quinta-feira, 26 de abril de 2012

EUA enfrentam risco de "estouro de bolha" da energia renovável

Depois de retornar, em 2011, ao topo do ranking dos países que mais investem em energias renováveis, os Estados Unidos agora correm o risco de ver estourar a bolha do setor, com o fim dos subsídios oferecidos pelo governo federal.

Nota publicada pela revista Nature chama atenção para o fato de que o fim, já esperado, do período de estímulo estatal coincide com “uma brutal ressaca fiscal e um ano de amarga divisão eleitoral” no país.

“O resultado é um colapso no apoio federal às tecnologias de energia limpa no momento em que a indústria luta para enfrentar a queda de preço do gás natural e a dura competição chinesa”, diz a análise publicada no NewsBlog da revista. 

A maior parte do gasto federal em estímulo ao setor expira agora em 2012. De acordo com o relatório Who Is Winning the Clean Energy Race, dos Pew Charitable Trusts, em 2012 expiram as dotações do Tesouro para a energia limpa, bem como as garantias de empréstimos concedidas pelo Departamento de Energia. “Uma incerteza política significativa reduz a confiança do investidor em 2012”, acrescenta o levantamento.

Complementando a constatação do relatório Pew, a análise citada pela Nature, chamadaBeyond Boom and Bust ("Além da Bolha e do Estouro") acrescenta que “o declínio em apoio federal será muito mais amplo e continuará pelos próximos anos, a menos que o Congresso dividido se una para criar um novo caminho”.

Segundo Beyond Boom and Bust, o gasto federal total em energia limpa, no ano passado, foi de pouco mais de US$ 30 bilhões (R$ 55 bilhões) e deve cair quase 50%, a US$ 16 bilhões (R$ 29,5 bilhões), em 2012, caso o Congresso não interfira. A tendência é de reduções seguidas pelos próximos anos.

Elaborada por um consórcio de três instituições – Brookings Institution, Breakthrough Institute e World Resources Institute – a análise oferece uma série de sugestões para que o investimento em geração de energia sustentável supere as dificuldades que surgem neste ano.

Ao mesmo tempo em que reconhece que as políticas em vias de extinção “apagarão a maior parte do regime atual de instalação de energia limpa”, o texto recomenda que uma reforma do sistema de subsídios passe a premiar avanços tecnológicos e reduções de custo, incluindo a adoção de subsídios móveis que poderiam ser reduzidos em resposta a mudanças no preço das tecnologias. A análise diz que é preciso harmonizar o caráter temporário das políticas de incentivo à necessidade de segurança e continuidade das empresas.

“Nossa ideia é consertar os programas (de incentivo) em vez de acabar com eles”, disse à Nature Mark Muro, membro da Brookings Institution.

“A morte do sistema de subsídio atual para tecnologia limpa não precisa ser desastrosa”, afirma a análise. “Muitos dos subsídios existentes hoje são pouco otimizados, caracterizados por um ciclo de bolha e estouro de ajuda e abstinência”, diz, mais adiante.

Em termos de inovação, a análise pede que sejam criados mecanismos para acelerar a chegada de novas tecnologias ao mercado. Isso ecoa uma constatação do relatório Pew, que acusou a dificuldade dos Estados Unidos em converter seus grandes investimentos em pesquisa em capacidade efetivamente instalada. Boom and Bust pede atenção a inicaitivas regionais que surgem “de baixo para cima”.

“Por fim, a liderança americana em energia limpa exigirá uma mão-de-obra altamente educada, e capaz de competir globalmente”, afirma a análise. “A nação precisa investir em educação de ciência, matemática, engenharia e tecnologia, e reformar as leis de imigração para garantir que os EUA continuem a ser o destino favorito dos melhores inovadores e empresários do mundo”.

Notícia retirada do Inovação UNICAMP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário