante Ferraz, na Antártica, do carregamento de 40 mil litros etanol que será usado num inédito projeto de geração de energia no continente. A ação, que conta com R$2,5 milhões em investimentos, é uma parceria científico-tecnológica da Petrobras Biocombustível, Vale Soluções em Energia (VSE) e Marinha do Brasil.

A partir deste mês, a Estação Antártica Comandante Ferraz vai substituir o diesel mineral por etanol hidratado na produção de eletricidade. A Petrobras fornecerá os 350 mil litros de álcool e validará seu uso em baixíssimas temperaturas. Se correr como o esperado, o Brasil será o primeiro país a gerar energia com biocombustível na Antártica. O gerador a etanol é produzido pela VSE, sociedade entre a Vale Mineradora e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que elaborou a tecnologia para que motores pesados possam gerar energia limpa, usando etanol sem aditivo.

De acordo com o diretor de etanol da Petrobras Biocombustível, Ricardo Castello Branco, é uma ótima oportunidade para a empresa e para o País demonstrarem sua capacidade tecnológica na área dos biocombustíveis. "A utilização do etanol para a produção de energia nas rigorosas condições climáticas da Antártica abre um novo campo para esse combustível renovável", destaca. Recentemente, a Petrobras realizou outro projeto similar, só que em Juiz de Fora, cuja usina termelétrica passou de operar com gás para funcionar também com etanol.

A Petrobras é parceira da Marinha há quase três décadas e desde a criação do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), em 1982, a empresa fornece combustíveis, atua na revitalização da estação e vem desenvolvendo um acordo de cooperação com foco na utilização de uma matriz energética mais limpa naquele continente. O Proantar tem entre suas prioridades garantir a qualidade ambiental das operações do Brasil na Antártica.

Controle por internet e tanque antivazamento - Por sua parte, a VSE produziu o gerador, que pesa 2,2 toneladas e tem capacidade de 250 quilowatts, volume suficiente para abastecer toda a estação de pesquisa. O sistema inclui um sofisticado equipamento de controle e comando via satélite e por internet. Após a montagem do equipamento, terá início um programa científico de avaliação para assegurar que todos os requisitos de segurança operacional estejam adequados às rigorosas condições impostas pelo clima antártico.

Os funcionários da Marinha receberam um treinamento no Centro de Desenvolvimento de Produtos da VSE, em São José dos Campos, e serão orientados na prática na Estação Antártica Comandante Ferraz para operar e executar a manutenção do motogerador. Por se tratar de uma manutenção simples, apenas uma pessoa é suficiente para fazê-la na Estação.

O contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), ressalta que o regime de operação prevê o funcionamento durante o período de um ano que coincidirá com a OPERANTAR XXX, - Brazilian Antarctic Program Planning (de novembro de 2011 a novembro de 2012). Ele lembra que outras estações no continente gelado já funcionam com energia limpa, mas que a Estação Comandante Ferraz será a primeira ter o etanol como gerador de energia.

Ferreira dá detalhes do projeto: "A VSE desenvolveu um projeto de tanque para estocagem e transporte de etanol adequado às condições de transporte no H-44 Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel, da Marinha do Brasil, e às condições e restrições de desembarque na Estação". Segundo o contra-almirante, são quatro tanques de 10.000 litros cada, especialmente desenvolvidos para a parceria. São construídos com aço carbono e têm o interior revestido com tinta apropriada para o etanol.

"São providos de um casco cilíndrico, encapsulado em uma bacia de contenção, que não permite vazamentos para o exterior. Sua estrutura permite que seja transportado por içamento ou arraste, pois sua base é provida de esqui", detalha. Estes tanques já levaram os primeiros quarenta mil litros de etanol no convés do navio antártico Ary Rongel no início do mês.

Sobre o risco de que o combustível se congele, Ferreira lembra que o ponto de congelamento do etanol é bastante baixo. "A VSE assegura que não haverá esse problema, uma vez que já testou o motor em câmara fria, mas isto é uma das coisas que desejamos constatar", explica. Por sua vez, a VSE informa que a temperatura de congelamento do etanol é de aproximadamente -124°C e na Antártica e a temperatura ambiente média é de -36°C, o que eliminaria o risco. A empresa desenvolveu também um sistema de aquecimento para o funcionamento adequado do motor nessas condições.

Para o presidente da VSE, James Pessoa, "é um privilégio ter desenvolvido uma tecnologia totalmente brasileira que permite viabilizar a utilização do mesmo etanol que abastece nossos carros sem quaisquer aditivos para a geração de energia limpa na Antártica. A Vale e o BNDES constituíram a VSE para que o Brasil possa desenvolver tecnologias próprias em geração de energia e sistemas de potência", destaca. A VSE também construiu geradores para a Amazonas Energia, da Eletrobras, para produzir energia elétrica na Amazônia de forma mais limpa e reduzir a utilização de diesel na região.

Impacto internacional - "É algo inovativo, vai ser a primeira vez que será feito na Antártica. E é mais uma maneira de reduzir o impacto ambiental no continente", opina o glaciologista Jefferson Simões, professor da UFRGS e líder da Expedição Criosfera, que vai levar pela primeira vez um módulo de pesquisa atmosférica brasileiro ao interior do continente. Simões acredita que a ação terá um impacto positivo entre as comunidades internacionais, como o Comitê de Proteção Ambiental do Tratado da Antártica (Committee for Environmental Protection, CEP).

"Uma ação dessas está dentro da linha que se está recomendando (aos países que estão na Antártica) e mostra a iniciativa do Brasil", completa. Porém, o cientista acredita que o impacto será menor em organizações como o SCAR (Scientific Committee on Antartical Ressearch), "que não está tão interessado diretamente na questão da preservação ambiental da Antártica".

O projeto é beneficiado pela Lei da Inovação, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que promove e incentiva o desenvolvimento de produtos e processos inovadores voltados para atividades de pesquisa.

Em 2012, se comemorarão 30 anos do Proantar e da presença brasileira na Antártica e a intenção é de que o etanol abasteça a cerimônia que será realizada. A Estação Antártica Comandante Ferraz, operada pela Marinha do Brasil, foi instalada na Baía do Almirantado, localizada na Ilha Rei George, no verão de 1984. A partir de 1986, passou a ser ocupada anualmente e guarnecida por militares da Marinha do Brasil e pesquisadores, podendo acomodar 30 pesquisadores, além do pessoal de apoio e manutenção. A estação possui laboratórios destinados às ciências biológicas, atmosféricas e químicas.

Notícia retirada do Jornal da Ciência.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O gás da Petrobrás e a política

Artigo de José Goldemberg* 
no jornal O Estado de São Paulo 
de Segunda-feira (21)
Combustíveis fósseis - carvão mineral, petróleo e gás natural - são responsáveis por mais de 80% da energia que é consumida no mundo. O seu uso permite que parcela importante da humanidade tenha um nível de vida sem precedentes na História: mais de 2 bilhões de pessoas, um terço de toda a população da Terra, que vive na Europa, na América do Norte, no Japão e nas grandes cidades dos chamados países em desenvolvimento.

Infelizmente, o uso em larga escala, e muitas vezes predatória, desses combustíveis deu origem a problemas que teremos de resolver nas próximas décadas, alguns dos quais parecem insolúveis: em muitos países, as reservas estão se esgotando, tornando o acesso a eles cada vez mais difícil e dando origem a conflitos regionais, até guerras. Além disso, no seu conjunto, esses combustíveis são a principal causa dos problemas ambientais que afligem a população, que vão desde a má qualidade do ar nas grandes cidades até o aquecimento global do planeta.

Dentre todos os combustíveis fósseis, o gás natural é o mais atraente, porque não contém impurezas, como o petróleo e o carvão, pode ser transportado facilmente e usado com melhor eficiência do que os outros. Não é por outra razão que boa parte da eletricidade gerada na Europa provém do gás importado da Rússia.

Ainda assim, as reservas de gás no mundo não são inesgotáveis e devem ser usadas com sabedoria. Sobretudo quando existem alternativas para o seu uso. Em muitos países, como o Brasil, só para dar um exemplo, a eletricidade pode ser produzida por usinas hidrelétricas. Nesses casos, o gás deve ser reservado para fins mais nobres na indústria e para uso residencial.

Há exemplos de sucesso dessa estratégia, sobretudo no Estado de São Paulo, onde a rede de distribuição de gás aumentou muito nos últimos 25 anos para atender aos consumidores e ao setor produtivo. Alguns setores industriais que substituíram óleo combustível por gás natural, como o de cerâmica, se beneficiaram com a utilização de tecnologias melhores, que valorizaram os seus produtos e, acima de tudo, são mais limpas do ponto de vista ambiental, dessa forma, por conseguinte, beneficiando toda a população nas localidades onde estão instaladas.

A Petrobrás, no passado, nunca teve muita simpatia pelo uso de gás, que era obtido juntamente com o petróleo dos poços que perfurava e durante anos era queimado nas plataformas de exploração flared. O governo paulista teve de lutar muito na década de 1980 para que fosse construído o gasoduto Rio-São Paulo, que permitiu à Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) ampliar a sua rede de distribuição. A situação só melhorou com a construção do gasoduto Brasil-Bolívia.

Mas agora a Petrobrás parece ter acordado para a importância do gás na matriz energética nacional. E passou ela mesma a utilizar parte do gás que produz para a geração de eletricidade em usinas termoelétricas. Além disso, o setor privado tem demonstrado grande interesse por essa opção, uma vez que gerar eletricidade usando gás é eficiente e as usinas podem ser construídas rapidamente.

A forma como a Empresa de Planejamento Energético (EPE) promove os seus leilões para aumentar a geração de eletricidade levou, contudo, a uma confusão nesse setor. Nos leilões previstos para dezembro, todas as opções de geração são misturadas (usinas hidrelétricas novas e ampliação das antigas, pequenas centrais hidrelétricas, energia eólica e de bagaço de cana-de-açúcar). O governo não pode ficar impassível diante de "modismos" nesse setor: usinas usando gás não podem ser construídas em qualquer lugar, mas dentro de um plano de distribuição de energia que otimize o sistema.

Não é o que está acontecendo. Foram propostos no leilão 34 projetos (22 dos quais no Norte e no Nordeste) usando gás que gerariam 13 milhões de quilowatts (correspondentes a uma usina de Itaipu), 2 milhões de quilowatts com hidrelétricas e apenas 700 mil quilowatts com bagaço de cana. Estas últimas são energias renováveis e não poluentes, que é a direção que devemos seguir. Caso contrário nos tornaremos prisioneiros de um combustível como o gás, que é melhor do que o carvão e o óleo combustível, mas, ainda assim, fóssil - ou seja, não vai durar para sempre. O que se poderia também perguntar é se a instalação de 22 usinas a gás no Norte/Nordeste, onde o consumo de eletricidade é baixo, é de fato a solução mais racional.

A "corrida" para instalar usinas a gás já está criando problemas para a própria Petrobrás, que não consegue garantir esse combustível para todas as propostas, localizadas em 11 Estados, que exigiriam 64 milhões de metros cúbicos por dia, se fossem todas instaladas. No mercado atual só estão disponíveis 43 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

Existe, portanto, um evidente descompasso entre a quantidade de gás que a Petrobrás pode oferecer e a demanda que resulta do processo inadequado de leilões da Empresa de Planejamento Energético - o que evidencia a total falta de entrosamento entre dois setores críticos da área energética do governo federal.

O leilão previsto para dezembro está encontrando também outras dificuldades, pelo fato de que as hidrelétricas propostas ainda não receberam licença ambiental e, portanto, dele não poderão participar.

Diante desses problemas, seria oportuna a convocação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão de assessoramento da Presidência da República, no qual têm assento um representante dos Estados e especialistas independentes em energia. O CNPE teve no passado importante papel na definição dos rumos da política energética do País, sendo um foro privilegiado em que pressões corporativistas podem ser mais bem equacionadas.

*José Goldemberg, físico, é professor emérito da Universidade de São Paulo (USP).

Artigo retirado do Jornal da Ciência.

Vazamento de óleo na Bacia de Campos reacende debate sobre impacto ambiental relacionado à exploração de petróleo

O vazamento de óleo na Bacia de Campos, na costa do Rio de Janeiro, voltou a colocar em foco o risco ambiental sofrido pelos estados produtores de petróleo. Durante a discussão, ao longo do ano, em torno da redistribuição dos royalties e da participação especial decorrentes da extração de petróleo, este foi um dos argumentos apresentados no Senado pelos parlamentares que representam o Rio e o Espírito Santo. Eles defenderam a manutenção dos percentuais pagos a esses estados em razão da exploração de petróleo nos casos dos contratos do pós-sal, que estão em vigor, e dos contratos já licitados para a extração de óleo do pré-sal.

Já em junho, em Plenário, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) lembrava o artigo 20, da Constituição federal, que reconhece os impactos da extração de petróleo para o meio ambiente. Na semana passada, o senador Magno Malta (PR-ES), também em Plenário, disse que os estados não produtores, que exigem maior participação nos royalties, deviam agora se cotizar para arcar com os prejuízos ambientais.

- O petróleo é de todos, agora o vazamento também tem que ser – ironizou.

O debate sobre os royalties foi acelerado no Senado em razão da votação do veto presidencial à Emenda Ibsen, marcada para outubro. Como resultado, foi aprovado o substitutivo do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para o projeto (PLS 448/11), do senador Wellington Dias (PT-PI). O texto alterou os critérios atuais, afetando também a receita de royalties paga aos estados produtores pelo óleo extraído do pós-sal.

O objetivo, segundo os representantes dos estados não produtores, foi o de tornar igualitária a distribuição dos recursos. Como critérios, o projeto usa o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Na votação, ocorrida no dia 19 de outubro, Vital do Rêgo apresentou projeções de ganhos para cada estado da Federação e garantiu que não haveria perdas significativas para os estados produtores. Ele foi contestado pelos senadores Francisco Dornelles (PP), Lindbergh Farias (PT) e Marcelo Crivella (PRB), do Rio de Janeiro, e Ricardo Ferraço, Magno Malta e Ana Rita (PT), do Espírito Santo.

Além do chamado passivo ambiental, os representantes dos produtores apontam a sobrecarga na infraestrutura desses estados. Diante da polêmica, a presidente da República, Dilma Rousseff, já anunciou o adiamento, para 2012, da definição dos critérios para os royalties. A razão seria a divergência nos números do substitutivo relativos à arrecadação de royalties, que não corresponderiam às projeções da Petrobras.

Notícia retirada do Portal EcoDebate.

Brasil pode se tornar maior produtor de petróleo entre países não integrantes da Opep

O Brasil será, em dez anos, o maior produtor de petróleo do mundo entre as nações que não integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), comentou hoje, 22 de novembro o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, durante o balanço da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli (foto), durante o segundo balanço do 
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), no Palácio do Itamaraty
/ Foto: Antonio Cruz/ABr
"O pré-sal já atinge 2% da média anual da produção de petróleo brasileira. É a produção que mais vai crescer entre 2011 e 2015”, destacou. “Fora a Opep, teremos a maior produção de petróleo do mundo. O Brasil será o país que dará a maior contribuição de petróleo nos próximos dez anos”, afirmou Gabrielli, ao destacar as previsões de contratação de materiais, equipamentos e serviços, pela estatal petrolífera brasileira.

Segundo ele, isso beneficiará, direta e indiretamente, mais de 250 mil empresas no país. “Dentro do PAC, estamos com papel importante. Porém, a atividade vai além, e beneficia a indústria brasileira em diversas frentes.” Gabrielli destacou também a geração de empregos em decorrência dessa expansão prevista para ocorrer no país até 2020.

“Serão mais de 1 milhão de empregos gerados, o que vai requerer treinamento de mão de obra. O país é um canteiro de obras com mercado de trabalho cada vez mais aquecido. Quase 290 mil pessoas serão preparadas até 2014. Já treinamos mais de 70 mil para 180 diferentes ocupações”, ressaltou o presidente da estatal.

Ele acrescentou que há a previsão de investimentos em pesquisas sobre diferentes temas, por meio de convênios com diversas universidades, visando ao avanço tecnológico do setor.

A Petrobras pretende contratar 28 navios-sonda e plataformas semissubmersíveis, construídos no Brasil, com pelo menos 55% de conteúdo nacional. Além disso, está prevista a renovação da frota, com 146 embarcações de médio e grande portes, a serem recebidas entre 2012 e 2018. Destas, 40 já foram contratadas.O presidente da estatal apresentou ainda uma lista com a demanda de materiais e equipamentos que devem ser adquiridos entre 2011 e 2020. Entre os 22 itens apresentados há grande quantidade de compressores, guinchos, guindastes, motores a combustão, turbinas, bombas, geradores, filtros, reatores, revestimentos e tubos, entre outros.

Notícia retirada do Portal EcoD.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Grandes empresas anunciam adesão à energia eólica

O Deutsche Bank e a Bloomberg se comprometeram na sexta-feira, 18 de novembro, a obter 25% de sua energia através dos ventos. Essas grandes empresas passarão a exibir um selo para destacar a adesão à matriz eólica, denominado WindMade (feito de vento), cujo primeiro anúncio sobre a sua criação foi feita durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2010.

"Acreditamos em dar o exemplo. Aumentamos o uso de energia limpa de 7% para 65% nos últimos quatro anos", afirmou à France Presse Sabine Miltner, do Deutsche Bank. "O [selo] WindMade é um passo importante rumo à transparência dos mercados e estamos contentes por nos unirmos a esta nova associação", acrescentou o executivo.

As empresas podem usar o selo se pelo menos um quarto de sua energia for eólica. A certificação também estabelecerá a proporção de energia eólica na empresa, especificando se sua participação é global, regional ou em um único estabelecimento.

Selo ,à esquerda, já é adotado por cerca de 15 companhias de todo o mundo. 

"O governo fez a sua parte e agora depende da comunidade empresarial demonstrar liderança e compromisso com o desenvolvimento de energia limpa. O selo WindMade nos dá um mapa para alcançarmos isto", destacou Curtis Ravenel, da Bloomberg.

As companhias Method, Better Place, Widex, Droga5, G24 Innovation, Engraw, RenewAire, TTTech, Vestas Wind Systems e PwC DK também fazem parte da iniciativa.
Notícia retirada do Portal EcoD.

Vazamento de petróleo na Bacia de Campos: Sujaram o mar e mataram a informação

Qual o real tamanho do problema no caso do vazamento no campo de Frade? A mancha de óleo pode chegar ao litoral? Como é essa fissura de 300 metros, por onde vaza o óleo? Mil ou 3.700 barris por dia? O vazamento diminuiu ou aumentou?

Como se nota, nesta história do vazamento do campo de Frade há mais desinformação do que informação. Foram constantes as divergências entre os dados divulgados pela Chevron, ANP, IBAMA e agências de notícias governamentais, desde o primeiro comunicado no dia 9 de novembro. A empresa chegou a divulgar nota informando que o vazamento estava reduzido a um “gotejamento ocasiona”l. A história estava sendo tão mal contada que Polícia Federal acusou a empresa de mentir e abriu inquérito para apurar danos e responsabilidades.

As dúvidas e desconfianças a cada comunicado divulgado cresceram e começam a tomar forma de indignação, e preocupam, porque revela um comportamento furtivo e de poucas palavras da empresa, próprio de quem está sob pressão e se prepara para uma guerra judicial.

Preocupa, ainda mais as projeções divulgadas pela Ong Sky Thrut, especializada em análise de imagens de satélite, de 15 mil barris já vazados, com uma vazão diária de 3.770 barris; a revelação de que a fissura provocada pela perfuração é na verdade uma fenda gigante de 300 metros ou mais; e a conseqüente dificuldade em vedar uma abertura destas dimensões no subsolo oceânico, a 1200 metros de profundidade.

E aí, é inevitável que nos assombre o fantasma de Macondo, o terrível vazamento no Golfo do México protagonizado pela BP em 2010, trazendo séria reflexão sobre os riscos da exploração intensiva em águas profundas. E nos faz lembrar do péssimo histórico da Chevron em Angola e na Amazônia Equatoriana.

Pensando positivamente, podemos afirmar que mesmo que este vazamento cesse agora, e não produza maiores impactos ambientais, já contribuiu para a implementação de parâmetros mais rigorosos para a concessão de licenças ambientais para novas atividades do gênero em especial no pré-sal. Pelo menos é o que se espera. Abrolhos agradeceria muito, já que está autorizada a exploração a 50 km daquele santuário ecológico.

Por não ter previsto a possibilidade de vazamentos oriundos de exsudação (migração do óleo de um lugar para o outro no subsolo oceânico) através de fissuras provocadas pelo processo de perfuração, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Campo de Frade deveria ser revisto e aperfeiçoado, ficando sob suspensão a licença de operação concedida. O Ibama deveria, ainda, depois de aperfeiçoar seus parâmetros revisar todos os empreendimentos exploratórios licenciados nas bacias de Campos, Santos e Espírito Santo.

Ah! E dar uma melhorada na comunicação, ponto fraco de todos os envolvidos neste lamentável episódio. Sujaram o mar e mataram a informação!

Artigo retirado do Portal Pré-Sal Info.

Economia Verde precisa de 2% do PIB mundial, confirma relatório final da ONU

 
Com políticas públicas inteligentes, os governos podem fazer crescer suas economias, gerar emprego decente e acelerar o progresso social de forma a manter a pegada ecológica da humanidade dentro da capacidade do planeta. A afirmação foi feita pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na quarta-feira, 16 de novembro, em comunicado para marcar o lançamento da versão final do relatório Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza (em inglês).
O documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que é resultado de um esforço global de pesquisa de três anos envolvendo centenas de especialistas, confirma que um investimento de 2% do PIB global em 10 setores-chave da economia é o necessário para iniciar uma mudança da atual economia marrom, poluente e ineficaz, para uma economia verde, de baixo carbono.

Divulgado a duas semanas do início da 17ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP-17), o novo relatório da ONU demonstra que governos e empresas têm tomado medidas para acelerar uma mudança global para um futuro de baixo carbono, com eficiência de recursos e inclusão social.

"O estudo do Pnuma sobre Economia Verde desafia o mito de que economia e meio ambiente não se relacionam" - Ban Ki-moon.

Como resultado, um número crescente de países está investindo em iniciativas para acelerar essa transição. A China, por exemplo, é o país que mais investe em energia renovável (também é a nação mais poluidora do mundo). Outras nações, como Barbados, Camboja, Indonésia, República da Coreia e África do Sul, já têm planos nacionais de Economia Verde que refletem as recomendações do relatório.
Além disso, países como a Armênia, Azerbaijão, Egito, Quênia, Jordânia, Malásia, México, Nepal, Senegal e Ucrânia estão se concentrando no "esverdeamento" de setores prioritários, como da agricultura, energias renováveis, turismo e tecnologias limpas.

Negócios sustentáveis
No âmbito dos negócios, o Pnuma estabeleceu parcerias com 285 dos principais investidores do mundo — representando US$ 20 trilhões de ativos, que pediram aos governos que mobilizem a ação sobre as mudanças climáticas, incluindo investimentos em indústrias emergentes como as energias renováveis ​​e edificações verdes. Apelos semelhantes foram realizados pela Câmara de Comércio Internacional, que representa centenas de milhares de empresas em mais de 130 países.

"A COP-17, que acontecerá na próxima semana, e a Rio+20 [junho de 2012], são grandes oportunidades para acelerar e ampliar a economia verde. Ações de cooperação abrangem desde a iniciativa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) até as compras verdes para mudar os esforços nacionais no campo da sustentabilidade", destacou Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma.

"Ademais, um novo indicador de riqueza vai além do PIB e internaliza os custos da poluição e degradação ao trazer o verdadeiro valor da natureza, com base em cálculos que nos levam a um caminho de sucesso e economicamente sustentável", acrescentou o chefe da agência ambiental da ONU.

Mesmo ao saber que as questões de financiamento e negócios ainda serão abordadas mais profundamente, o relatório mostra que investir o equivalente a 2% do PIB mundial em agricultura, energia, construção, água, florestas, pesca, indústria, resíduos, turismo e transporte não só deslocam a economia global para uma trajetória de crescimento mais sustentável, mas também mantêm ou aumentam o crescimento ao longo do tempo em comparação com o cenário habitual de negócios.

O relatório traz recomendações de políticas em cada um dos 10 setores-chave, bem como sobre o financiamento e as condições de habilitação, além de sugerir que "empregos novos e decentes" serão catalisados ao longo do tempo nesses segmentos específicos. No Brasil, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) ajudou, recentemente, a apoiar a construção de 500 mil novas casas com sistemas de aquecimento solar, resultando em 30 mil novos empregos.

Notícia retirada do Portal EcoD

Maior torre do mundo pode fazer ar quente virar eletricidade

A empresa Americana EnviroMission planeja construir a maior torre do mundo no deserto do Arizona, nos Estados Unidos. Ela terá 800 metros. Será a segunda maior estrutura do mundo, menor apenas do que o prédio Burj Khalifa, com 828 metros, em Dubai.

A torre não abrigará escritórios nem hotéis. Seu objetivo é gerar energia, usando o fluxo de ar quente do deserto. A torre captará o ar quente que se eleva do solo em volta. No interior da estrutura, o ar ganhará velocidade enquanto sobe. No caminho, moverá 32 turbinas de geração elétrica, num total de 200 MW. Segundo a empresa, a energia será suficiente para abastecer 100 mil casas. A torre vai gerar energia mesmo durante a noite, uma vantagem em relação às placas fotovoltaicas, que dependem da luz do Sol.

A obra deve custar cerca de US$ 750 milhões. Mas a empresa estima que os custos de operação serão baixos. E o gerador de energia de ar quente funcionará por pelo menos 80 anos.

Dependendo de como você encara, é uma forma diferente de explorar a energia eólica, dos ventos. Além de gerar energia, a torre também tem o potencial de virar uma atração turística.
Notícia retirada da Revista Época

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A energia que derrota o mercado. Entrevista com Jeremy Rifkin

Jeremy Rifkin“A economia verde é o único setor da nossa economia que ainda funciona, porque é o único que está alinhado para o futuro. Os outros segmentos estão em crise e todas as vezes que têm um momento de recuperação temporária e o motor da produção se coloca novamente em movimento com o velho sistema, os preços do petróleo e das matérias-primas dispararam para as estrelas, fazendo o mecanismo emperrar novamente: a segunda revolução industrial chegou ao fim, porque não soube calcular os limites físicos do planeta”.

Jeremy Rifkin acaba de publicar La terza rivoluzione industriale, o manifesto da sociedade que está se formando em torno dos valores da economia verde.

A reportagem é de Antonio Cianciullo, publicada no jornal La Repubblica, 09-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.


- Comecemos pelos números. Até ontem, muitos consideravam a economia verde útil, mas secundária, um ator de segundo plano na cena econômica mundial. Hoje a situação mudou?
Sim, porque a Terceira Revolução Industrial está provando ser uma mudança epocal do nosso modo de produzir e de pensar. Algumas indústrias irão fechar, mas muitas outras vão abrir, e serão criadas centenas de milhões de postos de trabalho por causa da energia renovável distribuída nas casas, nos escritórios, na zona rural, por causa da realização de um ciclo de armazenamento de energia baseado no hidrogênio, por causa da substituição de velhas frotas de automóveis poluentes por veículos elétricos, por causa da criação de redes inteligentes [smart grid] capazes de fazer alta quantidade de energia viajar assim como as informações na web.

- Uma revolução só para o futuro?
Ao contrário, é um processo que já começou. Dou-lhe só mais alguns exemplos. Nos EUA, a eficiência energética das casas é extremamente baixa: aumentá-la custaria 100 bilhões de dólares por ano, mas permitiria que se economizasse energia em 163 bilhões de dólares por ano. E a mobilidade oferece oportunidades semelhantes. A Zipcar, a empresa mais importante de compartilhamento de carros, em uma década de atividade, abriu milhares de sedes para colocar os carros compartilhados à disposição dos seus clientes: ela cresce 30% ao ano e, em 2009, faturou 130 milhões de dólares.

- No entanto, nem todo o movimento ambientalista apoia a economia verde. Há uma parte que contesta as instalações eólicas, solares e de biomassa em nome da paisagem.
Parece-me uma contradição destinada a ser superada pela evolução da economia verde. Nesse momento de transição, uma proporção significativa de energia renovável é produzida por grandes usinas porque estamos na fase de desenvolvimento inicial da indústria. Eu não me oponho por princípio às grandes instalações e acho que, em alguns lugares, elas podem ser construídas, mas estão destinadas a serem superadas pela lógica da Terceira Revolução Industrial. Uma revolução baseada no desenvolvimento de milhões de mini e microcentrais de produção energética que encontrarão lugar nos telhados e nas fachadas de boa parte dos edifícios.

-Porém, a crise econômica, em muitos países, registrou uma detenção da economia verde.
Pararam as economias que não apontaram para o futuro. Mas para saber aonde o mundo vai, há um modo simples: olhar o que os jovens fazem. Os seus valores são os da internet: o direito de acesso ao conhecimento, a relação paritária, a troca de informações e de música, e em breve a troca de energia. A sua revolução é o ataque ao sistema baseado no autoritarismo, no poder hierárquico, na centralização. Eles querem uma sociedade que tenha como valores a transparência, a descentralização e o livre acesso às redes.

Uma possibilidade real?
Alguns governos que permaneceram presos ao velho modo de pensar, como os regimes ditatoriais da África mediterrânea, já foram eliminados porque o poder lateral construído pela geração da internet derrotou a arrogância das autocracias. O desenvolvimento do movimento dos indignados mostra que uma crítica radical à velha lógica industrial está crescendo rapidamente até nos países industrializados: há a necessidade de um conceito mais avançado e mais amplo de democracia, que inclua os atos da vida cotidiana e uma redistribuição da riqueza.

Entrevista retirada do Portal Eco Debate.

A United Airlines realiza primeiro voo comercial movido a biocombustível avançado

A United Continental Holdings, Inc. anunciou no dia 11 de novembro (sexta-feira), que a sua subsidiária Continental Airlines colocou em operação no início da semana o primeiro voo comercial dos Estados Unidos movido a biocombustível avançado. O voo 1403, um Boeing 737-800, partiu na segunda-feira do Aeroporto Intercontinental George Bush, em Houston, às 10h30 em direção ao Aeroporto Internacional O’Hare, em Chicago, tornando a United a primeira companhia aérea a transportar passageiros utilizando uma mistura de biocombustíveis sustentáveis e avançados; e combustível tradicional derivado do petróleo.

"A United deu um passo significativo no sentido de promover a utilização de combustíveis alternativos, ambientalmente responsáveis e econômicos," disse Pete McDonald, vice-presidente executivo e diretor de operações da United. "Biocombustíveis sustentáveis, produzidos em larga escala a preços que são economicamente viáveis, podem um dia desempenhar um papel importante na realização de todos os voos de uma companhia aérea”.

O voo pioneiro demonstra o compromisso da United com biocombustíveis sustentáveis e em fortalecer a segurança energética, promover a disponibilidade de uma ampla variedade de combustíveis e reduzir as emissões de gases de efeito estufa produzidas ao longo do ciclo de vida dos combustíveis (quando comparados aos combustíveis fósseis tradicionais).

"Hoje, quase quatro meses após o combustível hidro-processado renovável ter sido aprovado para uso na aviação comercial, estamos muito empolgados com a utilização destes combustíveis nos voos domésticos nos E.U.A.”, disse John Heimlich, vice-presidente e economista- chefe da Air Transport Association of América (ATA). "As companhias aéreas que pertencem à ATA continuam liderando a promoção de novas fontes de energia ambientalmente responsáveis para o transporte de pessoas e mercadorias em todo o mundo", complementou.

O Produto
A empresa Solazyme, através da tecnologia de processamento UOP da Honeywell, desenvolveu o óleo de algas que depois foi refinado para se tornar o combustível de jato que abasteceu o voo comercial. A Solazyme produziu o primeiro combustível de jato derivado 100% de algas no mundo para aplicações comerciais e militares.

O biocombustível é conhecido como HEFA (Ésteres e Ácidos Graxos e Hidroprocessados). Os combustíveis HEFA passaram por testes rigorosos e foram analisadas por fabricantes de motores e fuselagem, as Forças Armadas dos EUA, FAA e companhias aéreas. 

O biocombustível oferece segurança e características operacionais idênticas ao combustível de jato convencional, mas é mais limpo. Esses biocombustíveis avançados substituem os combustíveis à base de petróleo e não exigem nenhuma modificação nos motores ou aeronaves, que podem reter os padrões originais de fábrica. Os pilotos operam a aeronave da mesma forma como operam qualquer outra aeronave abastecida com combustível de jato tradicional. Os passageiros não irão sentir, ver ou perceber qualquer diferença na aeronave.

O Solaje é feito a partir de um processo desenvolvido pela Solazyme. Para produzir o biocombustível são utilizadas algas microbianas, que crescem em fermentadores alimentando-se do açúcar de plantas que utilizam a energia solar. A tecnologia da Solazyme é flexível em relação a qual biomassa será utilizada como matéria-prima e ela pode ser adaptada para atender às necessidades de qualquer cliente em qualquer lugar do mundo, permitindo-lhes alcançar paridade de custo, escala comercial e redução do impacto ambiental ao longo do ciclo de vida do combustível.

EUA começa a investigar setor solar chinês

Em mais um capítulo da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o Departamento do Comércio dos EUA acatou o pedido de empresas norte-americanas para investigar se o setor solar chinês está utilizando práticas ilegais.

O Departamento iniciou nesta semana os procedimentos para avaliar se a China está promovendo “dumping”, que é vender um produto por menos que seu valor comercial com o objetivo de acabar com a concorrência. Se for confirmada a acusação, novas taxas sobre células, módulos e painéis fotovoltaicos provenientes da china podem ser criadas pelos EUA.

Os primeiros resultados da investigação devem ser divulgados em janeiro, mas o prazo final para a sua conclusão é junho de 2012.

Esta crise começou há alguns meses, quando fabricantes de células e paineis solares dos Estados Unidos pediram que o governo impusesse taxas de mais de 100% sobre as importações da China, uma vez que as companhias chinesas estariam praticando preços inferiores aos do mercado internacional por terem recebido subsídios ilegais.

A China se defendeu afirmando que as suas políticas de subsídios se ajustam às regras da Organização Mundial do Comércio e foram criadas para lidar com as mudanças climáticas e a segurança energética, esforços nobres que os Estados Unidos deveriam apoiar.

O presidente Barack Obama já se manifestou sobre a questão e ficou do lado dos fabricantes norte-americanos.

“Temos visto muitas práticas competitivas questionáveis por parte da China no que diz respeito às energias limpas e estou sendo mais agressivo do que meus antecessores para garantir o funcionamento das nossas leis comerciais. Já entramos com ações contra os chineses no passado por acusações semelhantes às de agora e estamos estudando com muita atenção se é o caso de entrarmos novamente”, declarou Obama.

Notícia retirada do Instituto Carbono Brasil.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Nigéria constrói primeira casa de garrafa plástica

O vilarejo de Yelwa na Nigéria construiu a primeira casa feita de garrafas plásticas e areia. Além de atração turística, a obra servirá de exemplo para a futura construção de lares para a comunidade nigeriana.

Foram utilizadas 7.800 garrafas plásticas na construção da casa 

O modelo, que já foi usado em edificações na Argentina e na Rússia, faz parte do trabalho da Associação de Desenvolvimento de Energias Renováveis (Dare), em parceria com a organização não governamental Africa Community Trust, que tem sede em Londres. A decisão do projeto, partiu da grave carência habitacional do país, segundo as ONGs.

As paredes de formato arredondado, que segue o modelo já utilizado em construções nigerianas, foram construídas com garrafas PET encontradas no lixo e doadas por restaurantes, hotéis, residências e embaixadas estrangeiras.

A beleza de seu muro externo atraiu a visita de centenas de pessoas, inclusive dirigentes do governo e líderes tradicionais. Segundo a BBC Brasil, os fundos das garrafas expostas produzem um efeito inesperado.

“Queria ver essa construção com meus próprios olhos. Fiquei surpreso ao saber que ela foi feita com garrafas plásticas”, disse em entrevista a BBC, Nuhu Dangote, um comerciante que viajou da capital do estado, Kaduna, para ver a casa. “O rumor que escutei é que parece mágica, que você fica maravilhado quando vê, por isso vim aqui. O mundo todo deveria ver isso” concluiu.

As garrafas, preenchidas com areia, são colocadas lado a lado em fileiras, unidas com lama. Os alicerces são de concreto para garantir a estabilidade, e a areia é peneirada para que seja compactada.

A preocupação de alguns moradores da região está na quantidade de areia usada nas novas casas. "Meu medo é que este método de construção vai levar ao aumento do preço da areia", disse para a BBC, Mumuni Oladele, pedreiro na cidade de Lagos.

As garrafas são colocadas lado a lado em fileiras e unidas com lama 

Benefícios da casa de garrafas
A ideia da “garrafa-tijolo”, que surgiu há cerca de nove anos na Índia e na América Latina, possui baixo custo e é considerada uma alternativa mais ecológica em comparação com os tijolos convencionais.

Para os responsáveis pelo projeto, o maior mérito da obra está nos benefícios ao meio ambiente que impede que grande quantidade de resíduos plásticos seja descartado em lixões ou aterros sanitários. Segundo especialistas, o reaproveitamento das garrafas PET poderá reduzir as três milhões de garrafas plásticas descartadas diariamente pela população nigeriana.

O responsável da Dare, Yahaya Ahmed, calcula que uma casa feita de garrafas plásticas custa cerca de um terço a menos do que custaria uma feita de concreto e tijolos. Elas também são consideradas uma boa alternativa para o clima quente da Nigéria, pois o plástico ajuda na manutenção da temperatura mais baixa em seu interior.

Ahmed conta ainda que a garrafa com areia é quase 20 vezes mais resistente do que os tijolos. Essa resistência torna as casas à prova de terremotos e balas, o que pode ser uma importante solução em zonas menos seguras do norte do país.

Projetos
Um empresário ambientalista grego cedeu um terreno para a construção de 25 casas, que já está em andamento. Cada uma utilizará 7.800 garrafas plásticas e irá possuir quarto, sala, banheiro e cozinha. Todas elas serão postas para alugar. Após a construção, o próximo projeto da Dare será uma escola para as crianças de rua. Para isso serão necessárias 200 mil garrafas.

As ONGs pretendem levar o modelo de construção a outros lugares do país e cada casa construída custará, em média, US$ 12.700.

Notícia retirada do Portal EcoD.

Biomassa: resíduos vegetais podem gerar até 
um terço de toda a energia consumida no país

Os resíduos vegetais deixados no campo pelo agronegócio têm potencial para gerar de 120 milhões a 130 milhões de MW/h de energia ao ano – cerca de um terço de toda a energia consumida no país. Teoricamente, para transformar essa biomassa em energia, bastaria retirar 40% do material deixado nas plantações. “Com isso, não haveria nenhum tipo de dano do ponto de vista de recuperação do solo”, observa Luciano Basto, pesquisador do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). No entanto, o alto custo do transporte dos resíduos torna o negócio pouco atraente.
O aproveitamento do bagaço de cana é praticamente uma exceção. “Como a produção de açúcar e álcool inclui o transporte da cana até a área de processamento, e o resíduo fica lá mesmo, isso facilita o aproveitamento da biomassa. Nas outras culturas, o resíduo é deixado no solo da plantação ou queimado no local”, explica Basto. “Já gerar energia a partir dos restos do milho ou da soja sai bem mais caro.”
Para gerar energia, a biomassa vegetal passa por processo de queima de material orgânico para a geração de calor e de vapor, que movimenta uma turbina geradora. “Toda queima de material gera uma quantidade de CO2, mas nesse caso, esse total é anulado pela fotossíntese do CO2 na fase de crescimento da planta”, informa Basto.
O potencial brasileiro para geração de biomassa atrai empresas e institutos de pesquisas no exterior. A Coppe/UFRJ firmou convênio com a universidade chinesa de Tsinghua e a companhia dinamarquesa Novozymes, maior produtora mundial de enzimas, para testar matérias-primas brasileiras em processo de produção de biocombustíveis de 2ª geração. “Os chineses detêm tecnologia que usa enzimas para reaproveitar a borra gerada por plantas usadas na produção de biodiesel”, diz Ricardo Villela, pesquisador da Coppe/UFRJ.
Segundo ele, se tudo der certo, a tecnologia será licenciada no Brasil pela Coppe/UFRJ, com royalties compartilhados com a universidade chinesa. O uso da borra, diz ele, pode viabilizar novos projetos de biodiesel. “O óleo de palma é mais caro que o biodiesel, e muitas vezes ele não compensa para o agricultor”, explica. “Mas se ele produzir o combustível a partir da borra, ganha um novo produto e se livra de um passivo ambiental.”
Outro projeto da Coppe/UFRJ visa a produção de etanol a partir da hidrólise da celulose no bagaço de cana. “Com isso podemos aumentar em até 50% o aproveitamento energético da cana”, diz Villela. No processo normal, apenas um terço da energia contida na planta é aproveitada. A pesquisa vem sendo realizada em parceria com o Instituto de Química da UFRJ e conta com o financiamento da Jica, agência de cooperação tecnológica do Japão.
Há também grande potencial energético no uso de dejetos de aves, suínos e bovinos. Há décadas, esses resíduos provocam graves problemas ambientais no Oeste do Paraná, onde os rebanhos confinados contam com 1,5 milhão de suínos e 500 mil cabeças de gado leiteiro e se produz 40 milhões de aves. O problema é que a receita gerada pela carne e pelo leite não paga o tratamento desse resíduo.
A solução é usar o material para geração de energia e produção de biofertilizantes. Com o apoio da Itaipu Binacional, grandes, médios e pequenos produtores da região geram quase 7 mil m3 de biogás por dia, atendendo suas próprias necessidades energéticas, reduzindo a emissão de CO2 e a poluição nos rios. Em quatro anos e meio, foram investidos R$ 6,5 milhões no projeto. “A potência instalada é de apenas 700 KVa, mas para esses produtores é como ter uma Itaipu particular”, diz Cícero Bley Jr., superintendente de energias renováveis da companhia geradora. E os pecuaristas e avicultores podem vender o excedente para a Companhia Paranaense de Energia (Copel), segundo Bley Jr. “Uma das granjas, a Colombari, que tem 4,2 mil suínos, vem obtendo receita adicional de quase R$ 30 mil por ano com o excedente de energia.”
Reaproveitar a biomassa ajuda a garantir a autossuficiência energética da Veracel. A fabricante de celulose gera até 15 mil MW/h, suficiente para atender a uma cidade com 50 mil habitantes. E, apesar de operar com cerca de 30% de capacidade ociosa nas plantas de geração, gera a própria energia e vende excedentes a clientes cativos e para o mercado spot. “A maior parte da nossa energia é gerada a partir do ‘licor’, resíduo que mistura elementos orgânicos e inorgânicos formados pelo cozimento do material para fabricação de celulose”, diz Ari Medeiros, diretor de operações da empresa baiana. “A biomassa de eucalipto responde por 7% do total gerado.” Os US$ 25 milhões investidos na planta de biomassa foram amortizados em cinco anos, informa o executivo.

Notícia retirada do Portal EcoDebate.

Comitiva da Alemanha vem ao Brasil para negociar cooperação científica

Com o objetivo de firmar contratos de cooperação científica entre universidades, empresas e institutos de pesquisa da Alemanha e do Brasil, uma comitiva de representantes do governo de Baden-Württemberg desembarca no país na próxima semana para negociar acordos.

Entre os dias 16 e 20 de novembro, representantes das áreas econômica e científica visitam Curitiba (PR) e o Rio de Janeiro (RJ) no intuito de negociar oportunidades de exportação para as empresas alemãs que desenvolvem tecnologias renováveis para o uso sustentável de energia ou são responsáveis pela implantação de projetos de mobilidade urbana.

Segundo Therezia Bauer, ministra da Ciência, Pesquisa e Arte do estado de Baden-Württemberg, um dos principais motivos da vinda da delegação é tentar aumentar as oportunidades de intercâmbio entre cientistas. A ministra diz querer uma abertura maior para que especialistas brasileiros possam estudar nas universidades da região.
“É importante que haja um intercâmbio muito intenso e que os pesquisadores tenham uma experiência internacional. Queremos receber tanto estudantes, quanto pesquisadores, assim como enviar ao Brasil os nossos cientistas”, disse Therezia.

Transferência de tecnologia
Ela afirma ainda que existe interesse em captar conhecimento na área de construção de usinas hidrelétricas, principalmente no desenvolvimento de turbinas geradoras de energia elétrica.

“O Brasil tem uma tecnologia interessante no monitoramento do meio ambiente por meio de satélites”, cita a ministra se referindo às tecnologias utilizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para monitorar o desmatamento e as queimadas nos biomas brasileiros.

Considerado o estado mais industrializado da Alemanha, Baden-Württemberg é berço de grandes empresas de tecnologia como as automotivas Daimler (Mercedes-Benz), Porsche. Com 70 universidades públicas, o estado recebe por semestre cerca de 400 brasileiros para cursos de especialização em diferentes áreas.

Já existem parcerias firmadas entre universidades do Paraná e do Rio Grande do Sul, principalmente nas áreas de pesquisa agrícola. Além disso, são cerca de cem institutos de pesquisas voltados à aplicação de melhorias nas áreas de física, biologia, aeroespacial e saúde.

Notícia retirada do G1.

Uso de resíduos é aposta para geração de energia na Alemanha

Importantes centros de pesquisas da Alemanha perseguem a meta de desenvolver formas de gerar energia elétrica a partir de mecanismos limpos capazes de substituir a potência energética de complexos atômicos, que serão desligados pelo governo alemão até 2022.

A intenção é aumentar a potência instalada de 56,5 GW dos meios renováveis para 163,3 GW até 2050, segundo estimativa feita pelo Ministério do Meio Ambiente do país.

Ainda sem um valor total de investimentos, há planos de implantar novas turbinas eólicas no mar e na terra, expandir o uso de hidrelétricas, elevar a participação da geração de energia solar e iniciar uso da tecnologia geotérmica (nascentes de água quente, como os gêiseres, ou mesmo utilizando o calor do interior da crosta terrestre).

Além disso, cientistas tentam aperfeiçoar tecnologias para geração de energia por biomassa ou biogás que empregam estrume de animais, restos de alimentos ou materiais desperdiçados na atividade madeireira para aquecer e iluminar moradias.
Alternativa
De acordo com Ursula Eicker, da Universidade de Ciências Aplicadas de Stuttgart, em Baden-Württemberg, o emprego da geração de energia de biomassa é um dos que mais vai crescer entre a população, principalmente pelo seu custo mais baixo.

Enquanto se gasta 10 mil euros para instalar placas de captação de luz solar para aquecimento de água e do ambiente interno da residência, uma miniusina de biomassa movida a pellets (pequenos pedaços de madeira) custaria 7 mil euros.

“Além de ser mais barata, a vantagem é que o consumo de energia elétrica por biomassa pode ocorrer todos os dias, diferentemente da solar, que é prejudicada em dias nublados”, disse a especialista.

Os pellets, extraídos de pinheiros plantados para esta finalidade, já são substituídos em áreas agrícolas por estrume de animais, gramíneas ou gordura de abatedouros, que viram combustíveis sólidos na geração de luz elétrica e calefação.

Melhorias
O emprego destes materiais é alvo de estudo no Instituto Estadual de Engenharia Agrícola e Bioenergia da Universidade de Hohenheim.

Segundo Hans Oechsner, coordernador do centro de pesquisa, já existem atualmente 7 mil plantas de biomassa em áreas agrícolas na Alemanha que geram constantemente 2,5 GW de potência, o equivalente a duas usinas nucleares. “Entretanto, essas miniplantas estão descentralizadas. Por isso, estudamos formas de armazenamento dessa energia gerada e de como concentrá-la”, disse Oechsner.

Ele comenta que o uso de plantas gramíneas poderia substituir a falta de estrume em alguns casos. Segundo o Hans, que é doutor em Ciências Agrícolas, em toda a Alemanha existem 20 mil km² de plantações de gramíneas voltadas apenas para a geração de energia.

“Um hectare de grama equivale ao uso de até 6 mil litros de óleo utilizados para aquecer uma casa durante dois anos. É uma redução de 20 toneladas de CO2 por ano”, afirma.

A universidade estuda firmar convênio com instituições brasileiras para levar este tipo de geração de energia a localidades agrícolas que ainda não são abastecidas pela rede pública de distribuição. “Temos interesse na cooperação, principalmente no uso do estrume”, explica.

Notícia retirada do G1.

Movimento Gota D'Água convoca artistas para divulgar petição contra Belo Monte

A luta dos ativistas contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte ganhou não um, mas 19 reforços de peso. Isso porque atores e atrizes participaram de um vídeo promovido pelo Movimento Gota D'Água que questiona a construção da usina. A campanha ainda convoca os brasileiros a assinar uma petição que será entregue à presidente Dilma Rousseff pedindo a interrupção imediata das obras de Belo Monte e o incentivo a políticas alternativas de geração de energia limpas e justas para toda a população brasileira.

Inspirado no projeto Five Friend - Vote, produzido por Leonardo DiCapprio e dirigido por Steven Spiedlberd em outubro de 2008, o vídeo traz argumentos apresentados por diversos setores da sociedade, como ambientalistas, pesquisadores, cientistas, organizações de defesa dos direitos humanos e o Ministério Público Federal.

Ary Fontoura, Bruno Mazzeo, Carol Castro, Ingrid Guimarães, Malvino Salvador, Isis Valverde, Juliana Paes, Cissa Guimarães, Claudia Ohana, Dira Paes, Letícia Sabatella, Maitê Proença, Elisangela Vergueiro, Eriberto leão, Guilhermina Guinle, Marcos Palmeira, Murilo Benício, Nathalia Dill e Sergio Marone lembram que essa será a terceira maior hidrelétrica do mundo, consumindo R$ 30 bilhões - sendo R$24 bi proveniente de verba pública.

Apesar de todo o investimento, a obra só produzirá um terço da sua capacidade, uma vez que aquela região ao norte do país "praticamente seca" durante oito meses do ano. Além disso, ela irá destruir 640 km² da floresta amazônica e desabrigará milhares de índios e ribeirinhos, argumentam.
O vídeo “Gota d’Água+10”, que foi dirigido por Marcos Prado (produtor de "Tropa de elite"), ainda convoca todos os brasileiros a, depois de assinarem a petição, compartilharem o vídeo com mais dez amigos, como uma forma de disseminar a ideia e fazer com que “as gotas se transformem em uma onda”. Lançado na terça-feira, 15 de novembro, o vídeo fez tanto sucesso nas redes sociais que conseguiu mais 20 mil assinaturas em menos de 24 horas.

Movimento Gota D’água
O Movimento Gota d’Água, liderado pelo ator Sérgio Marone e pela jornalista Maria Paula Fernandes, está em sua primeira campanha e quer envolver a sociedade brasileira na discussão sobre o planejamento energético do Brasil pela análise do que acontece em Belo Monte. Segundo Marone, o movimento não é contra Belo Monte, e a intenção é apenas debater o tema dentro da sociedade "uma vez que nunca perguntaram aos cidadãos brasileiros se queremos a construção da usina", diz o ator.

 

“Nosso movimento surgiu da necessidade de transformar indignação em ação. Queremos mostrar que fazer o bem é um bom negócio, e envolver a sociedade brasileira na discussão das causas que afetam nosso país”, disse Marone.

Notícia retirada do Portal Eco Desenvolvimento.