Depois de retornar, em 2011, ao topo do ranking dos países que mais investem em energias renováveis, os Estados Unidos agora correm o risco de ver estourar a bolha do setor, com o fim dos subsídios oferecidos pelo governo federal.
Nota publicada pela revista Nature chama atenção para o fato de que o fim, já esperado, do período de estímulo estatal coincide com “uma brutal ressaca fiscal e um ano de amarga divisão eleitoral” no país.
“O resultado é um colapso no apoio federal às tecnologias de energia limpa no momento em que a indústria luta para enfrentar a queda de preço do gás natural e a dura competição chinesa”, diz a análise publicada no NewsBlog da revista.
A maior parte do gasto federal em estímulo ao setor expira agora em 2012. De acordo com o relatório Who Is Winning the Clean Energy Race, dos Pew Charitable Trusts, em 2012 expiram as dotações do Tesouro para a energia limpa, bem como as garantias de empréstimos concedidas pelo Departamento de Energia. “Uma incerteza política significativa reduz a confiança do investidor em 2012”, acrescenta o levantamento.
Complementando a constatação do relatório Pew, a análise citada pela Nature, chamadaBeyond Boom and Bust ("Além da Bolha e do Estouro") acrescenta que “o declínio em apoio federal será muito mais amplo e continuará pelos próximos anos, a menos que o Congresso dividido se una para criar um novo caminho”.
Segundo Beyond Boom and Bust, o gasto federal total em energia limpa, no ano passado, foi de pouco mais de US$ 30 bilhões (R$ 55 bilhões) e deve cair quase 50%, a US$ 16 bilhões (R$ 29,5 bilhões), em 2012, caso o Congresso não interfira. A tendência é de reduções seguidas pelos próximos anos.
Elaborada por um consórcio de três instituições – Brookings Institution, Breakthrough Institute e World Resources Institute – a análise oferece uma série de sugestões para que o investimento em geração de energia sustentável supere as dificuldades que surgem neste ano.
Ao mesmo tempo em que reconhece que as políticas em vias de extinção “apagarão a maior parte do regime atual de instalação de energia limpa”, o texto recomenda que uma reforma do sistema de subsídios passe a premiar avanços tecnológicos e reduções de custo, incluindo a adoção de subsídios móveis que poderiam ser reduzidos em resposta a mudanças no preço das tecnologias. A análise diz que é preciso harmonizar o caráter temporário das políticas de incentivo à necessidade de segurança e continuidade das empresas.
“Nossa ideia é consertar os programas (de incentivo) em vez de acabar com eles”, disse à Nature Mark Muro, membro da Brookings Institution.
“A morte do sistema de subsídio atual para tecnologia limpa não precisa ser desastrosa”, afirma a análise. “Muitos dos subsídios existentes hoje são pouco otimizados, caracterizados por um ciclo de bolha e estouro de ajuda e abstinência”, diz, mais adiante.
Em termos de inovação, a análise pede que sejam criados mecanismos para acelerar a chegada de novas tecnologias ao mercado. Isso ecoa uma constatação do relatório Pew, que acusou a dificuldade dos Estados Unidos em converter seus grandes investimentos em pesquisa em capacidade efetivamente instalada. Boom and Bust pede atenção a inicaitivas regionais que surgem “de baixo para cima”.
“Por fim, a liderança americana em energia limpa exigirá uma mão-de-obra altamente educada, e capaz de competir globalmente”, afirma a análise. “A nação precisa investir em educação de ciência, matemática, engenharia e tecnologia, e reformar as leis de imigração para garantir que os EUA continuem a ser o destino favorito dos melhores inovadores e empresários do mundo”.
Notícia retirada do Inovação UNICAMP.
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