Um biscoito de alto valor nutritivo obtido da casca do maracujá, fruta rica em vitamina C e Complexo B, é a novidade na pesquisa do nutricionista Carlos Victor Bessa. O objetivo é mostrar que resíduos de frutas (cascas, sementes e bagaços), que segundo uma estimativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) são desperdiçados 90% das vezes pelos consumidores, podem ser aproveitados na produção de alimentos saudáveis e, o que é melhor, saborosos.
Mestrando em Ciências de Alimentos pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), um cruso desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Bessa desenvolveu um produto de alto valor nutritivo. Orientado pela pesquisadora Jerusa Souza Andrade da Coordenação de Pesquisas em Tecnologia de Alimentos (CPTA) do Inpa e pela professora Lidia Medina de Araújo, da Ufam elaborou um trabalho que segundo ele, tem a finalidade de mostrar que os resíduos de frutas, que têm como único destino o lixo, podem servir para processar alimentos e substituir ingredientes pouco saudáveis por outros mais nutritivos.
![]() |
Albedo de Maracujá utilizado na fabricação de biscoitos. |
A elaboração do biscoito começa com a lavagem do fruto, o descasque, a separação do albedo (parte branca do maracujá) e a criação de uma farinha misturada a outros ingredientes. O albedo desidratado da casca do maracujá é incorporado na farinha de trigo. O açúcar comum é substituído por xilitol (adoçante de baixa caloria e que inibe a incidência de cáries) e a manteiga ou margarina é trocada por óleo vegetal. Assim é feito o biscoito, rico em fibras, menos calórico, mais saudável e com propriedades funcionais.
Se ingeridas com regularidade e quantidade certa, as fibras do albedo podem ajudar a prevenir e tratar diabetes, prisão de ventre, câncer de cólon, colesterol alto e obesidade. Bessa afirma que há uma grande deficiência no consumo de fibras na região Norte, apesar da biodiversidade amazônica. A pesquisa quis mostrar que esses resíduos, antes desperdiçados, agora podem ser utilizados em produtos nutritivos para a população, que normalmente tem sérias dificuldades para obtenção de alimentos.
Outra opção é a utilização dos biscoitos nos sistemas de alimentação coletiva e na alimentação escolar, caso venham a ser produzidos em maior escala e incluídos. Além de práticos, “podem sair de um grupo seleto de consumidores e atingir um maior número”.
Com o título “Bolacha Enriquecida com Fibra de Albedo de Maracujá”, o trabalho foi desenvolvido no período de 2008 a 2010 por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (Posgrag-Mestrado), fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) com uma bolsa no valor de R$ 27 mil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário